quarta-feira, 14 de setembro de 2022

CITAÇÕES À QUARTA (20)

 
A sustentabilidade da segurança social é uma condição fundamental da existência de um sistema público e confiável de proteção. 

(…)

Agitar o fantasma de uma alegada insustentabilidade iminente do sistema tem sido há anos o método da direita. 

(…)

Este discurso pretende justificar cortes no imediato e abrir o campo às propostas de privatização parcial.

(…)

Em suma, [em 2015, à esquerda] concordou-se que não era cortando pensões nem congelando a lei de atualização que se podia garantir a sustentabilidade.

(…)

E o sistema equilibrou-se com essa orientação.

(…)

Em julho passado, a receita da Segurança Social era superior às despesas em 2,5 mil milhões de euros.

(…)

A sustentabilidade foi garantida pelo crescimento do emprego e das quotizações, pela recuperação de rendimentos no pós-2015 e foi reforçada noutra dimensão: pelas novas fontes de financiamento criadas.

(…)

Desde 2017, o chamado “imposto Mortágua” [(o adicional ao IMI sobre o património de luxo)] tem trazido cerca de 150 milhões de euros por ano para o sistema.

(…)

A capacidade do Fundo de Estabilização Financeira da Segurança Social foi prolongada em 20 anos.

(…)

Mas a sustentabilidade da Segurança Social não depende de decisões isoladas sobre a atualização das pensões no próximo ano. 

(…)

Tem de ser analisada tendo sempre em conta, de forma integrada, três dimensões: o fator demográfico (…), os fatores económicos (…) e os mecanismos de funcionamento e de financiamento do próprio sistema (…). 

(…)

Os fatores que, no passado, mais desequilibraram a sustentabilidade da Segurança Social resultaram de escolhas de política económica: aumento do desemprego (…), precariedade (…), baixos salários (…) e emigração (…).

(…)

A direita teve sempre sobre este tema, de forma mais assumida ou mais mitigada, uma tese: o atual sistema não é sustentável; e uma estratégia para lhe responder: seria preciso congelar atualizações e cortar pensões.

(…)

Ao dizer agora que a lei de Vieira da Silva, a que jurara fidelidade em junho, afinal não serve, [Costa] corta na base das pensões futuras e abre a porta a uma alteração estrutural do sistema.

(…)

Mais uma vez, Costa e a ministra do trabalho mobilizam o tema da “sustentabilidade” de forma errática e instrumental, como já tinham feito em debates anteriores, avançando números e cenários cujas contas não são apresentadas.

José Soeiro, “Expresso” online

 

Nunca a morte de um político, mais ainda de quem tivesse representado o seu povo por eleição, recebeu tal atenção.

(…)

Esta morte [de Isabel II] telenovelisada é a chave para tentar preservar o prestígio na representação de uma monarquia que sofre sempre que passa o poder.

(…)

E morreu Godard.

(…)

Godard marcou mais o nosso tempo do que Elizabeth.

(…)

Godard deixa uma herança, vamos ver os filmes dele enquanto houver cinema. Elizabeth deixou Carlos e uma família que em parte se mostra e em parte se evita.

(…)

Para o que interessa, que é a cultura, (…), é de Godard que nos vamos lembrar.

Francisco Louçã, “Expresso” online (sem link)

 

[Na Chechénia e na Síria] Vladimir Putin não precisava de mais do que bombas e falta de escrúpulos.

(…)

[Na Ucrânia] teve mesmo de combater no terreno e a força bruta serve-lhe de pouco.

(…)

Não devemos desprezar, nesta fase, o apoio militar, estratégico e de informação militar que vem dos seus aliados, sobretudo dos Estados Unidos.

(…)

O nível de impreparação que uma potência militarmente muitíssimo superior à Ucrânia mostra, depois de pretender ocupar um território maior do que a Península Ibérica.

(…)

Esta guerra já teve muitos avanços e recuos e terá seguramente outros.

(…)

[Um comentador disse] na CNN, que, com esta reviravolta, a paz estava agora mais distante.

(…)

A frase denuncia a “paz” que algumas pessoas parecem desejar: a paz do ocupante que é o inferno do ocupado.

(…)

Quem respeita o direito dos povos à sua autodeterminação (…) apoia quem perturbe a paz de quem esmaga a condição primeira para a sua liberdade, que é a soberania.

(…)

[Sou] alguém que acredita que só vive em liberdade e democracia quem é dono do seu próprio destino.

(…)

Desejo a paz possível.

(…)

Quem espera o “tudo ou nada” não se preocupa com as vítimas que a guerra deixa no caminho, fora e dentro da Ucrânia.

(…)

Mas quem acha que recuperação militar dos ucranianos afasta a Europa da paz não está preocupado com os efeitos da guerra, está preocupado com o tipo de paz que será conquistada.

(…)

O mínimo que podemos exigir é que os Estados Unidos, a Europa e todos os que tenham algum poder externo neste conflito não sejam, em nenhum momento, um travão à paz possível. 

Daniel Oliveira, “Expresso” online (sem link)

 

Há uma lei que regula o mecanismo de actualização das pensões de reforma. António Costa, qual senhor feudal, suspendeu-a autocraticamente e ludibriou os súbditos, consciente de que a maioria em que se apoia não lhe porá travão ético.

(…)

O truque foi baixo, mas teve o alto e instantâneo patrocínio de Marcelo Rebelo de Sousa.

(…)

Em declarações recentes, o ministro da Educação referiu-se a “padrões de baixas médicas irregulares” por parte dos professores e revelou que está em fase de adjudicação a contratação de juntas médicas para as “vigiar” e “identificar”, eventualmente, como irregulares.

(…)

Porque nestas colunas denunciei macabras decisões de juntas que decretaram o retorno às aulas de professores vítimas de doenças terminais, que morreram dias volvidos, estarei particularmente atento às anunciadas 7500 juntas do século XXI.

(…)

As baixas são um epifenómeno resultante de dois factores: a classe docente está fortemente envelhecida e temos demasiados professores sem saúde para exercer.

(…)

João Costa disseminou o medo no seio dos professores mais fragilizados do sistema. Mentiu e manipulou a opinião pública, provocando-lhe falsas emoções e sentimentos sobre esse grupo de docentes.

(…)

[A falta de docentes é] tão-só problema comum a todos os países que incensaram as doutrinas neoliberais de menorização dos servidores públicos.

(…)

João Costa tem feito tudo para transformar os professores em operários da sua escola, uma escola sem integridade pedagógica e científica.

Santana Castilho, “Público” (sem link)


Sem comentários:

Enviar um comentário