sábado, 4 de junho de 2022

MAIS CITAÇÕES (184)

 
A ocupação da Ucrânia nem tem um propósito explícito.

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É difícil imaginar uma negociação com quem não deixa claro os seus objetivos, por mais indecentes que sejam.

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Do lado da Ucrânia, à medida que se sucedem os crimes de guerra, torna-se mais difícil negociar. 

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A alternativa é ele [Putin] cair, o que põe a fasquia tão alta que esta guerra se eternizaria.

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[Os EUA] são, graças aos crimes de Putin, os ganhadores desta guerra.

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Somos adultos e sabemos que os EUA marcam o ritmo das decisões em Kiev.

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É no que chocou que [Kissinger] tem razão: é provável que esta guerra acabe com perda negociada de território.

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Suspeito que as justas sanções para secar o financiamento do esforço de guerra russo venham, no seu efeito boomerang, a desgastar mais depressa as nossas democracias do que a ditadura de Putin.

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Haverá um momento que as democracias que querem salvar a Ucrânia se quererão salvar a si mesmas.

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Putin usa a fome mundial como chantagem para deixarmos cair as sanções.

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A crise alimentar arrastará centenas de milhões para a tragédia.

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Por causa da guerra, poderemos ter, nos próximos seis meses, mais 243 milhões de pessoas a enfrentarem insegurança alimentar, mais 6,9 milhões em risco de vida por fome e mais 201 milhões em pobreza extrema.

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A Arábia Saudita, aliada do Ocidente e beneficiária do fim da compra de petróleo à Rússia, alimenta há anos uma guerra no Iémen. 

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Por causa dela morreram 233 mil pessoas, mais de 10 mil crianças. 

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Como explicamos aos iemenitas que passarão ainda mais fome em nome da nossa segurança?

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E sabem que nunca faríamos por eles o que estamos a fazer pela Ucrânia. 

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E não lhes podemos exigir sacrifícios que nunca fizemos por eles.

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A pergunta brutal que nos podemos vir a fazer é: quantos milhões de vidas no mundo vale o Donbas?

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Brevemente estaremos perante dilemas morais que tenderão a agravar-se com o prolongamento da guerra.

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O risco é a justiça que desejamos deixar um devastador rasto de morte pelo caminho.

Daniel Oliveira, “Expresso”

 

Bruxelas revia em alta o crescimento económico português para este ano muitos pontos acima do previsto.

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A outra notícia foram as declarações de novos residentes norte-americanos a elogiarem Portugal como um eldorado dos preços baixos.

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O que liga as duas notícias é o chamado ‘turismo internacional’.

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Aquelas duas pequenas unidades noticiosas têm implicações graves.

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O país que se vê expulso das suas cidades, arredado dos seus patrimónios, penalizado pela emigração de jovens qualificados (…), não pode deixar de se sentir desrespeitado e humilhado.

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Detrás desta omnipresença do excitante turismo em recuperação internacional, esconde-se também uma cadeia de danos duradouros e muitas vezes irreversíveis.

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[O país tem-se] abstido de pensar e de decidir estrategicamente o turismo que quer e o que deve ter.

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A culpa da situação que se esconde por trás de tão entusiasmantes notícias do mês de maio está na vergonhosa abstenção de fazer política onde ela é necessária.

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O país do glorioso crescimento de 5,8% previsto para 2022 e vendido em saldos ao turismo internacional, sabe bem o preço que esses números lhe custam.

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O dinheiro não compra tudo, mas anda a comprar coisas que não deveriam vender-se: o nosso futuro, por exemplo.

Luísa Schmidt, “Expresso”

 

O Governo aprovou esta quinta-feira, em Conselho de Ministros, uma proposta de lei que integra as alterações à legislação laboral identificadas na Agenda do Trabalho Digno.

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O debate daquelas alterações legislativas no sentido de se valorizar o trabalho, os salários e as condições de vida dos trabalhadores, desde logo dos mais jovens é um dos debates políticos prioritários. 

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As grandes reformas laborais implicam avaliação efetiva dos impactos que as leis ainda em vigor produziram.

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Elas exigem reflexão, estudo, debates.

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Este envolvimento não está criado e não se perspetiva fácil.

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Na última grande reforma laboral, com a entrada em vigor do Código de Trabalho em 2003 (…) impuseram-se prestações de trabalho cada vez mais precárias e penosas, e alterações legislativas a consagrá-las.

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Não se procedeu a um balanço sistematizado e profundo destes 20 anos - os Livros Verdes não tratam todas as dimensões e impactos a considerar.

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Em várias das 70 medidas que estarão na proposta de lei enviada à AR há mexidas cirúrgicas, em regra, em desfavor dos trabalhadores.

Carvalho da Silva, JN

 

Os direitos humanos são de todas as pessoas e foram definidos por representantes do mundo inteiro. 

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Os direitos humanos ligados aos direitos civis e políticos, às liberdades, por vezes nem exigem ação dos governos. Exigem mesmo o contrário.

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[Falar de direitos humanos na China] é não esquecer a perseguição a opositores e defensores de direitos humanos, ou a pena de morte que permanece no país.

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Bachelet [alta-comissária para os Direitos Humanos da ONU] deve pedir ao governo chinês que desmantele os campos de reeducação e trabalhos forçados, liberte as pessoas arbitrariamente detidas ali e nas prisões e que acabe com os ataques sistemáticos contra minorias muçulmanas em Xinjiang.

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A comunidade internacional não pode ficar indiferente e tem de perceber que os negócios com a China perpetuam abusos de direitos humanos.

Pedro A. Neto, “Público” (sem link)

 

A questão da eutanásia é da mesma natureza da do aborto, e compreende posições de carácter religioso, de ética profissional, de direitos humanos, de liberdade individual no mais profundo sentido.

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Há pouca coisa mais íntima e “pessoal” do que a morte. É também por isso uma questão na qual a liberdade individual, a escolha de cada um na sua solidão final, tem um valor supremo.

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É um absurdo pensar que não exista um direito individual a não sofrer, a liberdade de acabar com a dor ou com a extrema degradação física, quando nenhum outro método existe para as mitigar.

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Eu votaria a lei da eutanásia, mesmo mal formulada e imperfeita, porque, tanto quanto possível, quero ser dono da minha morte.

Pacheco Pereira, “Público” (sem link)


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