(…)
Se a Ana Luísa Amaral dedicou grande parte da sua vida à
poesia, dedicou também a sua poesia à vida.
José Soeiro, “Expresso” online
Sanna Marin é uma mulher de 36 anos, com amigas e
amigos.
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Como qualquer pessoa saudável, diverte-se e vai a festas.
(…)
A oposição de direita caiu-lhe em cima.
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Todos devemos temer a fúria moralista da turba. O resultado
do teste à droga foi negativo.
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[Há pessoas que] preferem o poder mais opaco de
magistrados ou militares do que daqueles que dependem do seu voto e do seu
escrutínio.
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O “lado humano” do político é irrelevante. As pessoas são
contraditórias.
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Um ditador pode ser simples e simpático; um democrata pode
ser distante e arrogante.
(…)
A exibição da simplicidade e proximidade do político revela
quase sempre uma construção artificial para consumo público.
(…)
Mas há um tipo de político que consegue cavalgar as aparentes
“falhas” dos seus “colegas” e, no entanto, nunca ser julgado: o populista de
extrema-direita.
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Os seus erros e alarvidades são vistos como sinal de
espontaneidade.
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O voto na extrema-direita é um voto de cansaço com a
democracia.
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Os eleitores mais vocais contra a imoralidade geral da
política são os mais displicentes com a moralidade do candidato populista.
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O único político “genuíno” que é desejado é o que usa a sua
“espontaneidade” para exibir esta desilusão com a democracia.
(…)
Uma desilusão que tem razões legitimas (…), mas que também se
assemelha à desilusão que sentimos quando, chegados à adolescência, descobrimos
que os adultos são como nós.
Daniel Oliveira, “Expresso” online
(sem link)
As imagens
das manifestações [de 2011 da Geração à Rasca] preencheram o cenário mediático
dias a fio, e as vozes que expressaram todo o seu descontentamento nas ruas
aumentaram a pressão ao governo.
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Hoje,
volvida mais de uma década, sou recém-licenciado, entrei no mercado de trabalho
mas dou por mim a pensar que parvo que sou.
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Segundo
o estudo da Fundação Francisco Manuel do
Santos, três em cada quatro jovens que trabalham ganham apenas até 950
euros.
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A inflação sobe, os custos da energia sobem e as rendas das
casas teimam em não descer.
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Esta que é a geração mais qualificada de sempre, mas
continuamos reféns de carreiras sem expectativas de progressão.
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Os
jovens que procuram trabalho debatem-se com as ofertas que existem: ou estágios
não remunerados ou lugares que exigem cinco anos de experiência.
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A
idade de saída de casa dos pais continuou a escalar desde 2011 e está agora nos 33,6 anos, a mais alta da
União Europeia.
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O normativo carro-casa-casamento-filhos está
mais do que adiado, está quase inacessível por todos os factores que já vimos
até aqui.
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Afinal, percebe-se que a música dos Deolinda mostra que o
país não melhorou para os jovens.
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Mas se a música continua fresca, onde está o descontentamento
e os jovens?
Alexandre Santos, “Público” (sem link)
Depois
dos vídeos que mostravam a primeira-ministra finlandesa a dançar com amigos
numa festa em casa, Sanna Marin submeteu-se a um teste de despiste de drogas. O
resultado foi negativo.
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[Sanna Marin] submeteu-se a um teste à urina
que terá despistado um largo espectro de drogas, em que se incluía a cocaína.
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Quem
defendeu a realização de um teste quis sobretudo exercer poder sobre a
primeira-ministra. Muito mais do que desencadear uma investigação, deu início a
um jogo de poder.
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O que
foi pedido à primeira-ministra finlandesa, e que ela aceitou, é igual ao que se exigia
às mulheres — em vários países ainda acontece — para verificar a sua
virgindade.
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Novamente foi pedido a uma mulher que fizesse prova da sua virtude, depois de,
novamente, se ter feito uma mulher passar por um escrutínio público pelo qual
um homem, em iguais circunstâncias, não teria passado.
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O tratamento diferenciado a homens e mulheres está sempre bem
presente.
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Sim, deveríamos todos lamentar que um procedimento destes
tenha sido utilizado. Ganhou a caça às bruxas.
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Mas a
causa feminista teria mais a agradecer a Sanna Marin, se ela tivesse recusado
fazer o teste. Já mostrámos os lençóis demasiadas vezes.
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A luta feminista deve estar neste direito a ser livre.
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A posição da primeira-ministra ficou mais segura. A posição
das mulheres, enquanto colectivo, ficou na mesma.
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Estes
episódios, que despertam simpatia pela primeira-ministra, não devem fazer
esquecer as suas políticas; muito especialmente a decisão de deportar curdos.
Carmo Afonso, “Público” (sem link)
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