(…)
Agitar o fantasma de uma alegada insustentabilidade iminente
do sistema tem sido há anos o método da direita.
(…)
Este discurso pretende justificar cortes no imediato e abrir
o campo às propostas de privatização parcial.
(…)
Em suma, [em 2015, à esquerda] concordou-se que não era
cortando pensões nem congelando a lei de atualização que se podia garantir a
sustentabilidade.
(…)
E o sistema equilibrou-se com essa orientação.
(…)
Em julho passado, a receita da Segurança Social era superior
às despesas em 2,5 mil milhões de euros.
(…)
A sustentabilidade foi garantida pelo crescimento do emprego
e das quotizações, pela recuperação de rendimentos no pós-2015 e foi reforçada
noutra dimensão: pelas novas fontes de financiamento criadas.
(…)
Desde 2017, o chamado “imposto Mortágua” [(o adicional ao IMI
sobre o património de luxo)] tem trazido cerca de 150 milhões de euros por ano
para o sistema.
(…)
A capacidade do Fundo de Estabilização Financeira da
Segurança Social foi prolongada em 20 anos.
(…)
Mas a sustentabilidade da Segurança Social não depende de
decisões isoladas sobre a atualização das pensões no próximo ano.
(…)
Tem de ser analisada tendo sempre em conta, de forma
integrada, três dimensões: o fator demográfico (…), os fatores económicos (…) e
os mecanismos de funcionamento e de financiamento do próprio sistema (…).
(…)
Os fatores que, no passado, mais desequilibraram a
sustentabilidade da Segurança Social resultaram de escolhas de política
económica: aumento do desemprego (…), precariedade (…), baixos salários (…) e
emigração (…).
(…)
A direita teve sempre sobre este tema, de forma mais assumida
ou mais mitigada, uma tese: o atual sistema não é sustentável; e uma estratégia
para lhe responder: seria preciso congelar atualizações e cortar pensões.
(…)
Ao dizer agora que a lei de Vieira da Silva, a que jurara
fidelidade em junho, afinal não serve, [Costa] corta na base das pensões
futuras e abre a porta a uma alteração estrutural do sistema.
(…)
Mais uma vez, Costa e a ministra do trabalho mobilizam o tema
da “sustentabilidade” de forma errática e instrumental, como já tinham feito em
debates anteriores, avançando números e cenários cujas contas não são
apresentadas.
José Soeiro, “Expresso” online
Nunca a morte de um político, mais ainda de quem tivesse
representado o seu povo por eleição, recebeu tal atenção.
(…)
Esta morte [de Isabel II] telenovelisada é a chave para
tentar preservar o prestígio na representação de uma monarquia que sofre sempre
que passa o poder.
(…)
E morreu Godard.
(…)
Godard marcou mais o nosso tempo do que Elizabeth.
(…)
Godard deixa uma herança, vamos ver os filmes dele enquanto
houver cinema. Elizabeth deixou Carlos e uma família que em parte se mostra e
em parte se evita.
(…)
Para o que interessa, que é a cultura, (…), é de Godard que
nos vamos lembrar.
Francisco Louçã, “Expresso” online
(sem link)
[Na Chechénia e na Síria] Vladimir Putin não precisava
de mais do que bombas e falta de escrúpulos.
(…)
[Na Ucrânia] teve mesmo de combater no terreno e a força
bruta serve-lhe de pouco.
(…)
Não devemos desprezar, nesta fase, o apoio militar,
estratégico e de informação militar que vem dos seus aliados, sobretudo dos
Estados Unidos.
(…)
O nível de impreparação que uma potência militarmente
muitíssimo superior à Ucrânia mostra, depois de pretender ocupar um território
maior do que a Península Ibérica.
(…)
Esta guerra já teve muitos avanços e recuos e terá
seguramente outros.
(…)
[Um comentador disse] na CNN, que, com esta reviravolta, a
paz estava agora mais distante.
(…)
A frase denuncia a “paz” que algumas pessoas parecem desejar:
a paz do ocupante que é o inferno do ocupado.
(…)
Quem respeita o direito dos povos à sua autodeterminação (…)
apoia quem perturbe a paz de quem esmaga a condição primeira para a sua
liberdade, que é a soberania.
(…)
[Sou] alguém que acredita que só vive em liberdade e
democracia quem é dono do seu próprio destino.
(…)
Desejo a paz possível.
(…)
Quem espera o “tudo ou nada” não se preocupa com as vítimas
que a guerra deixa no caminho, fora e dentro da Ucrânia.
(…)
Mas quem acha que recuperação militar dos ucranianos afasta a
Europa da paz não está preocupado com os efeitos da guerra, está preocupado com
o tipo de paz que será conquistada.
(…)
O mínimo que podemos exigir é que os Estados Unidos, a Europa
e todos os que tenham algum poder externo neste conflito não sejam, em nenhum
momento, um travão à paz possível.
Daniel Oliveira, “Expresso” online
(sem link)
Há uma
lei que regula o mecanismo de actualização das pensões de reforma.
António Costa, qual senhor feudal, suspendeu-a autocraticamente e ludibriou os
súbditos, consciente de que a maioria em que se apoia não lhe porá travão
ético.
(…)
O truque foi baixo, mas teve o alto e instantâneo patrocínio
de Marcelo Rebelo de Sousa.
(…)
Em
declarações recentes, o ministro da Educação referiu-se a “padrões de baixas médicas
irregulares” por parte dos professores e revelou que está em fase de
adjudicação a contratação de juntas médicas para as “vigiar” e “identificar”,
eventualmente, como irregulares.
(…)
Porque
nestas colunas denunciei macabras decisões de juntas que decretaram o retorno
às aulas de professores vítimas de doenças terminais, que morreram dias volvidos,
estarei particularmente atento às anunciadas 7500 juntas do século XXI.
(…)
As
baixas são um epifenómeno resultante de dois factores: a classe docente está
fortemente envelhecida e temos demasiados professores sem saúde para exercer.
(…)
João
Costa disseminou o medo no seio dos professores mais fragilizados do sistema.
Mentiu e manipulou a opinião pública, provocando-lhe falsas emoções e
sentimentos sobre esse grupo de docentes.
(…)
[A falta de docentes é] tão-só problema comum a todos os
países que incensaram as doutrinas neoliberais de menorização dos servidores
públicos.
(…)
João
Costa tem feito tudo para transformar os professores em operários da sua
escola, uma escola sem integridade pedagógica e científica.
Santana Castilho, “Público” (sem link)
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