sábado, 3 de abril de 2021

CITAÇÕES

 
A Ministra do Trabalho, por seu turno, parece empenhada em lançar confusão em torno do assunto [alargamento dos apoios sociais], com argumentos e números que não batem certo.

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[A 15 de janeiro] o Governo repescou para os trabalhadores independentes estes apoios de 2020, que tinha chumbado em novembro, e anunciou novos apoios para a cultura.

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Estamos sempre a debater apoios que não tinham previsão específica no orçamento, mas que todos reconhecem que são imprescindíveis e que o Governo sabe que tem margem para pagar.

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O recurso ao Constitucional (…) [não tem] qualquer efeito nos apoios em causa, porque a lei promulgada pelo Presidente está em vigor e os apoios têm de ser pagos.

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Quando a decisão do Constitucional chegar, provavelmente no final de 2022, estes apoios já não existirão há mais de um ano.

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Quando retomou apoios, o Governo considerou o ano de 2019 para as empresas, mas não para os trabalhadores independentes.

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No fundo, a alteração do Parlamento limitou-se a uniformizar o critério, emendando a dualidade e a injustiça que o Governo cometera.

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Talvez não valesse a pena tanto dramalhão e o Governo fizesse melhor em concentrar-se em pagar os apoios.

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Não há por isso nenhuma “alteração estrutural” nas regras de aferição do rendimento relevante, mas apenas uma alteração do ano do rendimento de referência.

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O impacto [orçamental desta correção] será sempre em decrescendo e em junho, quando o apoio deixar de existir, serão já poucos os trabalhadores a receber.

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Mas o que não bate certo é (…) tentar deixar no ar a possibilidade de que a nova regra “poderá dar mais ou poderá dar menos”. 

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Que o Governo ache normal que grande parte destes trabalhadores se tenha visto agora com 219 euros por mês para sobreviver é perturbador.

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Que [o Governo] exiba como prova de sucesso e de generosidade da sua política que o valor médio dos apoios é de 300 euros por mês choca, entre outras coisas, com o limiar de pobreza em Portugal, que é 504 euros…

José Soeiro, “Expresso” diário

 

[A Conferência sobre o Futuro da Europa] é o retrato da liderança europeia: faz pouco, gere mal e o que considera mais importante pode nem ser levado a sério.

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Na semana passada, o Conselho Europeu reuniu-se de emergência.

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Ao fim de uma tarde, a reunião foi encerrada, não valia a pena prolongar a inutilidade, a Comissão quer o que não pode e não pode o que quer. 

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Um ano depois, é precisamente nessas decisões [de Von der Leyen sobre as vacinas e a bazuca] que o seu poder chegou ao “deprimente”. 

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Mas do que não restam dúvidas é de que a Comissão negociou contratos furados e as empresas perceberam que tinham carta branca.

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Vem então a questão do segundo ano da recessão. 

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Se se fizesse o que é necessário, teríamos uma cooperação reforçada na saúde e uma política de financiamento por emissão de dívida que, conjugada com o BCE, libertasse as economias nacionais das condições de austeridade.

Francisco Louçã, “Expresso” Economia (sem link)

 

[O Governo] só mostraria mesquinhez se quisesse reduzir apoios tão escassos a gente tão necessitada.

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O Presidente fechou a porta à contestação constitucional, ao afirmar, com razão, que não há nenhuma violação da lei-travão, dado que a despesa prevista não tem sido esgotada pelo Governo. 

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[O engenho que o Governo usou para canalizar centenas de milhões para o Novo banco] bem podia ser usado para responder a estas 130 mil pessoas que recebem hoje €200 para sobreviver.

Francisco Louçã, “Expresso” Economia (sem link)

 

Há 45 anos o país fazia-se pleno. A democracia, filha da revolução, foi firmada nas linhas da Constituição da República Portuguesa recém aprovada.

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Havia quem rejeitasse o caminho da liberdade, negasse a república ou a democracia, quem odiava a Constituição e tudo o que ela significava pois o que queria era voltar a 24 de abril de 1974.

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O padre Max ia ao volante, ao seu lado Maria de Lurdes. Regressavam de mais uma sessão de alfabetização de camponeses, ensinavam “a ler e a escrever” no país que a ditadura deixou analfabeto.

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Uma bomba covarde explodiu o carro, tirou-lhes a vida. 

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Maria de Lurdes era estudante em Vila Real, filha de emigrantes em França, empenhada na luta estudantil, militante da União de Estudantes pela Democracia Popular (UEDP).

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O padre Max era candidato independente nas listas da UDP por Vila Real nas eleições para a Assembleia da República que se realizariam no 25 de Abril seguinte.

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Ambos se levantavam em nome da recém criada Constituição e isso ofendia a extrema-direita.

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A justiça não encontrou culpados do hediondo assassinato, infiltrados da extrema-direita nas entidades que investigaram o crime asseguraram a destruição de provas e o boicote às investigações.

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Mesmo assim, foi reconhecido em Tribunal que se tratou de um atentado organizado pelo MDLP (Movimento Democrático de Libertação de Portugal [de extrema-direita]).

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Negaram-lhes a justiça, garantimos-lhes a memória e dizemos que são maiores do que a morte.

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No aniversário da Constituição devemos-lhe fidelidade e o combate à intolerância.

Pedro Filipe Soares, “Público” (sem link)

 

Como se sabe, em questões jurídicas e políticas o diabo esconde-se nos detalhes e nas interpretações que, em regra, acabam por ser as dos poderes dominantes.

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[No futuro do trabalho] são secundarizadas as implicações das opções económicas e das políticas públicas, e não se considera devidamente o papel do trabalho na estruturação da proteção social.

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Há dinâmicas em curso, no plano nacional e europeu, que aproveitam a urgência da saída da crise para forçar um novo normal carregado das injustiças e dos mecanismos de exploração do velho normal.

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Sabemos que não há perspetiva de trabalho digno no futuro numa economia distorcida quanto ao padrão de especialização.

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[Na UE é cada vez mais clara] uma estratégia de industrialização dita europeia, mas feita à medida dos interesses dos países do Centro/Norte.

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Há que denunciar as manobras, abertas ou camufladas, contra a industrialização, apostar em setores com maior potencial de crescimento da produtividade e desmascarar os que a invocam falsamente para impor legislação laboral retrógrada.

Carvalho da Silva, JN

 

Um presidente a fazer política, sustentando a política que a Oposição teve que fazer para se substituir à política que o Governo deveria ter realizado.

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Portugal foi dos países europeus que menos apoios sociais disponibilizaram à economia.

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Abrir esta guerra por 400 milhões para situações de pura emergência é absolutamente incompreensível.

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O Governo tem de decidir se quer dialogar nos processos de decisão relativamente a escolhas políticas, ou se prefere prosseguir autisticamente em guerras surdas ou clamadas, parlamentares e constitucionais.

Miguel Guedes, JN


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