(…)
Por
isso, ler hoje que “o SNS é uma ideologia” em alguma coluna ou entrevista, ou
sobretudo nalgum discurso político, (…), [será] um sinal cabalístico para o
reconhecimento mútuo de quem promove o culto da empresa como uma renda.
(…)
[Pretende-se
um efeito de intoxicação] que insiste em que o privado é melhor do que o
público a gerir a coisa pública.
(…)
[As crises
financeiras] que, de tão frequentes, dificilmente comprovam um paraíso eficiente
[no que diz respeito à gestão privada].
(…)
O
argumento é antes que o público não sabe gerir o público e, por isso, o privado
se deve encarregar de tal função.
(…)
Graças
ao predomínio desta estratégia, a canalização da despesa social para as
receitas das empresas tornou-se um dos modos predominantes de acumulação no
nosso tempo.
(…)
Nos EUA,
esse processo, constitutivo da relação secular entre empresas e o Estado,
agrava-se agora.
(…)
Na
Europa e noutros lugares, o caminho é mais disputado, mas é idêntico.
(…)
Nada
disto segue um guião de redução do Estado.
(…)
Na
emergência da pandemia, os gastos públicos em todo o mundo dispararam em cerca
de 16% do PIB mundial.
(…)
O
Estado funciona e faz falta, até os liberais reconheceram, ainda que
pesarosamente.
(…)
Ora,
esse funcionamento do Estado constitui o centro da disputa política e
económica, dado que a captura de bens e serviços públicos se tornou o eldorado
do início do século XXI.
(…)
Na
OCDE, o sector público representava, em média, 17% do total da capitalização
das empresas em 2017 e desceu para 10% em 2020.
(…)
Se
verificarmos o mapa das maiores empresas do mundo, os sucessos mais fulgurantes
são de empresas públicas.
(…)
Este
processo de privatizações tem, em qualquer caso, um efeito pesado: a
concentração do poder plutocrático.
(…)
Se 10%
da população detém 84% das ações de todas as empresas cotadas naquele país
[EUA], a concentração de poder é irrefutável.
(…)
O
historiador Tony Judt já tinha escrito, em “Algo Vai Mal”, que esta economia
desloca o regime político.
(…)
Alguém se espanta com a ascensão de
Trump?
Francisco Louçã,
“Expresso” Economia (sem link)
Ainda
antes do aumento da temperatura prevista para as ondas de calor das próximas
semanas e na antecipação de um mês de Setembro mais complicado do que o do ano
transacto, os fogos florestais já fazem de Portugal o terceiro país com mais
área ardida na União Europeia neste ano.
(…)
O
aquecimento global, acompanhado de muito vento, baixa humidade e elevadas
concentrações de ozono é a realidade que prescreve desculpas para várias
justificações sem perdão.
(…)
É
criminoso o que de tão errado (não) se fez para que mais esta tragédia pudesse
acontecer. Nada é inevitável quando previsível.
(…)
É
dilacerante como mantemos intactas as inquietações.
(…)
A
necessidade de revisão da operacionalidade das coimas e da limpeza das matas é
evidente.
(…)
Definir
o que fazer com os excedentes da exploração florestal, recuperar, actualizar e
funcionalizar o cadastro dos terrenos é absolutamente imperioso.
À nossa volta vemos
fogo. Nas florestas deste país e noutros.
(…)
Conferência após
conferência climática, não vimos, contudo, esse fogo reflectido nos olhos de
quem julga ter poder.
(…)
Olhámos como a reacção aos nossos
protestos internacionais com milhões de manifestantes foi de
desresponsabilização e repetida negação da gravidade da crise que enfrentamos.
(…)
Investe-se em
combustíveis fósseis quando, seguindo os únicos planos realistas, temos de
atingir neutralidade carbónica até 2030.
(…)
Recusamos cair em
submissão num futuro que, seguido este curso de aumento de temperaturas, é
apocalíptico.
(…)
Vamos ocupar as nossas faculdades e secundários
até ganhar — impedir o normal funcionamento dos nossos espaços, com os nossos
corpos, até se garantir o fim aos fósseis até 2030.
(…)
No que toca às ciências, e seguindo o
nosso comunicado, sabemos
que “os cientistas estão fartos de serem ignorados e verem a sua mensagem
manipulada, sempre para proteger os interesses do sistema”.
(…)
Somos milhares, de todo o país e todo o
mundo, mas com uma só voz ergue-se o clamor da vida que exigimos defender: Fim
ao fóssil!
(…)
Temos muitas ideias e muitos meios de as
tornar realidade, mas as ocupas serão construídas por e para cada instituição,
garantindo uma força democrática em todo o processo.
Noah Zino e Matilde
Ventura, “Público” (sem link)
Não é segredo que viajar sozinha
(leia-se sem a companhia de uma figura masculina) é uma conquista recente das
mulheres. E muitas vezes, um desafio.
(…)
O volume de pesquisa para o termo
“viagem solo feminina” (female
travel solo, em inglês) em todos os mecanismos de pesquisa aumentou
62% nos últimos três anos.
(…)
No Brasil já foi criada
uma agência de viagens especificamente para mulheres negras que viajam a solo.
(…)
É uma realidade que para muitas pessoas
não negras poderá parecer estranha por não compreenderem os entraves que se
pode encontrar devido ao racismo quotidiano, estrutural e cultural.
(…)
Sempre que quero
viajar, há alguém que me tenta impedir ou dissuadir, e sempre pelas mesmas
questões raciais.
(…)
Sejamos
auroras negras, viajemos, e façamos a revolução na nossa existência quotidiana
de sermos mulheres negras felizes e conscientes.
Cláudia Silva, “Público” (sem link)
O crescimento da população nos Estados Unidos está em queda
há quase duas décadas.
(…)
[Para esta situação contribui uma sucessão de fatores:] o
aumento da mortalidade por causa da covid, o declínio da fertilidade e a
descida da migração internacional.
(…)
E esta última força, que poderia servir para contrabalançar
as outras, está também em queda.
(…)
[Nos EUA] a contratação de imigrantes,
ao contrário as opiniões pré-concebidas, tem um impacto positivo ou nulo e não
negativo nos salários dos norte-americanos.
António Rodrigues, “Público” (sem link)
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