sábado, 11 de junho de 2022

MAIS CITAÇÕES (185)

 
O debate sobre a regulamentação da prostituição chegou ao Parlamento pela mão errada: uma empresária do ramo.

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A vida concreta das trabalhadoras do sexo (são maioritariamente mulheres) costuma ficar para o fim da conversa.

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Se há tráfico, coação ou menores envolvidos, será sempre crime.

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Os movimentos abolicionistas olham para a prostituição ou como uma imoralidade, ou como a personificação do privilégio masculino patriarcal.

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Como a consideram inconcebível enquanto prática voluntária, as trabalhadoras do sexo estão condenadas ao estatuto de vítimas. 

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O seu direito à palavra e à cidadania depende de serem, antes disso, salvas.

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[Por outro lado] temos movimentos de trabalhadoras e trabalhadores do sexo, ainda tímidos em Portugal.

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Lutam pelo reconhecimento da sua existência, condição primeira para a sua proteção. 

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Ela vai continuar a existir, melhor que seja com segurança e direitos.

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Na União Europeia, a legislação é, em geral, repressiva. 

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Nos seis países que regulamentam a atividade o objetivo é o controlo público, não a defesa dos direitos destas trabalhadoras.

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O único que aceita a prostituição como profissão [e a Grécia].

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[O tipo de legislação] que atira esta atividade para a semiclandestinidade, [entre outras dificuldades] limita o acesso aos cuidados de saúde, pondo estas pessoas em risco.

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A pandemia revelou toda a crueldade do proibicionismo: sem acesso aos apoios sociais e económicos que foram disponibilizados a outras atividades, acabaram por correr enormes riscos de contágio para sobreviver.

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Apesar da evidência do seu fracasso, o proibicio­nismo ganhou novo fôlego nas duas últimas décadas. 

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O modelo nórdico, que corresponde a uma tendência de retrocesso na Europa, concentra-se na criminalização dos clientes. Os resultados são desastrosos.

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Mitigado ou explícito, o proibicionismo não combate a prostituição.

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E [tem] como única consequência deixar as trabalhadoras do sexo mais vulneráveis.

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Chegou o momento de lhes dar voz e direitos.

Daniel Oliveira, “Expresso”

 

O primeiro-ministro (PM) assumiu alguns importantes compromissos com os portugueses, nas áreas do trabalho e da economia.

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Todavia, as políticas que vai pondo em prática surgem, cada vez mais, em oposição aos objetivos enunciados.

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O PM sabe que, se a inflação sobe e não se aumentam os salários, se agravam as injustiças, se reduz a parte dos salários na riqueza produzida e, em regra, aumentam os lucros.

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Como é possível chegar àquela meta, se no primeiro dos quatro anos (2022) o Governo impõe, na Administração Pública (AP), um aumento salarial nominal de 0,9%?

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António Costa sabe muito bem que, historicamente, as políticas aplicadas na Administração Pública - as salariais e laborais, as de emprego e até as de gestão - são não só um sinal como também o motor das práticas privadas.

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Estas contradições minam as condições de envolvimento e de responsabilização das empresas e da sociedade.

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Todos sabemos que os aumentos dos produtos energéticos têm tido uma forte componente especulativa.

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Entretanto, vários membros do Governo, que juram ser contra a austeridade, têm-se ocupado a argumentar que o aumento dos salários podia agravar a inflação. 

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Tornar-se-á evidente que estão a virar a página para uma nova austeridade.

Carvalho da Silva, JN

 

Se dúvidas houvesse, aí está este membro do Governo [ministro das finanças] a considerar o Estatuto do SNS como uma peça da máxima relevância para o Estado Social, dando a entender que sem estatuto o SNS corre o risco de não cumprir cabalmente a missão que lhe compete no fortalecimento das funções que cabem ao Estado.

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[31 de dezembro] é pouco tempo para matéria tão complexa, embora o assunto não seja novo e já tenha sido objecto de discussão, antes da dissolução da Assembleia da República, em Dezembro de 2021.

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Mau grado as palavras do ministro das Finanças, a verdade é que, desde que tomou posse, a ministra da Saúde tem vindo a alimentar um intrigante silêncio sobre o assunto.

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Porém, quem trabalha no SNS e também quem o utiliza prefere saber o que é previsível acontecer, a que critérios obedece a sua organização e funcionamento.

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Qual é, então, a pressa no Estatuto? Principalmente, aquilo que leva mais de 20 anos de atraso, o sistema de administração de proximidade da saúde, a solução organizativa que integre num mesmo dispositivo os agentes responsáveis pelos determinantes da saúde.

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É bem possível que no final da legislatura se comece a ver sinais de mudança, na condição de Lei de Bases e Estatuto estarem conceptualmente alinhados e serem outras tantas orientações da política de saúde.

Cipriano Justo, “Público” (sem link)

 

Na vida como professor, tenho insistido junto de quem escuta que a minha intervenção no espaço partilhado da aula, mais que destinada a comunicar saber, se destina a fazer com que cada aluno ou aluna seja capaz de usar o conhecimento para pensar por si.

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Sublinho sempre: “criticar não é ‘dizer mal’, é dizer mais”.

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Ela [crítica] precisa de informação, de acesso ao contraditório e de reconhecimento da pluralidade das hipóteses, sendo este conjunto de fatores, a par da criatividade e da ousadia pessoal, a determinar a sua força e utilidade.

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Apenas as pessoas que vivem de uma fé, seja esta religiosa, política, filosófica, ou mesmo “científica”, podem satisfazer-se com uma perspetiva monolítica da realidade.

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A pluralidade é então uma opção de vida, levando a que jamais se aceite algo como adquirido “para sempre”.

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[Assim] muitas dessas pessoas têm dificuldade, sem contrariarem o papel indispensável dos partidos políticos, em juntar-se a eles ou em aceitar de forma acrítica algumas das suas propostas.

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De pouco serve [quem integra um partido] – no plano da vida democrática ou no da satisfação pessoal – refugiar-se no conforto do grupo e falar apenas para quem pensa da mesma forma e não quer ser surpreendido ou contrariado.

Rui Bebiano, “Diário as beiras”


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