sábado, 17 de setembro de 2022

MAIS CITAÇÕES (198)

 
Os trabalhadores e os reformados, que vêm perdendo rendimentos aceleradamente, vão ver essa situação invertida?

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António Costa pode jurar que não abandonou esses objetivos [equilibrar a injusta repartição do rendimento nacional, muito desfavorável ao trabalho], mas as políticas que vem promovendo negam a sua viabilidade.

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Com a pandemia e os primeiros sinais de inflação, rapidamente exponenciados com a invasão da Ucrânia, o cenário que nos era apresentado em 2019 foi-se dissolvendo no ar.

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O palpite do governador [do BP no sentido de que os aumentos salariais em contexto de inflação contribuem para uma forte subida dos preços] foi prontamente assumido pelo Governo como verdade científica.

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Os objetivos anunciados pelo Governo para a atualização salarial da Administração Pública - que contamina sempre toda a negociação salarial - indiciam que está em curso, não a revalorização salarial prometida, mas sim novo afundamento dos rendimentos (reais) dos trabalhadores.

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Se essa atualização [do rendimento] não ocorrer e o rendimento de que se dispunha antes do aumento dos preços for acrescido de uma percentagem inferior à taxa de inflação, então o valor real do rendimento degrada-se.

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O efeito da inflação torna-se permanente, repercute-se no futuro.

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Isto é particularmente grave para os pensionistas para quem é difícil compensar a degradação do valor real da pensão com outras fontes de rendimento.

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As transferências ocasionais desligadas da consolidação dos direitos sociais fundamentais (ancoradouro da cidadania e da democracia), são caminho perigoso.

Carvalho da Silva, JN

 

Imaginemos que a Serra da Estrela, além de ser uma zona protegida por um parque natural, era em si mesma um sujeito legal com direitos.

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A Serra poderia, nestas circunstâncias, processar o Estado por não a ter protegido dos devastadores incêndios que destruíram extensas áreas do seu território.

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Esta questão [segundo a qual a Serra da Estrela não se poder representar legalmente] prende-se com um debate sobre os direitos da natureza que se tem vindo a estender a várias nações, algumas dos quais já consagraram os direitos do mundo natural nos seus sistemas jurídicos.

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Os direitos da natureza vão mais longe e estabelecem que o mundo natural, como um todo, ou determinadas entidades naturais, tais como a Serra da Estrela, são sujeitos de direito, independentemente da sua relação com os seres humanos.

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Trata-se de descentralizar a humanidade como a fonte de onde derivam todos os direitos e de reconhecer o valor intrínseco do mundo natural.

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O Equador foi o primeiro país do mundo a reconhecer, na sua Constituição de 2008, que a natureza tem direitos inalienáveis.

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Cabe a qualquer cidadã ou cidadão, bem com a entidades públicas ou privadas, pugnar pelos direitos do mundo natural.

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Seguindo as passadas do Equador, a Bolívia promulgou em 2010 a “Lei dos Direitos da Mãe Terra,” que adota o carácter de sujeito coletivo de interesse público.

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Esta lei cria ainda uma provedoria da Mãe Terra que tem como função velar pela vigência, promoção, difusão e cumprimento dos direitos da natureza.

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Já a Colômbia seguiu um caminho diferente, optando por outorgar direitos a determinadas regiões e biomas relevantes para o país.

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A forte presença nesta região [amazónica e andina] de povos indígenas, que reconhecem o mundo natural como parte integrante da sua vida social e até familiar, foi decisiva para as mudanças no entendimento jurídico da natureza nestes países.

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Para a vasta maioria das populações indígenas desta área, não há uma separação entre os seres humanos e o meio ambiente.

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A noção de direitos da natureza resulta assim de uma combinação entre conceções indígenas do mundo natural e a linguagem jurídica ocidental.

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O governo deste país [Nova Zelandia] atribuiu em 2017 personalidade jurídica ao Rio Whanganui, ao declarar este curso de água um todo que se estende das montanhas até ao mar.

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A Nova Zelândia já tinha dado um passo no sentido de reconhecer os direitos da natureza em 2014 ao extinguir o parque natural Te Urewera, (…), passando a ser uma entidade legal independente.

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Como resposta à degradação ambiental galopante que testemunhamos um pouco por todo o planeta, vários outros países ou regiões têm vindo a adotar a noção de direitos da natureza.

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Nos Estados Unidos, os direitos da natureza já fazem parte de leis locais em vários estados.

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Os direitos da natureza estão longe de ser uma panaceia para todos os problemas ambientais.

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A principal contribuição dos direitos da natureza será talvez a nível conceptual, levando as pessoas a reconhecer que lugares como a Serra da Estrela (…) são entidades vivas, que têm o direito à sua existência, tal como cada um de nós, seres humanos.

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No contexto da grave crise ambiental que o planeta atravessa, não estará na hora de Portugal considerar a introdução dos direitos da natureza no seu sistema legal?

Patrícia Vieira, “Público” (sem link)

 

A não ser que venha deflação, este pico de inflação terá, se pensões e salários não o acompanharem, um efeito permanente.

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Nas reformas, será uma queda nos custos previsíveis bem superior (quase o dobro) à redução de €600 milhões que Passos Coelho propunha em 2015.

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O Estado social depende de um contrato de confiança. Quando esse contrato é violado, foge quem pode e o resto fica com serviços públicos degradados. 

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Estamos a ver isso no SNS.

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Agita-se o fantasma da insustentabilidade.

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[O debate] devia concentrar-se nas fontes de financiamento e não no corte das prestações ou na entrega de parte do sistema aos mercados de capitais.

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Um corte imprevisto tem efeitos dramáticos [para os ensionistas].

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A confiança no Estado depende da confiança na política. 

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A palavra dada [por Costa] não será honrada. Nem com os pensionistas nem com os funcionários públicos.

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Para a previsão otimista de uma inflação de 7,4% a referência serão aumentos de 2%.

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A falta de confiança alimentada por carreiras e salários eternamente congelados, fez médicos ou professores não quererem trabalhar para o Estado.

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Não só distribuímos pior do que o resto da Europa o que produzimos, como o desequilíbrio tem-se agravado, com os salários a crescerem sempre abaixo da produtividade.

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É nestes momentos de crise que a divisão entre trabalho e capital se desequilibra de forma estrutural e dramática.

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Como Passos Coelho, firmeza [de Costa] com os fracos, cautela com os fortes.

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Mas já se percebeu que serão os de sempre a carregar o fardo da História no momento em que os lucros de quem devia ser regulado disparam.

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A forma como o Governo quer lidar com esta crise é a receita para afundar a nossa economia por mais umas décadas.

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Ou a esquerda mobiliza a rua contra isto, como fez em 2012, ou acordará com um Governo de direita e o incontornável Ventura lá dentro.

Daniel Oliveira, “Expresso” (sem link)


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