(…)
Os juros de referência subirão e os valores dos ativos financeiros
cairão, mesmo que isto tenha ainda pouca fundamentação real.
(…)
A economia do susto é o velho normal, dado que o mercado
financeiro vive de pânicos, como é conhecido, e assim se multiplicam os riscos.
(…)
[O maior problema do pós-confinamento é] a dívida e o que
fazer com ela.
(…)
A subida dos preços é real, se bem que reduzida.
(…)
[As autoridades monetárias] sobrestimaram a inflação prevista e
mantiveram políticas restritivas quando eram necessárias políticas
expansionistas.
(…)
A expansão da liquidez pelos bancos centrais não foi aproveitada e
os seus riscos não foram compensados.
(…)
[Outro problema do regresso à austeridade] é que a dívida se
agigantou.
(…)
No final de 2020, a dívida pública na zona euro era de 98% do PIB,
mas sete países estavam já acima dos 110%.
(…)
A discussão oficial sobre a gestão orçamental é, por isso, da
maior importância.
(…)
Os falcões da dívida estão a voltar a pousar nas chancelarias.
(…)
Os fantasmas que ameaçam a Europa são dívida a mais, investimento
a menos e autoritarismo renascido.
Francisco Louçã, “Expresso” Economia (sem link)
A industrialização da morte foi um êxito da modernidade, quando os
cavalheiros enriqueceram sobre pilhas de escravos.
(…)
A chacina reduziu a população [do Congo] a metade, usando os
métodos que o nazismo depois se limitaria a reproduzir.
(…)
O que aqui havia de novo não era a destruição, a escravatura ou
sequer a desumanização das vítimas, era simplesmente a aceleração da ganância.
(…)
A ditadura portuguesa manteve a legalidade do trabalho forçado até
1962.
Francisco Louçã, “Expresso” Economia (sem link)
[Desde
2019, a legislação laboral] tem sido o grande tabu
do PS na sua relação com a Esquerda. Nunca aceitou tocar nesse legado da
direita.
(…)
Em muitas outras matérias houve recusas sucessivas.
(…)
Sobre as plataformas, o Governo tem rejeitado a obrigação de
impor às multinacionais a celebração de contratos com os motoristas, tendo
criado uma lei que obriga à existência de intermediários (a chamada lei Uber).
(…)
Nas últimas negociações orçamentais, o PS não saiu do mesmo
lugar.
(…)
Entretanto, [o PS] apresentou uma lei tortuosa que propõe
regular o teletrabalho fora do Código de Trabalho, através de legislação
paralela.
(…)
Sobre herança da troika, nada. Sobre a estrutura legal das
modalidades precárias de emprego nada. Sobre a caducidade da contratação
coletiva, nenhuma proposta. Sobre as plataformas, uma formulação que não
esclarece o que se pretende.
José Soeiro, “Expresso” Diário
É uma das principais leis da política: o
principal são as ideias.
(…)
[No congresso das direitas, o MEL] não se discutiram
ideias que respondam aos grandes problemas com que se debate a economia e a
sociedade portuguesas.
(…)
A reunião das direitas mostra bem a carestia que reina nesse espaço
político português, o buraco negro que suga quaisquer pretensões de futuro.
(…)
Durante dois dias desfilaram protagonistas do
presente e do passado, fizeram-se muitas contas ao somatório de sondagens e
reduziu-se a política à aritmética partidária.
(…)
Para o futuro fica apenas o anseio sebastiânico
pelo salvador que possa resgatar a direita do marasmo em que se encontra.
(…)
A falta de visão estratégica, de um projeto
mobilizador, é a mais fatal análise que se pode fazer: vivem do passado e sem
visão de futuro.
(…)
O objetivo era ambicioso, pensar na
“reconfiguração social, política e económica para as próximas décadas”, mas não
andaram sequer lá perto.
(…)
É difícil levantar a cabeça para o horizonte
quando não se sabe onde pôr os pés – é essa a grande dificuldade da direita.
(…)
A pandemia mostrou como o sonho liberal do
Estado mínimo não resiste quando o mar de dificuldades se agiganta – o que
seria de nós se o Serviço Nacional de Saúde tivesse sido entregue aos privados
como era o sonho da direita?
(…)
E quem defendeu que o Estado deve tirar as mãos
da economia está fora de jogo quando o debate é sobre investimento público, a
defesa de setores produtivos e a recuperação de capacidade produtiva.
(…)
O negacionismo que foi doutrina para Trump,
Bolsonaro ou Modi fez centenas de milhares de mortes e colocou países em
completo caos.
(…)
Todos
percebemos como a extrema-direita foi inimiga do povo dos países em que
governava.
(…)
Se na primeira convenção do MEL existiu a
tentativa de separar a direita da extrema-direita, a edição deste ano mostra
como o caldo cultural onde bebem é o mesmo: renderam-se ao extremismo.
Pedro Filipe Soares,
“Público” (sem
link)
Neste encontro [das
direitas] não faltou um candidato a desejado e não deixou de pairar na sala
forte vontade de uma intervenção do mafarrico, que o faça regressar numa manhã
de nevoeiro.
(…)
Na Direita tradicional uma
parte está mais aberta à extrema-direita e outra já a integrou em dinâmicas
partilhadas.
(…)
À Esquerda existe menos
motivação e são menores as predisposições para compromissos entre as suas
diferentes componentes.
(…)
Hoje temos um Governo
bastante desgastado, com vários membros a confirmarem o princípio de Peter e a
confundirem governação com gestão de agendas do dia.
(…)
É mais que evidente a
fidelidade programática da Direita às políticas de austeridade impostas na
crise anterior.
(…)
[É indispensável que Costa]
tome a sério a possibilidade de surgir uma intervenção do príncipe das trevas.
Há uma fragrância a obituário nos derradeiros
momentos do MEL.
(…)
A Direita já nem tem
saudades de si, só tem saudades de outros tempos.
(…)
Se é esta Direita que se
apresenta ao país, é mesmo bom que Rui Rio fuja para uma terra de ninguém.
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