(…)
O que
mais tem indiretamente afetado as aprendizagens ao longo das últimas décadas
tem sido o constante desinvestimento que os sucessivos governos têm feito na
Educação, com todas as naturais consequências dessa opção.
(…)
Dois dos
grandes males que são consequência do desinvestimento e que têm repercussões
diretas nas aprendizagens são a permissão legislativa de constituição de turmas
multinível/mistas (mais do que um ano na mesma turma) e numerosas.
(…)
Pelo
facto de a própria lei permitir a constituição deste tipo de turma, deixa os
pais e/ou encarregados de educação largados à sorte, podendo os seus
filhos/educandos terem o azar de lhes verem atribuída uma turma destas.
(…)
Facilmente
se percebe porque é que estas turmas estão associadas ao insucesso escolar,
mais ainda quando elas existem em meios escolares mais desfavorecidos, nos
Agrupamentos em Território Educativo de Intervenção Prioritária (TEIP).
(…)
Acabar
com estas turmas, (…), poderia ser um bom princípio com efetivas vantagens para
os alunos na aquisição das suas aprendizagens.
(…)
Relativamente
às turmas numerosas (…) percebemos que a retórica [de Nuno Crato] na
altura tinha a intenção primordial de reduzir custos na educação, aumentando o
número de alunos por turma, o levaria a contratar menos professores e inclusive
fechar escolas.
(…)
A única
solução será mesmo legislar com mínimos e máximos e atendendo aos contextos socioeconómicos
da envolvência e dos respetivos alunos.
(…)
Foi com
estranheza que assisti na passada sexta-feira (…) à rejeição de três
projetos de lei (PEV, PCP e BE), que visavam estabelecer medidas de redução do
número de alunos por turma, pela maioria dos deputados da Assembleia da
República.
(…)
Sendo que
à direita a justificação foi de preocupação pelos custos envolvidos, pergunto
se por acaso as contas estão feitas?
(…)
Este é o
real problema! Falta de vontade política, falta de coragem para olhar
seriamente a Educação como um investimento e não como um negócio.
(…)
Por
favor, não me venham com o chavão de não há dinheiro para a Educação.
(…)
[O
investimento na educação] na realidade é um investimento necessário para a
qualificação das novas gerações e consequentemente garantir o futuro do país!
Alberto Veronesi, “Público” (sem link)
Max Weber referiu que todo o homem que se entrega à política, aspira ao
poder – seja por considerá-lo um instrumento para atingir um fim, seja por desejar o poder “pelo poder”, para gozar do sentimento de prestígio que ele confere.
(…)
Todavia, aquele que vive “para” a política, não toma como prioridade a recompensa financeira.
(…)
A
apetência voluntária de um político para não se prender aos benefícios que os
cargos lhe conferem, ou não pular de lugar em lugar de acordo com os seus interesses pessoais, em detrimento do pacto de honra que celebra com os seus
eleitores, define quem vive “da” política e quem vive “para” a política.
(…)
[As
pessoas seguem um político] porque acreditam nele, na sua capacidade de realizar e nas suas opções éticas.
(…)
A ética
não devia ser uma espécie de ângulo morto na conduta de alguns políticos, que nos enganam compulsivamente com sorrisos melosos.
Bruno Paixão, “Diário as beiras”
O Tratado
da Carta da Energia (TCE) nasceu no rescaldo da queda do muro de Berlim com o
fito de, ultrapassados os bloqueios da Guerra Fria, integrar os sectores
energéticos da União Soviética e da Europa Oriental nos mercados europeus e
mundiais.
(…)
No
tratado, os Estados-membros outorgam às empresas estrangeiras do sector
energético um direito inaudito: o direito de processarem os Estados em
tribunais arbitrais secretos (ISDS – Investor-State
Dispute Settlement), quando considerem que nova legislação pode prejudicar os
seus lucros presentes ou futuros.
(…)
Aquilo
que o TCE oferece às empresas de energia, em detrimento dos cidadãos,
ultrapassa a capacidade de imaginação do cidadão comum.
(…)
Deste
poder acutilante e açambarcador do TCE resulta ainda o seu “chilling effect”, ou seja, o efeito intimidatório que exerce sobre os
decisores em matéria de nova legislação.
(…)
O grau de
rendição dos Estados ao investidor estrangeiro e a ameaça climática decorrente
da protecção dos combustíveis fósseis são de tal ordem que, nos últimos anos,
se tem formado uma ampla frente de protesto contra este tratado.
(…)
Hoje, que
acordos comprometedores a longo prazo do futuro do planeta estarão a ser
feitos, sem deles termos sequer conhecimento?
(…)
Quanto ao
TCE, o mínimo que os nossos representantes podem fazer é providenciar para que
Portugal o abandone de imediato. Se possível, em coordenação com outros países.
Ana Moreno, “Público” (sem link)
Mil a dois mil milhões de
euros dos contribuintes para os bancos. É a primeira estimativa oficial.
(…)
O fim das moratórias vai
penalizar famílias, empresas e bancos.
(…)
É notável ver como quatro
dos seis maiores bancos tiveram lucros num ano danado como 2020.
(…)
E “toda a gente sabe” que o
impacto da crise ainda lhes [aos bancos] vai bater à porta, com o fim das
moratórias.
(…)
Os 600 milhões deste ano
para o Novo Banco estão “gastos” desde o início do acordo, assim como os 300
milhões que restam no Fundo de Resolução para pagar até 2026.
(…)
Mas, ó Portugal, abre lá os
olhos, já estão pelo menos 1,1 mil milhões destinados aos bancos.
Pedro
Santos Guerreiro, “Expresso” (sem
link)
Cada português gasta, em média, 160 euros por ano na
raspadinha (4,7 milhões de euros por dia). Em Espanha, são 14 euros.
(…)
Grande parte são pobres,
mulheres e mais velhos.
(…)
Quase 80% têm rendimentos
muito baixos. 61% são jogadores frequentes, 23% regulares.
(…)
Não deixa de ser perverso
que este jogo seja promovido por uma instituição que se dedica ao combate à
pobreza.
(…)
Há uma dependência
financeira [da Santa Casa] que desmotiva o combate ao problema.
(…)
A “raspadinha do património”
avançará já em maio, em plena crise social e económica.
(…)
Espero que seja o Governo a
perceber que esta boia [da nova raspadinha] para a cultura é mais uma pedra
amarrada aos tornozelos dos mais pobres.
Daniel
Oliveira, “Expresso” (sem link)
Se atribuímos alguma
relevância ao rigor orçamental, e como não se vislumbram cenários de maiorias
absolutas de um só partido, a governabilidade passa a só ser possível num
quadro de coligações.
(…)
Se o Presidente leva a sério
o entendimento que agora publicita, devia, então, ter forçado uma solução de
Governo maioritária no pós-legislativas.
Pedro
Adão e Silva, “Expresso” (sem link)
É a Administração Central e
a sua paralisia que tem mantido ali [no Parque Natural do Sudoeste Alentejano e
Costa Vicentina] ao mesmo tempo os poderes de uma tutela formal e burocrática e
a ausência indesculpável que permitiu a embrulhada de erros e de danos que está
agora patente naquele precioso troço do Sudoeste do país.
(…)
Perante todas as pressões e
abusos e sem meios, o Parque é hoje em dia um nó de bloqueios em perda para
todos e acima de tudo dos valores ambientais vitais basilares e estratégicos.
Luísa Schmidt, “Expresso” (sem link)
Sem comentários:
Enviar um comentário