(…)
O que
foi bom para lhe dar a vitória não chega para o derrotar.
(…)
Na sua
última entrevista televisiva, em que disse uma mentira em cada três minutos, o
Presidente garantiu que respeitará eleições limpas para, logo depois, dizer que
não acredita que o sejam.
(…)
Como
Trump, Bolsonaro foi frito pela covid. O ódio não protege, a mentira não vacina.
(…)
A
gestão catastrófica da pandemia, (…), marcou o destino do seu primeiro
mandato.
(…)
Para
ele, “idiota” é o pobre, que vota maioritariamente em Lula.
(…)
Se
Bolsonaro perder — a debandada de oportunistas assim o indica —, não é pelo
ódio que espalhou ou pela corrupção que persistiu. Será pela incompetência.
(…)
Quando
um Congresso liderado pelo primeiro réu da Lava-Jato e com mais de metade dos
seus membros indiciados por crimes, destituiu uma das poucas políticas honestas
do Brasil, começou o golpe.
(…)
Apesar
do espetáculo degradante daquele dia, ainda não se previa que aquela aberração
política se transformaria no Presidente do Brasil.
(…)
Com a
esquerda sem candidato e o centrão comprometido com a selvajaria social do
governo de Temer, o vazio tornou possível o impensável. No caos, venceu o
imbecil que gritava mais alto.
(…)
A
escolha de Alckmin para vice de Lula repete a estratégia de Dilma e só pode
repetir o resultado. Mas a alternativa era entregar o poder a mais quatro anos
de ódio.
(…)
O perigo
deve ser levado a sério porque a natureza da direita brasileira é golpista e
antidemocrática.
Daniel Oliveira, “Expresso” (sem link)
Este é, provavelmente, o ano em que mais
sentimos a gravidade dos problemas climáticos e ambientais.
(…)
É possível mudar a organização dos
territórios e espaços de habitação, corrigir estilos de vida, utilizar riqueza
existente para proteger povos e países em situações mais frágeis.
(…)
Nas movimentações dos países e blocos que
determinam as relações à escala global, os incendiários belicistas dominam como
já não acontecia há muito tempo.
(…)
A imposição de uma visão dicotómica do
Mundo e da necessidade de "guerras justas" - doutrina agora reforçada
no nosso Ocidente - ajudam a bloquear soluções.
(…)
[Temos]
o dever de não desistirmos
das pequenas/grandes utopias e de nos responsabilizarmos como cidadão plenos.
(…)
A Direita critica a obsessão do défice,
não para que haja investimento onde ele é indispensável, mas sim para que o
reforço momentâneo dos recursos do Estado desague nos mesmos de sempre.
(…)
Para os trabalhadores e setores
desprotegidos da população [a direita] só tem o "programa de emergência
social" - o velho assistencialismo caritativo.
(…)
[Os problemas estruturais do país
exigem do Governo] abandonar o relacionamento doentio com empresários da
pedinchice e das negociatas, substituindo as "ajudas" que lhes vem
oferecendo por apoios escrutináveis e com contrapartidas.
(…)
[Os problemas estruturais do país
exigem do Governo] apostar na segurança no emprego e em melhorar os salários.
(…)
Há pequenas utopias realizáveis.
É provável que as perdas humanas [da guerra na Ucrânia] sejam
significativamente superiores [à notícia da ONU], devido à informação
deficiente que chega de áreas sob conflito intenso.
(…)
Sem
surpresa, a guerra levou à rápida deterioração da situação económica na
Ucrânia: o Banco Mundial prevê uma quebra de 45% do PIB
do país em 2022.
(…)
O défice público ucraniano eleva-se a 5 mil milhões de euros
por mês.
(…)
[Existe um] total de necessidades de financiamento externo de
9 mil milhões por mês.
(…)
Em
percentagem do PIB, os maiores doadores são a Estónia, a Letónia, a Polónia e a
Lituânia, o que sublinha a tal importância da vizinhança geográfica e, de
alguma forma, questiona a extensão da solidariedade europeia.
(…)
As sanções económicas [à Rússia] vão fazendo o seu caminho.
(…)
Ainda
assim, a economia russa tremeu, mas aguentou-se; as previsões apontam para uma
quebra do PIB de 4 a 6% em 2023: nada que se compare ao trambolhão ucraniano.
(…)
O
balanço das ajudas e das sanções gerais é, por isso, mitigado: estamos muito
para lá do que era imaginável em fevereiro, mas muito aquém de fazer tudo o que
nos compete.
(…)
Embora
seja impossível calcular o valor das fortunas destes indivíduos [bilionários
russos sancionados], os 87 presentes na lista da Forbes de 2022 tinham uma fortuna conjunta de
320 mil milhões.
(…)
Tanto
a ajuda como as sanções gerais (vide adaptação à escassez de gás) comportam
custos para a população dos países ocidentais.
(…)
O
negócio do secretismo explorado pelos oligarcas russos e que o Registo Europeu
de Ativos viria enfraquecer serve todos os cleptocratas que vivem à custa da
miséria dos povos respetivos.
(…)
Os perdedores podem ser poucos, mas são poderosos, e cada um
tem muito a perder.
(…)
Vendo melhor, não admira que os oligarcas se vão safando.
Susana Peralta, “Público” (sem link)
Sem comentários:
Enviar um comentário