sexta-feira, 13 de setembro de 2024

CITAÇÕES

 
Choquei com a história dos haitianos que andam a comer gatos de estimação em Spring-field no Ohio, num tweet de Elon Musk.

(…)

Depois das redes, o boato saltou para o debate.

(…)

O mayor e a polícia da pequena cidade [Spring-field] já tinham desmentido a história.

(…)

Como acontece com a generalidade dos boatos, este nasceu de mentiras e meias verdades com origem difícil de identificar.

(…)

Verdade é que, desde a pandemia, uma cidade com 58 mil habitantes recebeu quase 20 mil imigrantes haitianos, que chegaram legalmente aos EUA para fugir ao caos do seu país.

(…)

Isto tem provocado uma enorme pressão sobre os serviços públicos e a habitação.

(…)

Ficar por aqui, seria debater política.

(…)

Já a história de imigrantes comerem animais domésticos é receita com provas dadas. É usada contra imigrantes asiáticos desde o final do século XIX. Não costumava era chegar aos debates presidenciais.

(…)

Com a ausência de imaginação do franchising português, o deputado Pedro Frazão lá fez o seu vídeo a dizer que por cá cães e gatos também estão no cardápio dos imigrantes.

(…)

As mentiras funcionam porque, quando chegam aos media, a desinformação já bombardeou a bolha polarizada com “factos” sem contraditório.

(…)

Esse é o processo de imbecilização coletiva das redes: enfiar as pessoas numa sala fechada onde só há gente que acredita no mesmo que elas e tornar óbvio o absurdo.

(…)

Imigração associada à criminalidade é o prato do dia em muitas televisões nos EUA.

(…)

O objetivo destas mentiras é dominar, através de alegações chocantes que têm de ser rebatidas, a agenda me­diática.

(…)

Enquanto nos rimos, a derrota de Trump no debate compete com memes sobre gatos comidos por imigrantes e o foco volta a estar na imigração. 

(…)

Não o conseguiram com argumentos fortes no confronto político, tentam com uma mentira suficientemente estapafúrdia para ser notícia.

Daniel Oliveira, “Expresso” (sem link)

 

Todos os anos, o mesmo ritual: a mesma violência psicológica, o mesmo sexismo, a mesma homofobia.

(…)

O ano académico em Coimbra começou, e com ele vem a tradição da gritaria violenta e coerciva a que alguns chamam “integração”.

(…)

O cenário assemelha-se a um pelotão do exército, bem organizado em colunas e linhas, onde os oficiais ladram como cães raivosos diante de uma massa de carne humana, pronta a ser obrigada a sair das trincheiras para a morte certa.

(…)

O pior é que, por vezes, este cenário transforma-se em tragédia real.

(…)

Estamos perante uma centena de estudantes recém-chegados. O cenário repete-se inúmeras vezes.

(…)

Legalmente, as práticas da praxe poderiam ser enquadradas como tortura.

(…)

Tudo isto acontece com a colaboração, conhecimento e consentimento de toda a autoridade.

(…)

Sou arrogantemente intimidado pelos líderes praxistas para sair do lugar quando tento intervir neste espetáculo fascistóide em plena praça pública.

(…)

Percebo por que razão a Reitoria da Universidade de Coimbra fecha os olhos perante este vale de lágrimas: a tradição praxista — de capa preta e fado machista — faz parte do património turístico.

(…)

Ao longo dos anos, tornou-se um bem comercial que se traduz numa fonte de receita.

(…)

Ao contrário de outras formas de assédio, este assédio massivo não acontece em gabinetes, à porta fechada — acontece abertamente, em público, ostentado para toda a gente ver.

(…)

Pergunto-me para que servem as comissões de ética, os cursos sobre prevenção de assédio e igualdade de género, obrigatórios nas universidades.

(…)

O mínimo que deve ser feito é desaconselhar a praxe, fazer prevenção, informar os estudantes e criar alternativas de integração.

(…)

Agarro-me à pequena esperança representada por uma minoria de estudantes que, por iniciativa própria, continua a promover uma valiosa ação chamada Cria’ctividade.

(…)

Para além das questões sociais e éticas, é imperativo agir pela própria qualidade do ensino.

(…)

Perturba-me que estas estudantes [praxistas] tenham passado claramente muito mais tempo na praxe do que nas aulas.

Jonas Van Vossole, “Público” (sem link)

 

Uma campanha orquestrada contra o Ministério Público. Foi assim que Lucília Gago, sem pestanejar, assegurou ser a matriz e o poço sem fundo original das críticas.

(…)

As declarações na Comissão de Assuntos Constitucionais, Direitos, Liberdades e Garantias adensaram o habitual passeio do nada e pouco mais.

(…)

[Tivemos] a confirmação da convicção de que a protagonista é a pessoa errada no lugar errado.

(…)

Ao reduzir todos os atropelos a excessos “excepcionais” (…) o que nos é dito sobrevaloriza o silêncio.

(…)

De facto, mais valia manter o silêncio, aquele que emoldurou durante meses a fio, a sermos confrontados com teorias de desculpabilização.

(…)

Provando que há sempre espaço para a surpresa, a convicção de Lucília Gago dita umas palavras para a construção sexista de que há uma maioria de mulheres funcionárias judiciais com idade até aos 30 anos que é um “factor de agravamento de constrangimentos (…)”

(…)

Sem qualquer preocupação em saber se será bem entendida.

Miguel Guedes, JN

 

Recorde quebrado, mês após mês.

(…)

Segundo o Copernicus, serviço que monitoriza as alterações climáticas da União Europeia, o Verão deste ano foi o mais quente alguma vez registado.

(…)

A Organização Meteorológica Mundial confirmou que os últimos oito anos foram os mais quentes de sempre.

(…)

No que toca à Europa, somos o continente que está a aquecer mais depressa, com o dobro da velocidade da média global.

(…)

“Assassino silencioso” é o termo dado ao calor por médicos porque causa muito mais mortes do que imaginamos. 

(…)

Estima-se que o número absoluto de mortes relacionadas com o calor continuará a ser maior no sul da Europa — uma vez que estamos mais expostos a temperaturas escaldantes.

(…)

O principal factor para os recordes que vivemos são as alterações climáticas provocadas pela queima de carvão, petróleo e gás natural.

(…)

De acordo com uma equipa internacional de cientistas, as emissões de CO2 provenientes de combustíveis fósseis aumentaram ainda mais em 2023, atingindo níveis recorde.

(…)

Mas os lucros das empresas fósseis continuam a aumentar, a indústria continua a expandir, os governos continuam a financiá-la.

(…)

Chamar ao estado distópico a que chegamos de “novo normal” seria esperar que fique como está; e sabemos que não é o caso, estamos apenas na ponta do icebergue.

(…)

Este não foi o Verão mais quente da tua vida. Foi o Verão mais fresco do resto dela.

Bianca Castro, “Público” (sem link)


Sem comentários:

Enviar um comentário