(…)
Da direita
à esquerda, várias vozes têm defendido a opção pela exclusividade dos médicos
no SNS, como o bastonário da Ordem dos Médicos ou mesmo o antigo ministro da
Saúde Paulo Macedo.
(…)
Mas o
novo Estatuto do SNS, aprovado
esta quinta-feira pelo Governo, não cria nenhum regime de exclusividade
para os profissionais de saúde. Pelo contrário, cria uma “terceira via” à qual
chama “dedicação plena”, cuja única implicação é a proibição de exercer cargos
de chefia em unidades privadas.
(…)
Ora,
se se pode trabalhar em acumulação no privado, então esta “dedicação
plena” não é exclusiva e tão pouco é “plena”.
(…)
Qual é
o problema desta “terceira via”? É que se não exclui a acumulação de trabalho
no privado, então ninguém acredita que neste regime os salários sejam
majorados, tal como eram no anterior regime de exclusividade.
(…)
Só
resta uma explicação para esta proposta do Governo: ela serve apenas para
confundir as negociações
em curso com os partidos da esquerda e os sindicatos, fingindo uma cedência
que não existe.
(…)
Este estatuto não cumpre a vontade de António
Arnaut ou a Lei de Bases da Saúde.
Bruno Maia e Moisés
Ferreira, “Público” (sem link)
No
passado mês de Junho a Comissão Europeia aprovou a Estratégia
da União Europeia para as Florestas, bem como a revisão da Directiva das
Energias Renováveis (RED II).
(…)
No
caso de Portugal a preocupação com a perda de biodiversidade assume especial
preocupação, quando um relatório
da OCDE regista o país com a segunda maior perda percentual de áreas naturais e
seminaturais ocorrida na União Europeia desde 1992.
(…)
A Directiva das Energia
Renováveis que, ao permitir o uso em grande escala de biomassa florestal para a
produção de electricidade, essencialmente de troncos de árvores, potencia a
perda de coberto arbóreo, a perda de solos, da sua capacidade em reter água, a destruição
de ecossistemas, a perda de biodiversidade.
(…)
Em
simultâneo, o uso em larga escala de troncos de árvores para bioenergia
potencia maior volume de emissões de gases de efeito estufa, bem como produz
aumento dos níveis de poluição atmosférica, com impacto na saúde pública.
(…)
Os ecossistemas são para preservar e restaurar
ou para destruir pelo recurso a cortes rasos de arvoredo?
(…)
Têm
sido vários os relatórios produzidos sobre os impactos ambientais, financeiros
e sociais do uso em grande escala de biomassa florestal essencialmente de troncos de árvores, para a produção
de electricidade.
Paulo Pimenta de Castro, “Público” (sem link)
Ao
longo de quase 30
anos de negociações, as emissões globais de gases de efeito estufa
aumentaram substancialmente e a um ritmo acelerado, e a crise climática
agravou-se significativamente.
(…)
No
final deste mês, e após ter sido adiada devido à pandemia, terá início, em
Glasgow, a 26.ª Conferência das Partes (COP26) da CQNUAC, cimeira de grande
importância para acordar uma resposta climática globalmente coordenada.
(…)
[limitar o
aquecimento global a 1,5 °C] é indissociável do
estabelecimento de políticas que permitam reduzir as emissões globais de gases
de efeito estufa em 50% até 2030.
(…)
Em
Glasgow, será pois fundamental que os países assumam metas ambiciosas para os
próximos anos e apresentem planos de longo prazo consistentes com tais
objetivos.
(…)
A maioria dos planos de neutralidade carbónica
apresentados pelos países é ainda vaga e
claramente insuficiente.
(…)
Vários dos maiores
emissores históricos não submeteram formalmente, até à data, novos planos
climáticos.
(…)
A ação dos Estados Unidos, o maior emissor
histórico e segundo maior emissor atual, é ainda insuficiente.
(…)
Embora
os elevados preços dos combustíveis fósseis tornem as energias renováveis mais
atrativas, também funcionam como incentivos
para que as empresas e os países em desenvolvimento dependentes
da exportação de hidrocarbonetos apostem mais na sua exploração e produção.
(…)
Outro
aspeto significativo prende-se com o facto de a meta de 1.5 °C exigir não só
fortes ações de mitigação, mas também a remoção de carbono da atmosfera.
(…)
As
alterações climáticas são uma das causas da perda de biodiversidade e a
destruição de florestas primárias contribui significativamente para o
aquecimento global.
(…)
Embora de extrema relevância, a questão da
biodiversidade tem atraído menor atenção do que a do clima.
(…)
A COP26 decorrerá num contexto desfavorável.
Joana Castro Pereira,
“Público” (sem
link)
[Em 2019 Jerónimo de Sousa] matou a ‘geringonça’, dando a António
Costa toda a latitude para navegar à vista, mantendo PCP e BE como reféns,
através de uma ‘geringonça’ sem deveres.
(…)
[Depois das eleições de 2019 o PS] deixou claro que todas as
políticas eram negociáveis com o PSD, menos a sustentação do Governo em votação
do Orçamento.
(…)
A degradação da confiança mútua, o não-cumprimento dos
compromissos do OE de 2020 e a recusa em ir mais longe no reforço do SNS no OE
de 2021 tirou-o [o Bloco] do campo dos entendimentos.
(…)
Há razões estruturais para a queda dos comunistas, mas o abraço do
urso do PS acelerou-a.
(…)
O PS também seria castigado [se agora se fosse a votos].
(…)
Esta crise foi, antes de tudo, fruto da substituição da
‘geringonça’, que tinha como objetivo reverter o legado da troika, por uma
gestão tática de ultimatos anuais.
Daniel Oliveira, “Expresso” (sem link)
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