Em 2019, na sequência de uma luta incrível das cuidadoras informais, foi
criado um estatuto. Foi frustrante perceber o quanto a lei ficou aquém das
necessidades reais e como se diluíram tantas esperanças (legítimas) criadas. Em
2020, o governo inscreveu 30 milhões no orçamento de Estado para começar a sua
aplicação e os resultados foram indignos. Desses 30 milhões nem 1% foi
executado. Em 2021, o governo voltou a inscrever 30 milhões de euros, desta vez
para projectos piloto em 30 municípios. Opusemo-nos aos montantes e também ao
facto de os montantes do ano anterior não terem sido executados, uma crítica
que o governo ignorou, mas uma das razões pelas quais não pudemos apoiar o
Orçamento de Estado do ano passado. Quase no final do ano sabemos que apenas
352 pessoas foram apoiadas e continuou por executar a esmagadora maioria da
verba. No próximo ano, o estatuto (ainda muito limitado) vai aplicar-se em todo
o país e o governo continua a inscrever os mesmos 30 milhões… Que falta de
vergonha é esta? Como é possível que o governo continue a fazer tábua rasa de
uma conquista tão importante e continue a ignorar as reivindicações urgentes
das associações e de quem cuida. Quando nos opomos a um orçamento, não é de
ânimo leve, mas sim por razões concretas. Razões como esta, o continuar a
humilhar milhares de pessoas que todos os dias continuam a cuidar. É lamentável
a arrogância de quem não quer mudar nem ouvir. Mas é sobretudo insuportável
como se continuam a defraudar expectativas legítimas e direitos mais do que
merecidos. (Marisa Matias)
quinta-feira, 14 de outubro de 2021
A CONTINUA HUMILHAÇÃO DE QUEM CUIDA
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