Até quando nos vão continuar a matar?
Desde 2004 mais de 500 mulheres foram assassinadas pelos seus companheiros
ou ex-companheiros, em Portugal. Não são apenas números, são vidas destruídas,
são nomes, são famílias, são crianças, são ruas, são lugares. Não é contra uma,
é contra todas nós. O problema não é daquela mulher em concreto, é do que está
mal na nossa sociedade e nas nossas instituições que permitiu que ela fosse
assassinada, que todas elas fossem assassinadas.
A violência contra as mulheres não existe só quando uma mulher é assassinada.
É o assédio no espaço público, o colega de trabalho que te levanta a voz, o
companheiro que acha que deve controlar o que vestes, o ex-namorado que divulga
fotografias íntimas tuas na internet, a discussão que acabou com um estalo. Os
exemplos constituem uma lista infinita. O assassinato de uma mulher é o pico da
violência machista. É o homem usar a sua força para tirar a vida a alguém com
quem, muitas vezes, partilhou amor e afetos. Desprezarmos os sinais de
subordinação é sermos cúmplices da impunidade. Normalizar o apalpão, o assédio
sexual, a palavra alta, a foto íntima partilhada, a pisadura no braço e o
ciúme, é compactuar com uma sociedade em que as mulheres não são donas do seu
próprio corpo e das suas próprias vidas, como se fossem sempre propriedade de
alguém. (via Bloco de Esquerda – Ílhavo)
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