domingo, 23 de maio de 2021

MAIS CITAÇÕES (131)

 
Os israelitas têm direito a oprimir os palestinianos porque a sua opressão é, não se sabe bem como, libertadora.

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Há potências coloniais democráticas, não há colonialismo democrático. 

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Usar os direitos humanos para defender o colonialismo é a mais velha forma de paternalismo colonial.

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A direita israelita quis o Hamas porque o Hamas se alimenta da incomunicabilidade e da guerra de que ela precisa.

Daniel Oliveira, “Expresso” Diário (sem link)


Sendo a guerra um crime continuado de onde ninguém sai inocente, os despejos em Sheikh Jarrah e a invasão da mesquita de Al-Aqsa foram só mais uns rastilhos.

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Não há equiparação entre um Estado com um enorme poderio militar e um povo que vive em terras muradas, entre quem constrói colonatos e quem é expulso da sua terra. 

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Agora, estamos perante o caos em guerra e o domínio colonial em paz.

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Há três alternativas a um Estado soberano da Palestina: anexar o que resta do seu território e herdar três milhões de palestinianos; impor um sistema de apartheid explícito; ou continuar aquilo a que o antropólogo israelita Jeff Halper chamou, há duas décadas, “matriz de controlo”.

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Um sistema rodoviário exclusivo liga entre si os colonatos israelitas nos territórios ocupados e cria barreiras entre as áreas palestinianas, separadas como um arquipélago, com controlo feroz de movimentos. 

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Nos interstícios são construídos parques industriais israelitas que fazem florescer os colonatos, usando a mão de obra palestiniana barata (é a sua função). 

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Por fim, há o controlo de todos os recursos naturais, sobretudo da água.

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Isto e uma presença militar que permite o controlo político e económico.

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Cada povoação palestiniana [fica transformada] num enclave dependente de Israel.

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Em tudo, estamos perante a típica dominação colonial.

Daniel Oliveira, “Expresso” (sem link)

 

A polarização já está no meio de nós e, como acontece noutras paragens, compensa, pois alimenta polémica e estimula o clickbait.

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Se levarmos a sério o que é sugerido, viveríamos num país com liberdade ameaçada, criminalidade galopante, universidades dominadas por heterodoxias pós-modernas e interesse comum capturado por uma minoria.

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Nada como um bom combate contra moinhos de vento para alimentar uma ilusão e, assim, fomentar a polarização.

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E o nosso ecossistema polarizado não é distinto do que se desenvolveu noutras paragens.

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Esta legitimação coexiste com a sugestão de que, finalmente, nos é oferecida uma argumentação racional.

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As redes sociais, depois, fazem o resto.

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Esta lógica argumentativa circular é apelativa e, na verdade, difícil de contrariar. E tem efeitos: o fim dos interditos no debate público (…); o declínio da vergonha como mecanismo social de controlo (…) e a erosão das instituições de intermediação (…).

Pedro Adão e Silva, “Expresso” (sem link)

 

A pergunta-incêndio [“há funcionários públicos a mais ou a menos?”] tem uma resposta simples e outra complexa. A resposta simples: as duas coisas, funcionários a mais se analisarmos a despesa pública e a menos se virmos as carências dos serviços públicos. A resposta complexa: não sabemos.

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A austeridade chegará, da forma certa ou da forma errada. 

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Muitas das 65 mil contratações resultam de integrações de precários e de reforço de carências gritantes no SNS e na escola pública, havendo ainda serviços despovoados.

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O PRR servirá, aliás, para modernizar a função pública, que precisa de investimento até para aumentar a produtividade.

Pedro Santos Guerreiro, “Expresso” (sem link)

 

Temos mais uma raspadinha no mercado para acentuar as situações de jogo patológico e as desigualdades sociais.

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É vergonhoso que o Estado esteja a promover comercialmente um produto viciante, que funciona como um imposto regressivo que explora os mais vulneráveis e no qual tem interesses financeiros.

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Mas não é menos vergonhoso que membros do Governo o defendam, usando argumentos infantis e cientificamente incorretos.

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Há estudos experimentais que mostram que, quanto mais detalhados forem os objetivos de uma causa, maior é a disposição dos indivíduos para contribuir.

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Sem essa especificidade, esta raspadinha será apenas mais uma lotaria instantânea e não conseguirá captar o interesse de pessoas com um nível socioeconómico mais elevado.

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E qual a responsabilidade do Estado em ajudar os seus cidadãos a tomar melhores decisões que tenham em vista o seu bem-estar físico, mental, económico e social?

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Qualquer um de nós, mesmo lúcido e mentalmente capaz, sofre de enviesamentos cognitivos e comportamentais que vão condicionar as nossas escolhas. 

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É da responsabilidade do Estado criar condições para que as escolhas sejam as mais acertadas.

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A lista de enviesamentos comportamentais que podem exacerbar o consumo de raspadinhas, comparativamente ao consumo que seria feito por um agente totalmente racional, é longa.

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Não nego que seja necessário encontrar recursos para financiar a manutenção do património cultural e que alternativas à privatização devam ser privilegiadas.

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Se a opção for a exploração dos mais vulneráveis, então, não espanta que contra factos só se tenham maus argumentos.

Sandra Maximiano, “Expresso” Economia (sem link)

 

O mundo do futebol, cheio de ilegalidades, de contratos esquisitos com jogadores, de offshores, de despesas sumptuárias, de corrupção e de violência, não suscita no populismo muita condenação.

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Os partidos, a imprensa, os comentadores com proximidade com o mundo dos negócios “liberais” tendem a desvalorizar aquilo e aqueles sobre os quais fazem um cordão sanitário, dizendo que “eles” não são o retrato do capitalismo português.

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Sim, tomá-los pelo todo é injusto com alguns dos grandes e muitos dos pequenos.

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Os grandes devedores não caíram do céu ou exclusivamente do regaço de rosas de Ricardo Salgado, conluiado com José Sócrates, mas comprometem gente altamente “reputada” e qualificada do mundo da banca.

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Muita da imprensa económica, e não só, reflecte este mesmo tipo de preocupações, chamemos-lhe “de classe” para irritar com um vocabulário marxista, e tem dependências muito pouco transparentes.

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A economia das indignações é dúplice em vários escalões. Atinge muito mais os que vêm de baixo do que a gente fina, que é de facto “outra coisa”.

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Para onde foram as centenas e centenas de milhões de euros, eles que não têm bens e que, os que têm, a banca acha que é melhor “não serem executados”? A essa pergunta sei responder; para o seu bolso e dos seus cúmplices.

Pacheco Pereira, “Público” (sem link)


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