sexta-feira, 7 de junho de 2024

CITAÇÕES (758)

 
Este Governo é uma direção de campanha.

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Tem planos rapidíssimos para tudo, porque tudo tinha de ser apresentado antes das eleições.

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[Há medidas a implementar] soterradas em toneladas de palha [de uma radicalidade desaconselhável a um Governo com 29%].

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O objetivo da apresentação, em catadupa, de embrulhos grandiosos enchidos com esferovite é impedir um debate sério de algumas medidas fraturantes e marcadamente ideológicas.

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Na habitação, das 30 medidas anunciadas, só meia dúzia tem aplicação nos próximos tempos. 

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Já a Contribuição Especial que tirou mais de mil casas em AL é revogada e regressa o regime de licenças eternas e transmissíveis.

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A principal proposta da AD, a descida do IVA da construção para 6%, ficou sem data marcada. 

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É assim com legislação feita à pressa e guia­da por dogmas ideológicos.

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O pacote para a saúde é ainda mais vago e ideológico. Em tanto slide, não houve uma proposta para reforçar a capacidade do SNS. 

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Os cuidados primários têm estado protegidos da rapina, por isso a grande novidade é a abertura das USF-C à gestão privada.

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Não há plano de emergência para lá do apoio aos grupos privados de saúde.

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Na imigração, repete-se o padrão: o que é necessário não é novo ou é para um dia destes, o que é novo e imediato é grave. 

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E não se compromete com prazos.

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Relevante é o fim da manifestação de interesse. Mata dois coelhos de uma cajadada: caça votos ao Chega e acaba com o risco de se verem filas na televisão. 

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[Esta decisão] apenas acaba com a possibilidade de novos imigrantes recorrerem a ela. 

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O fluxo migratório não se estanca por decreto. 

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Não virão seguramente pelos consulados, que nem aos vistos normais conseguem dar resposta.

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Os que, tendo trabalho, permanecerem sem qualquer possibilidade de legalização ficarão nas mãos das redes e de patrões sem escrúpulos.

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Por fim, o IRS Jovem, a proposta mais radical deste Governo, usando os jovens como balão de ensaio para a destruição do sistema fiscal progressivo e redistributivo.

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Se passar, a proposta para os jovens fará com que se um jovem que recebe mil euros, rendimento de dois terços das pessoas da sua geração, poupe 5% do seu rendimento, enquanto o que ganha 5000 euros poupa 20%.

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Apesar de representar apenas 29% dos eleitores e da confortável situação económica e orçamental que herdou (…) este Governo quer ser marcadamente ideológico.

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Mas debaixo de tanta palha há um rumo: destruição do sistema progressivo de impostos, privatização do SNS, combate à regulação imobiliária, cerco aos imigrantes.

Daniel Oliveira, “Expresso”

 

Catarina Martins e João Oliveira tiveram uma boa prestação enquanto cabeças de lista das forças políticas que representam.

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Qualquer um deles dará um grande eurodeputado e será aguerrido a defender as causas que conhecemos, com grande destaque para a mais importante: a dos trabalhadores.

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Qual é então o problema? Porque não é previsível que estas forças políticas tenham margem de crescimento nas eleições de domingo?

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O problema não está nas causas e não está nos candidatos.

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Importa encontrar uma caraterização do que é a classe trabalhadora.

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Usando este critério tão simples [de que se necessito de trabalhar, se não vivo de rendas, de lucros ou de benefícios empresariais, sou da classe trabalhadora]

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[Assim, a esmagadora maioria das pessoas, em Portugal] pertencem à classe trabalhadora.

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[Contudo] os trabalhadores portugueses estão alheados de que são trabalhadores e que meteram na cabeça que pertencem à classe média.

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Tenham presente que quase um milhão de portugueses ganham o salário mínimo nacional e que 56% dos trabalhadores, em Portugal, receberam menos de mil euros. Esta percentagem passa para 65% no caso dos jovens com menos de 30 anos.

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[Os jovens] recebem salários baixos e têm situações laborais precárias. Mas o discurso político da luta contra a precariedade ou o da reivindicação de melhores salários não os seduz.

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Não se veem como fazendo parte da classe trabalhadora e que acreditam que serão ricos.

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Votam em partidos [de direita ou extrema-direita] que pouco têm para lhes oferecer no que diz respeito a melhorar as condições de trabalho e de vida.

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Pertencer à classe trabalhadora saiu de moda.

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Os trabalhadores fazem de conta que pertencem à classe social a que aspiram pertencer. Uma classe social abastada e que dispensa o combate intenso às desigualdades sociais.

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[Curiosamente, foram as lutas das esquerdas] que lhes asseguraram aquilo que agora dão como adquirido, como 11 meses de trabalho para 14 meses de remuneração e tantos outros direitos.

Carmo Afonso, “Público” (sem link)


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