quarta-feira, 4 de dezembro de 2024

CITAÇÕES À QUARTA (132)

 
Quem tem vindo a acompanhar a discussão na Alemanha está habituado a esta rotina: o Estado alemão afirma-se empenhado em lutar pela liberdade de expressão, mas nem solidariedade com o povo palestiniano nem críticas à política de Israel podem ser expressas na esfera pública.

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Quem se atreve é sujeito a insultos, ameaças, assédio, perda de fundos ou despedimento.

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No início de novembro, o Parlamento aprovou uma resolução com o objetivo de garantir que nenhuma organização ou projeto que espalhe o antissemitismo, questione o direito de Israel a existir, apele a um boicote de Israel ou apoie ativamente o movimento Boicote, Desinvestimento e Sanções (BDS) receba apoio financeiro”.

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[Com este género de medidas], a Alemanha visa erradicar todo o tipo de crítica dirigida a um Estado acusado de estar a cometer crimes de guerra numa proporção que se aproxima do quadro de genocídio.

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Dada a responsabilidade histórica da Alemanha pelo Holocausto, é fácil atribuir a presente subserviência para com Israel a sentimentos de culpa. Mas estes argumentos são demasiado simplistas.

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Na cidade de Leipzig, um grupo local reivindicou um ataque ao espaço cultural (pós-)migrante Casa die ganze Bäckerei”, afirmando que “Antifa significa atacar antissemitas”.

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Com a conivência tácita do Estado, a violência é externalizada para a sociedade civil, e a repressão é exercida por meios extralegais.

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 Estes e outros casos apontam (…) para que a opressão das minorias, e sobretudo da minoria árabe, possa parecer uma causa progressista, e até mesmo antirracista.

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Ao mesmo tempo, neste último mês, o Senado de Berlim anunciou que mais de 130 milhões de euros serão cortados do orçamento cultural da capital com efeito imediato.

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O Berliner Programm Künstlerische Forschung (programa de pesquisa artística de Berlim), para dar apenas um exemplo, sofreu cortes de 56% a meio de um ciclo de financiamento de dois anos.

Ana Teixeira Pinto, “Público” (sem link)

 

Com a chegada da época natalícia, chegam também os jovens e crianças à porta dos supermercados, a distribuir sacos do Banco Alimentar.

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Estes pequenos com um ar inocente são utilizados como chantagem emocional perante os cidadãos na sua rotina do dia-a-dia.

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[Estas crianças são ensinadas] que entregar estes sacos é o maior acto exequível para ajudar os mais necessitados.

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Mas não se combate a fome, consequência de uma situação de pobreza, com campanhas sazonais e discursos cheios de boas intenções.

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Combate-se [a fome] através da construção de políticas sociais, desenhadas com o foco na erradicação da pobreza, mas isso não interessa às grandes empresas, para eles é mais benéfico manter este círculo vicioso.

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[O capital] tem como objectivo a criação de lucro e é aí que os Bancos Alimentares lhes servem de sobremaneira.

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Continuamos num país que assenta a sua estrutura empresarial numa política de baixos salários.

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[Àqueles que têm pouco] é pedido para ajudar os que ainda têm menos.

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No próximo ano voltaremos a ouvir os números de famílias que não têm rendimento suficiente para conseguirem comprar a sua alimentação

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Não é do real interesse, daqueles que beneficiam dos resultados do grande capital, acabar com ele [leia-se Banco Alimentar].

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[Para acabar com a fome] necessário [acima de tudo] garantir que são desenhadas estratégias e políticas que garantam que os cidadãos tenham uma vida digna, que tenham acesso a uma remuneração adequada.

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Temos de entender que o objectivo destas instituições [como o Banco Alimentar] falha quando o foco não passa pela transformação social que necessitamos.

João Rodrigo Neto, “Público” (sem link)

 

A descida do IRS era a que Costa e Medina já tinham aplicado no Orçamento de Estado em vigor com mais uns pozinhos para os mais abonados.

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Na Saúde, continuaram os problemas [herdados do governo anterior], agravados por uma ministra que semeia instabilidade à sua volta.

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O governo só se pode queixar das expectativas que criou. 

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Andou a vender que resolveria as principais carências com um plano de emergência.

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As primeiras declarações triunfantes sobre a recuperação acelerada da lista de cirurgias foram desmentidas pelo próprio governo.

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O que não resulta de medidas que já estavam planeadas ou em curso desvia fundos públicos para prestadores privados.

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O problema é que a escassez de profissionais nas áreas mais críticas também atinge o privado.

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Mas a fantasia de que se resolvem os problemas mais urgentes recorrendo à crescente contratualização com os privados é, ela sim, puramente ideológica.

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Num intervalo de três dias, ficámos a saber que o governo pretende oferecer aos prestadores privados a possibilidade de escolherem os pacientes que querem atender em duas áreas chave da Saúde.

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Não são as necessidades do cliente, o SNS, mas os interesses do fornecedor, os privados, que estão no centro da decisão.

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Ouvido pelo Expresso, Pedro Pita Barros, economista da saúde, afirma que a escusa de inscrição ou de manutenção do inscrito “abre a possibilidade de ‘seleção de bons utentes’, recusando os que possam ser de risco ou acarretem um custo mais elevado”.

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Os privados escolhem o que querem, nas condições que entendem e com todas as vantagens do seu lado. 

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Não é de hoje a relação promíscua entre a Ordem dos Médicos e o PSD. 

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Com Eurico Castro Alves passamos, no entanto, para outro nível. O médico lidera a Ordem dos Médicos no Norte, de onde saíram o novo diretor executivo do SNS e a secretária de Estado da Saúde. 

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quando a ministra cair – e vai inevitavelmente cair – é bom estarmos atentos à lista de contactos daquele que parece ser o ministro sombra.

Daniel Oliveira, “Expresso ”online


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