domingo, 7 de março de 2021

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Tem ganho espaço mediático a ideia de que devemos procurar a “neutralidade de carbono” como eufemismo para evitar dizer que temos de cortar uma fatia gigante das emissões de gases com efeito de estufa para evitar ultrapassar 1,5ºC até 2100.

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Para evitar um aumento de temperatura média global de 1,5ºC até 2100, é necessário cortar entre 40 e 60% das emissões globais de gases com efeito de estufa até 2030, comparando com os níveis de 2010, o que em geral é indicado como um corte de 50% das emissões à escala global.

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Os conceitos de neutralidade de carbono e/ou “net zero” implicam um aumento da capacidade de absorção dos gases com efeito de estufa, geralmente a cargo de florestas, solos, oceanos e zonas húmidas.

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Apesar da conversa ridícula por parte de grandes emissores, de que a plantação de uma área equivalente à Índia com espécies florestais evitaria a redução drástica das emissões, as limitações são evidentes.

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No fundo, é uma ideia tão simples que simplesmente não funciona, porque a sua simplicidade baseia-se na ignorância das condições básicas e logísticas para a sua exequibilidade.

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Com as petrolíferas a correr a prometer emissões “net zero” para não terem de cortar emissões e poderem manter o seu negócio como sempre, já prometeram plantar mais área do que aquela que há disponível no mundo.

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A neutralidade carbónica e as promessas de emissões “net zero” são truques utilizados por governos e empresas para justificar aprovar aumentos de emissões.

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Sobre as promessas oficiais, os governos utilizam ainda outros truques, nomeadamente mudando a escala temporal.

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Quanto é que têm, então, os países de cortar em emissões e quanto é que Portugal tem de cortar? A resposta é composta, como sempre, pela nossa visão do mundo.

João Camargo, “Público” (sem link)

 

A plataforma [facebook] nunca se preocupou com a democracia ou os direitos humanos, em Myanmar ou qualquer outro lado. 

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Em países livres, o algoritmo do ódio favorece o discurso polarizado, destruindo os consensos de que depende a democracia.

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Em ditaduras, aceita a censura encomendada por Governos que lhe garantam a continuação do negócio. 

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O negócio, e não a liberdade de expressão, exige publicar primeiro e editar depois. 

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O problema não é quem o Facebook cala ou deixa falar, é termos deixado que umas poucas empresas tenham o poder global de calar ou deixar falar líderes políticos. 

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Não há leis ou Estados que possam regular empresas com este poder. O debate tem de ser sobre como impedir o reforço destes colossos. 

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O que precisamos é de reduzir o poder de cada plataforma, para que seja muito menos relevante a quem dão e tiram o megafone.

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Não precisamos que Zuckerberg limite o poder dos ditadores, precisamos que os democratas limitem o poder de Zuckerberg. 

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Não precisamos que o Facebook regule o mundo, precisamos que o mundo regule o Facebook.

Daniel Oliveira, “Expresso” (sem link)

 

Acordar para a vida é perceber que não estamos em risco de uma tragédia económica, a tragédia já chegou a milhares de invisíveis, insonorizados pela falta de representação no espaço público.

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Acordar para a vida é perceber que o desemprego subiu pouco mas o subemprego subiu muito, que estamos mais perto dos níveis da troika quando somamos desempregados, inativos e trabalhadores a tempo parcial involuntário.

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Que os empregos ceifados são os de salários mais baixos e de pessoas menos qualificadas.

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Acordar para a vida é perceber que a crise não é V nem U nem nenhuma letra do alfabeto, é longa e vai aprofundar-se.

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Acordar para a vida é saber que o fim das moratórias condenará milhares.

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Acordar para a vida é perceber que há um nível de dívida privada acima do qual ela se torna pública.

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Acordar para a vida é saber que a pobreza e a desigualdade estão a aumentar, o desemprego e as falências a crescer, a despesa do Estado com transferências sociais a subir e os impostos acabarão por aumentar.

Pedro Santos Guerreiro, “Expresso” (sem link)

 

Ninguém duvida que permanecerão cicatrizes profundas [após a pandemia]. 

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Mas, como em tragédias anteriores, à depressão seguir-se-á a recuperação e uma euforia nos comportamentos que apagarão as más memórias.

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Esqueceremos este ano, mas, a título de exemplo, o teletrabalho tornar-se-á uma realidade irreversível, assim como as reuniões à distância.

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As aprendizagens online passarão a ser um complemento fundamental para as presenciais e o choque tecnológico dará um grande salto.

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O grande desafio dos próximos tempos é, por isso, desenvolver competências.

Pedro Adão e Silva, “Expresso” (sem link) 

 

Sem alianças políticas entre as forças de esquerda e o PS não é possível impedir a direita de governar nos ventos do neoliberalismo, tornando Portugal um país em que o Estado estará ao serviço da concentração da riqueza.

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Um partido com o passado do PCP de luta pela liberdade e pela democracia assumiu posições deploráveis em relação à URSS e ao campo socialista. O socialismo não pode ser um sistema com menos democracia que o capitalismo.

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A ditadura do proletariado da URSS serviu para justificar a repressão sobre a oposição ao regime e inclusive a perseguição brutal aos próprios comunistas.

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Um partido com este passado não pode ficar refém de um modelo que implodiu sem ninguém o defender.

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Noutro plano, o PCP entregou o partido aos fiéis à direção, afastando deliberadamente ou pelo estilo de trabalho quem manifesta dúvidas quanto às orientações, deixando-o mais desligado da sociedade.

Domingos Lopes, “Público” (sem link)


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