(…)
Para evitar um aumento de temperatura média
global de 1,5ºC até 2100, é necessário cortar entre 40 e 60% das emissões
globais de gases com efeito de estufa até 2030, comparando com os níveis de
2010, o que em geral é indicado como um corte de 50% das emissões à escala
global.
(…)
Os conceitos de neutralidade de carbono e/ou “net zero” implicam um aumento da capacidade de absorção dos gases com
efeito de estufa, geralmente a cargo de florestas, solos, oceanos e zonas
húmidas.
(…)
Apesar da conversa ridícula por parte de
grandes emissores, de que a plantação de uma área equivalente à Índia com
espécies florestais evitaria a redução drástica das emissões, as limitações são
evidentes.
(…)
No fundo, é uma ideia tão simples que
simplesmente não funciona, porque a sua simplicidade baseia-se na ignorância
das condições básicas e logísticas para a sua exequibilidade.
(…)
Com as petrolíferas a correr a prometer
emissões “net zero” para não terem de cortar emissões e poderem manter o seu
negócio como sempre, já prometeram plantar mais área do que aquela que há
disponível no mundo.
(…)
A neutralidade carbónica e as promessas de
emissões “net zero” são truques utilizados por governos e empresas para
justificar aprovar aumentos de emissões.
(…)
Sobre as promessas oficiais, os governos
utilizam ainda outros truques, nomeadamente mudando a escala temporal.
(…)
Quanto é que têm, então, os países de cortar em
emissões e quanto é que Portugal tem de cortar? A resposta é composta, como
sempre, pela nossa visão do mundo.
João Camargo, “Público”
(sem link)
A plataforma [facebook] nunca se preocupou com a democracia ou os
direitos humanos, em Myanmar ou qualquer outro lado.
(…)
Em países livres, o algoritmo do ódio favorece o discurso
polarizado, destruindo os consensos de que depende a democracia.
(…)
Em ditaduras, aceita a censura encomendada por Governos que lhe
garantam a continuação do negócio.
(…)
O negócio, e não a liberdade de expressão, exige publicar primeiro
e editar depois.
(…)
O problema não é quem o Facebook cala ou deixa falar, é termos
deixado que umas poucas empresas tenham o poder global de calar ou deixar falar
líderes políticos.
(…)
Não há leis ou Estados que possam regular empresas com este poder.
O debate tem de ser sobre como impedir o reforço destes colossos.
(…)
O que precisamos é de reduzir o poder de cada plataforma, para que
seja muito menos relevante a quem dão e tiram o megafone.
(…)
Não precisamos que Zuckerberg limite o poder dos ditadores,
precisamos que os democratas limitem o poder de Zuckerberg.
(…)
Não precisamos que o Facebook regule o mundo, precisamos que o
mundo regule o Facebook.
Daniel Oliveira, “Expresso” (sem link)
Acordar para a vida é perceber que não estamos em risco de uma
tragédia económica, a tragédia já chegou a milhares de invisíveis,
insonorizados pela falta de representação no espaço público.
(…)
Acordar para a vida é perceber que o desemprego subiu pouco mas o
subemprego subiu muito, que estamos mais perto dos níveis da troika quando
somamos desempregados, inativos e trabalhadores a tempo parcial involuntário.
(…)
Que os empregos ceifados são os de salários mais baixos e de
pessoas menos qualificadas.
(…)
Acordar para a vida é perceber que a crise não é V nem U nem
nenhuma letra do alfabeto, é longa e vai aprofundar-se.
(…)
Acordar para a vida é saber que o fim das moratórias condenará
milhares.
(…)
Acordar para a vida é perceber que há um nível de dívida privada
acima do qual ela se torna pública.
(…)
Acordar para a vida é saber que a pobreza e a desigualdade estão a
aumentar, o desemprego e as falências a crescer, a despesa do Estado com
transferências sociais a subir e os impostos acabarão por aumentar.
Pedro Santos Guerreiro, “Expresso” (sem link)
Ninguém duvida que permanecerão cicatrizes profundas [após a
pandemia].
(…)
Mas, como em tragédias anteriores, à depressão seguir-se-á a
recuperação e uma euforia nos comportamentos que apagarão as más memórias.
(…)
Esqueceremos este ano, mas, a título de exemplo, o teletrabalho
tornar-se-á uma realidade irreversível, assim como as reuniões à distância.
(…)
As aprendizagens online passarão a ser um complemento fundamental
para as presenciais e o choque tecnológico dará um grande salto.
(…)
O grande desafio dos próximos tempos é, por isso, desenvolver
competências.
Pedro Adão e Silva, “Expresso” (sem link)
Sem alianças políticas entre as forças de
esquerda e o PS não é possível impedir a direita de governar nos ventos do
neoliberalismo, tornando Portugal um país em que o Estado estará ao serviço da
concentração da riqueza.
(…)
Um partido com o passado do PCP de
luta pela liberdade e pela democracia assumiu posições deploráveis em relação à
URSS e ao campo socialista. O socialismo não pode ser um sistema com menos democracia
que o capitalismo.
(…)
A ditadura do proletariado da URSS serviu para
justificar a repressão sobre a oposição ao regime e inclusive a perseguição
brutal aos próprios comunistas.
(…)
Um partido com este passado não pode ficar
refém de um modelo que implodiu sem ninguém o defender.
(…)
Noutro plano, o PCP entregou o partido aos
fiéis à direção, afastando deliberadamente ou pelo estilo de trabalho quem
manifesta dúvidas quanto às orientações, deixando-o mais desligado da sociedade.
Domingos Lopes, “Público”
(sem link)
Sem comentários:
Enviar um comentário