(…)
De
igual modo, são constatadas novas plantações na
margem de cursos de água, após destruição de toda a galeria ripícola, bem como
de antigos socalcos murados.
(…)
O
caricato é este alastrar de ilegalidade atingir uma “iniciativa emblemática no país”,
promovida em Pedrógão Grande pela própria associação que representa as empresas
de celulose, conforme noticiado neste jornal.
(…)
O que
está em causa é o rigor, ou a falta dele (propositado?), que a própria
associação das celuloses anuncia assegurar.
(…)
[Para
a entidade representativa das celuloses] A lei é
para cumprir só até onde os nossos olhos alcançam?
(…)
Muito
devido à inexistência de fiscalização por parte das entidades competentes, são
perpetuados atentados ambientais desta índole, que prejudicam gravemente o
património natural e paisagístico comunitários.
(…)
[A autoridade florestal nacional] acaba, em geral, por
não exigir o arranque das plantações ilegais.
(…)
Ao
agendar apenas para 2025 a realização de novo Inventário Florestal Nacional
(IFN) - o último teve por base 2015 - o Governo acaba por premiar a estratégia
das celuloses em fazer aumentar a área destas plantações, mesmo contrariando a
lei.
(…)
Como
em regra o eucaliptal após três cortes tende a ser abandonado, o passivo ambiental da sua presença no
território aumentará significativamente.
(…)
Não
serão as celuloses ou os proprietários dessas plantações que irão financiar o
grosso da redução do passivo ambiental decorrente do eucaliptal abandonado.
Paulo Pimenta de Castro e Manuel Malva, “Público” (sem link)
O país
vem sendo destruído paulatinamente, ano após ano, sempre tudo envolvido pela
tal retórica de falsa eficiência que encobre uma visão e uma estratégia
completamente erradas para a sustentabilidade do território.
(…)
Mais um estudo [que o primeiro-ministro promete para depois
do incêndio na serra da Estrela] mais uma comissão ou grupo de trabalho – a
habitual solução para que continue tudo na mesma.
(…)
[Talvez esse novo estudo] invente soluções iluminadas como as
que deram cabo das Áreas Protegidas e da Autoridade Florestal Nacional.
(…)
Quando
havia uma ocupação territorial por casas e postos de
guardas, era difícil alguém deambular a horas mortas por locais de mau acesso,
pois havia forte probabilidade de ser notado.
(…)
E como
seria hoje tão facilitado o trabalho dos guardas com a videovigilância e outras
tecnologias, no início dos incêndios - mas, para isso, era precisa a
organização que o primeiro-ministro ajudou a derrubar.
(…)
O primeiro-ministro não consegue reconhecer que ele mesmo é
responsável pelo desastre da desagregação do sector agro-florestal: quando
em 2006, ainda ministro da Administração Interna, (…), deu o pontapé de saída
para o estado a que chegámos hoje.
(…)
Quando
com a ministra Assunção Cristas deixaram arder o Pinhal de Leiria, porque
tinham retirado de lá os guardas e as dezenas de trabalhadores que mantinham a
Mata do Rei em condições, foi o clímax glorioso desta estratégia criminosa que
continuou com os governos seguintes.
(…)
A
prevista substituição gradual da floresta da serra da Estrela por espécies
autóctones de folhosas não se fez; o ordenamento qualitativo da paisagem, com
pastagem, agricultura de montanha e floresta nunca se fez.
(…)
O que
está mal é toda a desagregação do sector primário e a ineficácia só comparável
à arrogância de ministros que se têm ocupado de agricultura, floresta e
ambiente.
Fernando Santos Pessoa, “Público” (sem link)
Há um alarmante aumento do número de mortes, sem que os
serviços esclareçam porquê.
(…)
Cresce o fecho de urgências por falta de médicos e
enfermeiros.
(…)
Aumenta o número dos inscritos no SNS sem médico de família.
(…)
Alguns hospitais começaram a pôr internos do 6.º ano a
trabalhar como especialistas.
(…)
O que
João Costa quis (e conseguiu) foi retirar a professores com doenças graves um
direito constitucionalmente protegido e lançar a desconfiança sobre eles.
(…)
A palavra de João Costa continua a ser a palavra da
propaganda e da adulteração da realidade.
(…)
Em
conferência de imprensa anunciou que 97,7% dos 13.101 horários pedidos pelas
escolas já têm professores atribuídos (12.791) e que, por isso, o próximo ano
começará quase sem alunos sem professores. Infelizmente é falsa a afirmação.
(…)
A noção
exacta de quantos professores necessitam as escolas estava longe de ser
conhecida quando João Costa falou. No início do ano voltará o caos da falta de
professores.
(…)
Pergunte-se
aos [médicos e professores] que saíram o que seria necessário para que
aceitassem regressar. A resposta seria a mesma: salário e condições de trabalho
dignas.
(…)
[Marta Temido e João Costa] são hoje dois exemplos de como as
maiorias absolutas geram ministros absolutistas e incapazes.
Santana Castilho, “Público” (sem link)
Uma voz oficial da Igreja Católica [Eugénia Quaresma] dizia
claramente que a xenofobia e o racismo no discurso política é uma situação
“muito grave” que tem vindo a aumentar.
(…)
Uma voz da hierarquia dizia que o Chega, apesar de o
seu líder fazer muito uso da sua condição de católico, é um partido que não
respeita os valores cristãos.
(…)
Não conheço Eugénia Quaresma,
mas do que já lhe ouvi e li ao longo dos últimos anos parece-me que sabe que há
assuntos em que não se pode compactuar, em que é preciso ficar ao lado de quem
está do lado certo.
(…)
[André Ventura] mostrando que
não sabe conviver com a diferença, fez um comunicado a pedir a demissão de
Eugênia Quaresma por delito de opinião.
(…)
A Igreja Católica não se deve
“imiscuir na vida política e partidária”, mas o Chega pode pedir demissões na
estrutura da Igreja Católica. E pode pedir explicações a essa mesma
Igreja.
(…)
E é aí que Ventura também
mostra bem aquilo que é: um manobrador que aproveita toda e qualquer situação
para fazer crescer o seu discurso.
(…)
Ventura só quer mesmo
aproveitar o momento.
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