(…)
[Na
convenção do MEL esteve] uma direita deprimida e balcanizada, a mais moderada
sem discurso, a mais radical com propostas económicas e ansiedades culturais
que dizem zero a um país pobre e desigual.
(…)
Como
todos os vanguardistas incompreendidos pelo povo, acham que é o país que não
está preparado para a verdade.
(…)
[Na
convenção do MEL] o debate foi incrivelmente frágil, politicamente primário,
mas afetadamente arrogante.
(…)
É o
estado da arte de uma direita abalada pela sua própria desestruturação, que
quando mais se divide e tribaliza mais encurta.
(…)
A
direita deitou-se no divã, a explicar a si mesma as razões do seu fracasso.
(…)
Esperar
que o futuro venha do passado é sempre o sinal da derrota.
(…)
Tudo
preso por arames a um D. Sebastião que está ligado a um momento trágico que só
naquelas cabeças foi regenerador.
(…)
Não
sei se esta convenção foi um retrato justo da direita ou se foi tomada por um
grupo deslocado do mainstream.
Daniel Oliveira, “Expresso” (sem link)
A
convenção do MEL mostrou que não há vento nem casamento e que a direita não tem
ideia do seu futuro, quanto mais do futuro do país.
(…)
O
problema político do país começa à direita. E o problema da direita é a própria
direita.
(…)
Porque
é preciso pensar, estudar, imaginar, criar, para depois propor.
(…)
A
deficiência de Rui Rio não é de retórica, é de discurso.
(…)
A
economia mudou radicalmente na última década, a UE alterou as suas políticas e
Portugal agrava desigualdades, como país em que 60% dos trabalhadores ganham
menos de €800, os precários ganham quando calha e terão reformas de miséria.
(…)
O PSD
propõe repetições do passado sem ter sequer a humildade de aprender com os
erros da intervenção externa.
(…)
O
problema da direita é a direita. Se não há flores para polinizar, abelhas não
fazem MEL.
Pedro Santos Guerreiro, “Expresso” (sem link)
Durante muito tempo, alimentou-se a ilusão de que
Portugal gozava de imunidade em relação a movimentos populistas de
extrema-direita.
(…)
Depois
de se ter apresentado como um líder que iria recentrar o PSD, [Rui Rio]
capitulou e assumiu que só tem viabilidade como primeiro-ministro com os votos
da extrema-direita.
(…)
[Rui
Rio] oferece toda a espécie de incentivos ao voto numa formação que, de facto,
só tem um deputado. Difícil de compreender.
(…)
É
neste quadro que a conferência do MEL funciona como observatório dos problemas
atuais da direita.
(…)
A
direita, para voltar a ser maioritária, precisa de formular um programa
político alternativo, de futuro e socialmente mobilizador.
(…)
De facto,
o saudosismo e o radicalismo em que parte da direita se quis enredar sabem a
mel. Mas para António Costa.
Pedro Adão e Silva, “Expresso” (sem link)
Quando um jornalista é notícia, geralmente, os motivos não
nos deixam descansados.
(…)
[O jornalista] Roman Protasevich está preso no único país
europeu que tem pena de morte.
(…)
[Na Bielorrússia] ter opinião contrária ao regime ditatorial
do presidente Lukashenko, no poder desde 1994, é uma liberdade demasiado
perigosa.
(…)
A difusão de informação crítica ao Governo é vista como um
ato criminoso.
(…)
Este jornalista estará longe de ser a figura impoluta que
luta pela democracia plena.
(…)
O ato desproporcional levado a cabo pela Bielorrússia, ao
desviar um avião para deter uma pessoa, mostra-nos do que é capaz o extremismo:
um atalho com escadas para o precipício.
(…)
Quando se tenta tapar a boca, os olhos e os ouvidos aos
jornalistas e aos cidadãos, limitando-os a transmitir a posição manipulada,
acaba-se com a liberdade deles, acaba-se com a liberdade de todos.
Bruno Paixão, “Diário as beiras”
Basta olhar os sinais do evento [convenção do MEL] que
chegaram através da imprensa e dos telejornais para darmos conta de uma mistura
decrépita de nostalgia da ditadura salazarista com a ausência de uma visão de
futuro e a falta de projetos credíveis de governo, a par da visível impotência
perante as sondagens que apontam para uma confortável maioria de esquerda.
Rui Bebiano, “Diário as beiras”
Estamos em maio de 2021. A imagem de um agente policial a
salvar uma criança migrante de afogamento em águas de Ceuta contrasta o visionamento de cerca de centenas de
crianças a serem trucidadas na Faixa de Gaza pelos bombardeamentos
das forças militares do Estado de Israel.
(…)
A ajuizar pela Resolução 181 da ONU de 1947 é reconhecido
direito à existência de dois Estados – de Israel e da Palestina. Decorridos
mais de 70 anos esta realidade está ainda por cumprir. Porque?
(…)
Está comprovado que o cerne da conflitualidade assenta na
política de colonatos do Estado de Israel.
(…)
Trata-se, não de ocupação de “terra de ninguém” ou de terra
pertença de Israel, mas de território que nos termos da Resolução mencionada
faz parte de Estado de Palestina.
(…)
A causa próxima deste último conflito, assentou precisamente no controle do acesso à
Mesquita de Al-Agsa, situada na parte palestiniana de Jerusalém – a Palestina
Oriental (mas ocupada por Israel).
(…)
“Holocausto nunca mais”, não pode, porém, ser um slogan meramente nominal ou de ocasião.
(…)
A verdadeira homenagem a tudo quanto o Holocausto representa
exige que a sua metodologia seja perenemente repudiada por todos nós.
(…)
O paradoxo da história reside, porém, na circunstância dessa
metodologia estar a ser seguida pelo Estado de Israel aviltando o povo
palestiniano.
António Bernardo Colaço, “Público”
(sem link)
E o
que une [a direita] é a sua natureza de classe: menos redistribuição do
rendimento e mais abertura de mais esferas da vida social (saúde, educação,
pensões,…) à rendibilidade privada.
(…)
Exasperada
com o afastamento do poder, não chega à direita que o PS se encarregue de
salvaguardar os seus interesses em aspetos tão cruciais como a legislação
laboral
(…)
Acima
de tudo o facto de, sempre que necessário, a direita tirar as luvas e unir-se
em torno da sua matriz fundamental: a salvaguarda e aprofundamento do
privilégio.
Alexandre Abreu, “Expresso” Diário (sem link)
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