(…)
Para toda a esquerda, ela nasceu para impedir que as medidas da
troika se tornassem irreversíveis.
(…)
Sem acordos de legislatura, [Costa] decretou que a ‘geringonça’
continuava.
(…)
[PCP e BE passaram a ter uma única função política:] serem
chamados, uma vez por ano, a aprovar Orçamentos que nunca são executados para
manterem um Governo onde não determinam coisa alguma.
(…)
Andamos a discutir o que BE e PCP recusaram, mas ninguém pergunta
pelas responsabilidades do PSD.
(…)
Este absurdo não tinha como acabar bem. Não era para acabar bem.
(…)
Quando as pessoas perguntam, compreensivelmente estupefactas, como
raio está isto a acontecer, a resposta é que está a acontecer desde 2019 e
ninguém quis saber.
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[Nas eleições] Costa não tem o que dizer aos eleitores. Com quem
vai governar?
(…)
A reconstrução das pontes para uma ‘geringonça’ consequente só
virá depois de Costa.
Daniel Oliveira, “Expresso” (sem link)
Este tem sido o tempo do passa-culpas pelo
desencadear de uma crise.
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A menos que alcancem uma maioria absoluta que não se vislumbra
possível, os socialistas só são politicamente viáveis enquanto solução de
Governo se forem capazes de alcançar compromissos com o PCP e BE.
(…)
O nosso sistema eleitoral foi desenhado para não gerar maiorias de
um só partido.
(…)
No que é uma ideia bizarra, toleramos a formação de governos
minoritários e uma navegação à vista
(…)
A imaturidade institucional tem vários efeitos: fragiliza a
cultura de negociação, aumenta a incerteza e afeta a robustez das políticas
públicas.
(…)
O desfecho das negociações é sempre lido como um balanço de ganhos
e perdas, que desconsidera a avaliação das contas públicas.
(…)
Mas o que fica exposto por esta crise é que, se queremos mesmo
gozar dos benefícios da estabilidade, são necessários programas acordados,
mesmo que de incidência parlamentar, capazes de preservar as diferenças dos
partidos.
Pedro Adão e Silva, “Expresso” (sem link)
Só um Governo suportado por compromissos da
Esquerda, que respeite as agendas de cada uma das suas forças e assuma uma base
programática comum, estará em condições de responder aos desafios.
(…)
A ideia geral que sustentou
[a experiência de governação dos últimos seis anos] é válida e pode ter
futuro.
(…)
No centro dos entendimentos
e desentendimentos observados esteve, como sempre, o valor que se dá ao
trabalho e ao emprego, à garantia de direitos fundamentais, à distribuição da
riqueza, ao exercício da democracia em todos os espaços.
(…)
O Serviço Nacional de Saúde
está no fio da navalha e ele [Presidente da República] tem simpatia pela
"forte presença" do setor privado.
(…)
A transferência dos mais de
3 mil milhões de euros que, em cada ano, a partir de 2012, passam do trabalho
para o capital está longe de ser revertida e Marcelo quer que assim continue.
(…)
A distribuição da riqueza é
injusta e a pobreza estrutural persiste, mas a conceção de solidariedade de
Marcelo não vai além da caridade.
(…)
Tem mesmo de se apostar na
ferrovia e em novas políticas de mobilidade.
(…)
Analisem-se os erros e os
acertos sem recriminações, sem arrogância ou gula. Ficará claro que a
alternativa continua a ser à Esquerda, com compromissos mais claros.
Em Agosto, o novo relatório IPCC confirmou-nos
o que já sabíamos: que estamos em emergência climática, em contra-relógio.
(…)
A luta por justiça climática, não sendo de
agora, nunca foi tão urgente.
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[A COP26 que está a começar] será a 26.ª
Conferência das Nações Unidas sobre Alterações Climáticas, tem os olhos do
mundo postos nela.
(…)
Em 2009, países ricos prometeram 100 mil
milhões por ano aos países pobres, até 2020 [mas essa mata está longe de ser
cumprida].
(…)
Não é possível resolver esta crise dentro do
sistema que a criou, e em espaços construídos para falhar.
(…)
As
acções concretas e mudanças profundas das quais necessitamos não virão da via
institucional, mas sim das pessoas e da sua força colectiva.
(…)
A
crise climática é um resquício de séculos de colonialismo e exploração, e
indústrias como a petrolífera garantem a sua continuação.
(…)
À beira da conferência em Glasgow, exigimos que
bancos como este [Standard Chartered, do Reino Unido] parem de financiar
o caos climático.
Bianca Castro, “Público”
(sem link)
Os millennials foram o sonho do capitalismo.
(…)
Contratados
consoante as necessidades das empresas, por tempo determinado, sem vínculos e
sujeitos à arbitrariedade de um custo do trabalho estabelecido por quem manda.
(…)
A meritocracia morreu e por mais empenho nos
estudos e no trabalho, não há nenhuma garantia de estabilidade.
(…)
O sistema transformou-se e deixou o elo mais
fraco, que somos nós, numa posição de franca vulnerabilidade.
(…)
Esta
descida aos infernos está a abrir os olhos a estes individualistas que achavam
ter redefinido o trabalho e que agora voltam a olhar positivamente para as
lutas sociais, para os direitos laborais e até, pasme-se, para essas
instituições que vilipendiavam como símbolos do passado: os sindicatos.
(…)
Viver
cansa, mais agora em que a todas as horas há uma manhã de trabalho em qualquer
lado e em que a sociedade transformou o direito a dormir oito horas de sono
numa quase indulgência esquerdista.
(…)
O
trabalho passa a ser um todo que se estende para além da jornada habitual até
ocupar todos os outros espaços da existência humana
(…)
Ninguém
melhor do que os norte-americanos conseguiram transformar o trabalho em vida e
as jornadas extenuantes de 16, 18 horas diárias numa questão de liberdade, a do
trabalhador poder escolher ganhar mais dinheiro em troca do seu descanso.
(…)
[Nos
EUA] um trabalhador pobre de hoje
arruína a saúde a trabalhar sem descanso apenas para poder sobreviver.
António Rodrigues, “Público” (sem link)
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