(…)
No
deve e haver, ficou por fazer a pergunta mais importante: se os candidatos do
PSD não se conseguem ouvir um ao outro, porque há-de o país escutá-los?
(…)
Salomonicamente,
dividamos a coisa a meio e concluímos o óbvio: nenhum dos dois tem estatura
para o cargo, deixemos a vaga para quem tenha mais ideias.
(…)
Na
década passada [Fernando Alexandre o guru económico de Rangel] queria colocar
em lei o corte de um mês de salário nas pensões, escrever na pedra da lei o
corte no 14.º mês dos pensionistas.
(…)
Joaquim Sarmento, que alinha na equipa de Rio
com as mesmas funções para o pensamento económico, ainda há semanas convocava
os demónios contra o aumento do salário mínimo nacional.
(…)
É por
isso que não se discutem conteúdos, para não explicar que no essencial estão de
acordo, as duas faces do PSD são medonhas para quem trabalha ou para quem
trabalhou.
(…)
Esta
direita foi quem sacrificou à especulação do mercado o direito à habitação, não
tem resposta para o caos climático, quer tirar ainda mais direitos a quem
trabalha, acha que os salários em Portugal são de ricos.
(…)
A falta de credibilidade da ideia [de maioria absoluta para o
PSD] é tanta que não chega a ser uma ameaça.
(…)
[No CDS] se não tivessem perdido tanto
tempo nos absurdos combates ao marxismo cultural ou à ideologia de género,
talvez agora fizessem bom uso das aulas de cidadania e desenvolvimento.
Pedro Filipe Soares, “Público” (sem link)
Haverá uma fórmula para acreditar que a
dimensão da pandemia está controlada e que a asfixia dos SNS, exausto e sem o investimento
em outras condições e mais recursos humanos, não irá acontecer.
(…)
António Costa segue o caminho político e
elenca um conjunto de medidas, para daqui a uma semana, que os números
crescentes da pandemia se encarregarão de desmentir em meados de Dezembro.
(…)
Estamos a criar condições perfeitas para
desperdiçar as circunstâncias extraordinárias que o sucesso do plano de
vacinação nos permitiu ter
(…)
Agora, o Governo pede aos portugueses que
se contenham nas festividades natalícias e na passagem do ano, a mais de um mês
de distância e depois do exemplo do ano passado.
(…)
Festejar a pensar na contenção é uma
ideia peregrina e um péssimo sinal que anuncia eleições em aproximação.
[As
sondagens] dão aos dois possíveis candidatos da extrema-direita [francesa] uma
forte supremacia sobre os mandarins neogaullistas que se perfilaram até agora.
E surge Barnier.
(…)
[A
candura de Barnier] misturando o espírito do Pai Natal com o serviço à pátria,
é digna de manual, mas não acrescenta muito.
(…)
[O eletrochoque
que Barnier propõe] será uma moratória de cinco anos para a entrada de
imigrantes não-europeus.
(…)
Está o
ingrediente da extrema-direita, fechar a fronteira, e está um regresso ao
gaullismo, a soberania do hexágono, que agora seria surpreendentemente imposta
pelos próprios tribunais europeus.
(…)
Quem
diria que o elegante Barnier usaria o muro contra os imigrantes como mote.
Isto
de castigar os imigrantes ou de prometer a bandeira nacional contra Bruxelas
vem com a função.
(…)
Rui
Rio repetiu nos Açores o refrão do ataque à subsidiodependência para agradar a
todos os partidos do Governo Regional.
(…)
É
fácil insultar os pobres, é sempre o caminho mais confortável.
(…)
Basta
a ocasião para fazer o barão: em precisando, qualquer líder de direita
atravessa o espelho.
(…)
Quando
disputa com a extrema-direita, ninguém segura o bom candidato da direita, será
mais agressivo do que o concorrente.
Francisco Louçã, “Expresso” Economia (sem link)
A
refinaria [de Sines] é a infraestrutura com mais emissões de gases com efeito
de estufa do país.
(…)
A
concentração actual de dióxido de carbono na atmosfera é a maior pelo menos há
3 milhões de anos.
(…)
O
capitalismo global vai deixar a casa arder.
(…)
Durante
a última cimeira do clima foram expostos mais centenas de novos poços de
petróleo e gás em todo o mundo, no relatório Drill Baby Drill.
(…)
Não
está a acontecer nenhuma transição na matriz energética global.
(…)
As
energias renováveis não retiram dióxido de carbono e metano da atmosfera nem
anulam o efeito dessas moléculas.
(…)
[As
energias fósseis] continuam a aumentar e continuam a aumentar a concentração de
dióxido de carbono na atmosfera.
(…)
Seguramente
que não está a acontecer nenhuma transição justa.
(…)
O
objectivo desta transformação é travar os piores cenários da crise climática e
construir um mundo justo.
(…)
Transição
justa, em capitalismo, significa remunerar e garantir a manutenção do interesse
dos investidores das petrolíferas e empresas fósseis e afins.
(…)
As
empresas fósseis em Portugal podem esconder os seus investimentos fósseis
noutros países e ajudar a vender a aparência de descarbonização.
(…)
A
refinaria de Sines deve ser encerrada ou profundamente transformada, como devem
ser várias outras infraestruturas industriais emissoras em Portugal, esta
década.
(…)
[Em
Portugal] a maior parte da transição tem de começar a acontecer agora.
(…)
Analisar
a resposta à crise climática a partir de uma perspectiva de business-as-usual do capitalismo é inútil.
(…)
Ou
mudamos quase tudo acerca da nossa sociedade esta década ou um clima inclemente
mudará tudo por nós e contra nós.
(…)
A
civilização humana não terá as suas bases materiais garantidas se não forem
travados os piores cenários das alterações climáticas, que são cada vez mais os
mais plausíveis.
(…)
Os
capitalistas tratarão deste assunto como tratam de qualquer outro assunto:
procurando lucrar.
(…)
O que
significa que a refinaria de Sines, num estado “normal” das coisas, será
encerrada quando capitalistas o decidirem.
(…)
Se
este processo for liderado por capitalistas – e sê-lo-á sempre que não houver
uma acção política completamente intencional em sentido contrário – o resultado
será injustiça social e despedimentos em massa.
João Camargo, “Expresso” Diário
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