domingo, 17 de outubro de 2021

MAIS CITAÇÕES (151)

 
Os acontecimentos dos últimos dias, a fragilidade do Governo PS sem maioria parlamentar e o assalto da direita ao PSD, são sinais da crescente impotência do centro político em Portugal.

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O centro é outro nome para a moderação, ou para o local do sistema político onde, de eleição para eleição, os eleitores premeiam ou castigam quem governa, permitindo a alternância.

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Um eleitor que votou uma vez no PSD e noutra no PS, não se deslocou da direita para a esquerda, nem vice-versa, apenas escolheu pessoas e projectos que lhe pareciam mais capazes.

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Uma democracia sem centro está naturalmente em crise.

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As razões por que tudo isto está a acontecer vão para além de Portugal, e não são circunstanciais, mas estruturais.

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Lá fora e cá dentro, este “centro” não está isento de culpas, em particular por um longo exercício do poder sem ideologia, dominado pelos interesses e pela tentação tecnocrática.

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Foram governos centristas e de centro-direita que criaram o período de ganância que conduziu à crise de 2008.

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No caso português, o PSD e o PS tornaram-se máquinas de acesso ao poder, clientelares, onde gente corrupta consegue fazer carreiras políticas até ao topo e onde as estruturas estão de costas para a sociedade e atentas apenas ao seu poder e cargos.

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[O populismo atual] não se apresenta como antidemocrático, como os movimentos dos anos 30, mas é contra toda a arquitectura da democracia.

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Se não fosse profundamente autoritário e conservador, seria libertário.

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É a massa de manobra ideal para a extrema-direita e para a direita radical, que comunicam entre si mas não são a mesma coisa. O Chega é um bom exemplo disso.

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Neste contexto, a radicalização toma conta da democracia e empobrece-a, torna-a doente e pode matá-la, se nada se fizer.

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Numa sociedade de espectáculo, a desertificação do pensamento e a agressividade da ignorância ajudam a formar dois exércitos sem nada no meio, muitos decibéis e arregimentação.

Pacheco Pereira, “Público” (sem link)

 

Durante a pandemia, entre o início de 2020 e junho de 2021, o Estado português teve uma despesa adicional discricionária de 5,6% do seu PIB. 

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Ficámos próximos dos países emergentes e seremos dos últimos a recuperar.

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É neste cenário, (…) que o Governo propõe um Orçamento que tem como prioridade melhorar o saldo estrutural e em que os estímulos à economia correspondem a uns miseráveis 0,5% do PIB. 

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Veremos se haverá alterações na legislação laboral, sobretudo na caducidade da contratação coletiva.

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É verdade que Costa se prepara para atirar dinheiro para a saúde, mas veremos se mexe nas carreiras médicas e de enfermagem para estancar a sangria para o privado que matará o SNS.

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Há coisas acordadas com os partidos que se repetem há três Orçamentos sem nunca serem cumpridas.

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Voltaremos a ter um ano de promessas cativadas, que tiveram como última vítima visível a ferrovia e como vítimas silenciosas muitos serviços em rutura. 

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O Governo tem usado a mesma tática: apresenta um Orçamento que ignora as propostas dos “parceiros”, cede com medidas que já tinha de reserva e acaba a fazer chantagem.

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Os Orçamentos devem ser aprovados porque são minimamente satisfatórios, não por medo de eleições.

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Faz falta alguém que arrisque e aproveite as pontes criadas para reformas progressistas.

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O pântano agiganta crises políticas, não as evita. Está nas mãos do PS negociar a sério. Coisa que não perdeu um minuto a fazer, neste OE.

Daniel Oliveira, “Expresso” (sem link)

 

O conceito de ‘famílias sanduíche’ é poderoso para compreender os males do tempo.

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São estas famílias [com uma remuneração mensal ligeiramente superior a 1000 euros] que, ao contrário do que é muitas vezes sugerido, compõem o grosso da classe média.

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Uma classe média em que se cruzam baixos rendimentos, dificuldades no acesso à habitação e problemas na mobilidade. 

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O processo de desconsolidação democrática passa também por aqui [níveis elevados de desafetação face ao regime] e Portugal, como temos visto, não é exceção.

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Num país com muita pobreza e com proteção social incipiente para muitos, a discussão orçamental passa sempre, em importante medida, por valorizar pensões baixas, densificar a rede de mínimos sociais e uma política salarial, no público, mas, também, no privado.

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De certa forma, os resultados do PS nas autárquicas, em particular as quebras nas áreas metropolitanas, refletem um afastamento gradual de um conjunto crescente de eleitores que, excluídos da rede de mínimos sociais, não encontram nas políticas públicas respostas suficientes para os problemas que enfrentam no quotidiano. 

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São as ‘famílias sanduíches’ que se encontram entre as grandes perdedoras dos nossos tempos.

Pedro Adão e Silva, “Expresso” (sem link)

 

A Human Rights Campaign estima que existam no Afeganistão meio milhão de pessoas LGBTQI+, mas alerta também que este número não é de todo preciso porque são muitos os que escondem a sua identidade de género e a sua sexualidade

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Considerando as rotas terrestres, estas pessoas irão tentar procurar refúgio nos países vizinhos do Afeganistão.

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De acordo com a legislação em vigor, nenhum dos estados vizinhos do Afeganistão respeitam completamente os seus direitos.

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Ora, considerando todas as indicações dadas pelos taliban, também as pessoas LGBTQI+ deveriam ser incluídas [pela comunidade internacional] nesta categoria de protected persons [vulnerabilidade especial].

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[Na UE vivemos] uma “crise de valores”, que se compreende pelas violações de direitos fundamentais e do Estado de Direito na Polónia e na Hungria, e uma crise de refugiados, que se perpetua desde 2015.

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Temos assim uma UE com um conflito interno que acaba por prejudicar ainda mais uma situação frágil como a da comunidade LGBTQI+ que busca uma forma de fugir à opressão e ao risco de morte que vive no Afeganistão.

Daniel R. Santos, “Público” (sem link)


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