(…)
A busca de equivalentes progressistas em cada uma das
culturas é o que dá razão de ser a um diálogo entre elas com o sentido de dar
solidez a lutas pela libertação das pessoas e das comunidades.
(…)
O nosso tempo é, em minha opinião, um segundo momento
histórico de densificação das afinidades eletivas entre marxismo e
cristianismo.
(…)
Isso decorre, desde logo, da radicalização das
características básicas do capitalismo no que se vem chamando o capitalismo
tardio.
(…)
E é também de radicalização do capitalismo que se trata
quando assistimos à configuração de uma nova fase na relação entre trabalho e
capital.
(…)
A Doutrina Social da Igreja vem tornando mais inequívoca a
sua condenação da economia e da organização social capitalistas: “esta economia
mata”, escreveu Francisco na Exortação Evangelii
Gaudium.
José Manuel Pureza, Esquerda.net
Então, o emprego [em Portugal] vai de vento em popa ou
estamos no buraco em que ou não existem trabalhadores qualificados ou já
emigraram?
(…)
O problema é mesmo que as duas afirmações podem ter um grão
de verdade.
(…)
Há oferta de empregos, mesmo que seja pouca.
(…)
A oferta registada no IEFP não chega a 1% dessa necessidade (900
mil mulheres e homens que precisam de trabalho).
(…)
Mas é certo que, em alguns sectores, há falta de
trabalhadores e há ofertas de emprego que não são preenchidas.
(…)
O emprego poderia crescer nestes sectores. Só há um problema,
é que neles a regra é o salário mínimo.
(…)
Assim sendo, as florescentes perspetivas de um terceiro
trimestre de crescimento do emprego dependem da entrada de imigrantes que
aceitem qualquer condição.
(…)
As ofertas de empregos para os “talentos” são raras e os
jovens sabem que, normalmente, lhes vai ser proposta uma remuneração colada ao
salário mínimo.
(…)
A conclusão evidente para tanta gente é que só vale a pena
tirar um curso para ir trabalhar no estrangeiro.
Francisco Louçã, “Expresso” online
Os multimilionários viram a sua riqueza aumentar tanto nos
últimos 24 meses como nos 23 anos anteriores.
(…)
No setor alimentar e da energia, as fortunas dos mais ricos
aumentaram mil milhões de dólares a cada dois dias.
(…)
A combinação dos efeitos da pandemia, do aumento da
desigualdade global e do choque do aumento de preços dos alimentos agravado
pela guerra na Ucrânia pode empurrar 263 milhões para a pobreza extrema em 2022.
(…)
Há quatro setores em que este processo de acumulação está a
ser fulgurante: o farmacêutico, o alimentar, o energético e o tecnológico.
(…)
Os lucros das petrolíferas quase duplicaram durante a
pandemia.
(…)
Pfizer e Moderna estão a lucrar mais de mil dólares por
segundo com a vacina.
(…)
Os 20 mais ricos possuem mais riqueza que todo o produto
interno bruto da África subsariana.
(…)
As mulheres e os grupos racializados são quem mais está a
sofrer com a pandemia, a especulação na energia e a crise alimentar,
agravando-se a pobreza e o acesso ao trabalho.
(…)
A Oxfam sugere três medidas de elementar sensatez: um imposto
sobre os lucros extraordinários dos maiores grupos multinacionais, a começar
pelos da energia (…); um imposto de solidariedade sobre a riqueza dos novos
multimilionários (…). E um imposto permanente sobre a riqueza (…).
(…)
[O OE 2022] não foi capaz de acolher qualquer medida que se
assemelhasse vagamente às moderadas recomendações da Oxfam, embora tenham sido
propostas.
(…)
Os mecanismos de acumulação de riqueza não estão sequer a ser
beliscados.
(…)
Ao contrário da impostura liberal, pobreza e riqueza são
fenómenos relacionais. A dor é mesmo o outro lado da moeda do lucro.
José Soeiro, “Expresso” online
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