(…)
Desde que comprou o Twitter, aceitou 83% dos pedidos de
bloqueio de contas e publicações solicitados por Governos autoritários (antes
eram 50%).
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O segundo maior investidor na rede é um príncipe saudita.
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[Musk] ama tanto a liberdade como os seus novos amigos Trump,
Bolsonaro e Milei.
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Segundo um estudo recente, Musk já publicou 50 tweets com
alegações falsas sobre as presidenciais.
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De acordo com vários estudos, o discurso de ódio aumentou
desde que Musk comprou o Twitter.
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O algoritmo ajudou a difundir o ódio e a mentira até a
violência tomar conta das ruas do Reino Unido.
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Depois da recusa [de Musk] em cumprir, pagar multas e ter um
representante no Brasil, o Supremo decidiu agora, por unanimidade, manter a
decisão de suspender o X até que as decisões judiciais sejam acatadas.
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[Musk] acha que as leis dos Estados democráticos não se lhe
aplicam. Por isso não só não as cumpre como lança campanhas contra
juízes.
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É o homem mais poderoso do mundo. Colabora com ditaduras e
alimenta o caos em democracias para reforçar o seu poder.
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Declarou apoio ao regresso de Trump e anda de braço dado com
Putin, tem mais informação sobre nós do que uma Stasi [polícia política da antiga
RDA] e mais poder do que um exército imperial.
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É capaz de alimentar campanhas de desinformação para erguer e
destruir regimes ao serviço dos seus interesses empresariais.
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Havendo muito mais provas da interferência eleitoral e
disseminação de ódio em Musk, o Brasil está, no campo democrático, quase
sozinho neste combate.
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Para Musk, decide ele, falando para o mundo e acima dos
Estados, que leis cumpre. Até as democracias lhe darem o poder de escolher quem
as governa.
Daniel Oliveira, “Expresso” (sem link)
Em Portugal, os procedimentos adotados pelos gestores da
coisa pública pecam sistematicamente por falta de reflexão estratégica e
ausência de planeamento.
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As decisões são apresentadas como boas a partir da crença
absoluta nas “leis do mercado” e pelo seguidismo, acrítico, das políticas da
União Europeia.
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As propostas do Governo nas áreas da Saúde e do Ensino, ou a
privatização da TAP e os negócios com a Vinci Airports, apresentam-nos um país
que funciona como loja de conveniência.
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A opção pela falta de reflexão estratégica pode constituir,
em si mesma, uma estratégia.
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Na Saúde, há muito se constata que faltam médicos para o
funcionamento de todas as necessárias unidades de saúde familiar (USF).
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Agora o Governo propõe a criação de USF nos setores privado e
social.
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É mais um empurrãozito a juntar aos muitos que vêm de trás,
que empobrece o SNS, mas engorda o setor privado.
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Na abertura do ano letivo temos a repetição crónica da falta
de professores.
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O abaixamento da qualidade da escola pública é um maná para o
setor privado (com subsídios reforçados), que se vangloria de ser mais
procurado.
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Esse processo [de privatização da TAP, em 2015],
mais o vergonhoso contrato blindado estabelecido com a Vinci Airports, dona da
Ana Aeroportos, são exemplos de que parece haver quem, a partir de cargos
públicos, tenha conveniência em esbulhar o Estado.
(…)
Precisamos de uma sociedade crítica e exigente, de
instituições que funcionem, de escrutínio implacável, mas distanciado da
cultura da calúnia.
O
cargueiro alemão MV Kathrin
está neste momento a subir a costa ocidental africana com bandeira de Portugal
e oito contentores de explosivos RDX/Hexogen destinados a Israel.
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Documentos que obtive confirmam a existência desta carga a
bordo e o seu destino final.
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Foi ao
verificar isto que a polícia namibiana cancelou, a 24 de Agosto, a autorização
anteriormente dada para o navio aportar em Walvis Bay, Namíbia.
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O
ministro de Estado e dos Negócios Estrangeiros Paulo Rangel disse a 29 de Agosto que o
navio não transportava carga para a guerra, e que o destino não era Israel.
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A bandeira sob a qual navega continua a ser a portuguesa.
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Movimentos
de solidariedade com a Palestina, e também o Bloco de Esquerda, questionaram o
governo português e apelam para que Portugal retire a bandeira, de modo a
travar o navio.
(…)
O ELSC
[organização de advogados — a European Legal
Suport Center] apresenta-se como organização mandatada para dar
assistência legal ao movimento de solidariedade palestiniano, indica que o RDX
deverá ser descarregado em Koper, Eslovénia, e a partir daí levado até Israel.
(…)
Lembra
a recusa da Namíbia a 24 de Agosto, e as recomendações do Tribunal
Internacional de Justiça para a prevenção de genocídio a 24 de Janeiro.
(…)
Os advogados recordam que a Constituição Portuguesa considera
a lei internacional como parte da lei nacional.
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Recordam que Portugal assinou a Convenção de Genocídio e as
Convenções de Genebra, bem como outros tratados.
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[Já] tinha enviado um conjunto de questões ao ministro Paulo
Rangel.
(…)
Rangel
sabe bem que a questão política, moral — e legal, como apontam a relatora da
ONU e os advogados europeus — é Portugal dar a bandeira para transportar essa
carga.
(…)
Como o
próprio Rangel lembrou nesse 29 de Agosto, o governo português decidiu em Junho
proibir a exportação de armas e munições para Israel.
(…)
Mal a
Namíbia confirmou o destino final da carga de RDX, seria então natural que
Portugal fizesse tudo para assegurar que não estava a transportar sob a sua bandeira
munições para a guerra.
(…)
Se [Portugal]
pode, com a sua bandeira, fazer navegar um navio que carrega munições que podem
matar gente em Gaza, também pode, só com a sua bandeira, pará-lo.
Alexandra Lucas Coelho, “Público” (sem link)
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