sexta-feira, 10 de junho de 2022

CITAÇÕES

 
A globalização foi o capitalismo feliz desde os anos 1980.

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Veio então a expansão do comércio mundial, apoiada em instituições “empoderadas” para promoverem os novos ventos (…) e uma vaga de liberalização económica.

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O mundo foi aplanado pelo sucesso da globalização, que continuou nas décadas seguintes, em particular com o auge da financeirização.

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Ideologicamente não parecia haver contraposição a esta glória, Deng Xiao Ping era um dos seus arautos, triunfava sem contestação a TINA.

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A terceira via levou a social-democracia para o redil liberal.

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Quarenta anos depois da sua fulgurante reencarnação moderna, esta globalização acabou.

Francisco Louçã, “Expresso” Economia

 

Se a invasão russa da Ucrânia alterou o tabuleiro mundial, a Casa Branca foi a primeira a aperceber-se das novas potencialidades estratégicas. 

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A nova Administração [Biden] terá logo compreendido a potencialidade política criada pela jogada de Putin: num ápice, podia repetir-se o desgaste económico que tinha vitimado o regime de Moscovo durante a Guerra Fria.

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Ao mesmo tempo reagrupar a NATO, saída da sua humilhação da fuga de Cabul e relançada como o cavaleiro branco do mundo ocidental.

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Este caminho tem, no entanto, um preço, que é o fim da globalização e, em consequência, impõe a partição do mundo em duas esferas de influência.

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O que está em marcha tem como objetivo conduzir a sistemas financeiros separados, a comércio reduzido, a internets distintas e a ameaças militares em crescendo.

Francisco Louçã, “Expresso” Economia

 

A China tem já um PIB em paridades de poder de compra superior ao dos EUA.

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A China tem 20 anos de crescimento, multiplicou as exportações para os EUA por 125.

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O consumo norte-americano depende hoje da indústria chinesa.

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E Jinping concluiu, como seria de esperar, que esta correnteza lhe permite passar de uma potência regional para uma força mundial.

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Nas últimas duas semanas, [o secretário-geral da NATO] afirmou duas vezes que a China é o adversário a ter em conta e que o seu apoio à Rússia define o conflito futuro.

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Ora, a China, para ser bem sucedida nesta disputa, precisa de tempo.

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Estamos, portanto, numa corrida contra o tempo, o que os seus adversários sabem melhor do que ninguém.

Francisco Louçã, “Expresso” Economia

 

O reaparecimento mediático de Cavaco Silva em dose dupla, texto e entrevista televisiva, reforçou todas as controvérsias que não permitem ao PSD assumir o conforto de nenhum legado histórico dos seus líderes desde Sá Carneiro. 

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O drama adensa-se quando o PSD procura referências para apresentar ao país, e só encontra Cavaco Silva-Passos Coelho como cartões de visita e Durão Barroso-Santana Lopes como cartas de rejeição.

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Qualquer reaparição de Cavaco Silva a querer impor a sua relevância ao país relembra-nos porque continua a ser o presidente mais impopular de sempre

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Cavaco teima em falar para o país, mas não quer diálogo com Portugal porque não o entende. O legado de Cavaco Silva é a amargura.

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Quando a motivação maior para escrever um texto nasce de uma "revanche", o ponto de partida é, desde logo, inaugurado por um mau princípio.

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Tece críticas certeiras à incompreensível demora do processo de transição interna de poder no PSD, não resistindo a tentar humilhar Rui Rio de uma forma pouco digna.

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O eterno ajuste de contas do ressentimento e azedume. É este o papel que Cavaco Silva continua a escolher para impor aos portugueses o seu legado na História.

Miguel Guedes,JN

 

Ainda no mês passado veio a público que o Tribunal da Relação de Lisboa não considerou racistas as publicações de Mário Machado no Twitter quando era dirigente do movimento NOS.

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De mais decisões judiciais poderíamos falar. Mesmo a exemplar decisão no processo movido pela família Coxi, contra André Ventura e contra o partido Chega, se absteve de considerar discriminatória em função da cor, ou seja, racista, a conduta do então candidato presidencial.

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A lei portuguesa, e falo da lei ordinária, trata o racismo como sendo de extrema gravidade.

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A título exemplificativo, mas deverá ser mesmo o melhor exemplo, se um partido político for considerado racista deverá ser extinto. É o que consta na Lei dos Partidos.

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Mas de que serve esse reconhecimento legislativo se é tão difícil para os tribunais portugueses considerarem racista determinado comportamento, pessoa ou organização?

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Os portugueses sabem que Mário Machado é racista e que partilha publicações e conteúdos dessa natureza. O próprio não esconde o seu ideário.

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Na luta antirracista, convivemos ainda com as mais grotescas e abjetas manifestações de racismo na vida pública e política. E elas passam incólumes.

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Acontece que temos um partido que [difunde mensagens de conteúdo racista]; um partido que convocou uma manifestação com o mote “Portugal não é racista” a seguir ao homicídio de Bruno Candé, um partido que defendeu o confinamento de ciganos durante a pandemia.

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O partido Chega incita efetivamente ao ódio racial.

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Mais: ouvimos correntemente comentadores, políticos e analistas falar do racismo do partido. Só que nada acontece.

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Como terá surgido esta ideia de que somos obrigados a tolerar isto?

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Não podemos continuar a aceitar que um partido que perfilha um ideário que é racista viva entre nós.

Carmo Afonso, “Público” (sem link)

 

A linguagem inclusiva é importante, mas apresentá-la como frente prioritária ou única do movimento antirracista é uma caricatura completa.

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Não basta combater os racistas “energúmenos” (e os mais polidos, já agora!), o racismo tem dimensões estruturais e institucionais.

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[Esta semana, como já outros tinham feito a ECRI afirma]  – que o contexto da pandemia reforçou o racismo e a discriminação; que é preciso combater o racismo nas forças policiais e ensinar nas escolas aquilo que foi a violência colonial.

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Esta é também a semana em que o Ministério Público pede a absolvição de seis dos sete arguidos no caso da morte de Luís Giovani, brutalmente assassinado à pancada, e em que nos aproximamos dos 27 anos do hediondo assassinato de Alcindo Monteiro.

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Não falta material para parodiar em torno do racismo à portuguesa e, acima de tudo, da sua negação, mas se calhar não se sabe fazê-lo “com graça”.

Cristina Roldão, “Público” (sem link)


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