(…)
Quem se atreve é sujeito a insultos, ameaças,
assédio, perda de fundos ou despedimento.
(…)
No início
de novembro, o Parlamento aprovou uma resolução com o objetivo de “garantir que nenhuma organização ou projeto que espalhe
o antissemitismo, questione o direito de Israel a existir, apele a um boicote
de Israel ou apoie ativamente o movimento Boicote, Desinvestimento e Sanções
(BDS) receba apoio financeiro”.
(…)
[Com
este género de medidas], a Alemanha visa erradicar todo o tipo de crítica
dirigida a um Estado acusado de estar a cometer
crimes de guerra numa proporção que se aproxima do quadro de genocídio.
(…)
Dada a
responsabilidade histórica da Alemanha pelo Holocausto, é fácil atribuir a
presente subserviência para com Israel a sentimentos de culpa. Mas estes argumentos
são demasiado simplistas.
(…)
Na
cidade de Leipzig, um grupo local reivindicou um ataque ao espaço cultural
(pós-)migrante “Casa die ganze
Bäckerei”, afirmando que “Antifa significa atacar antissemitas”.
(…)
Com a
conivência tácita do Estado, a violência é externalizada para a sociedade
civil, e a repressão é exercida por meios extralegais.
(…)
Estes e outros casos apontam (…) para
que a opressão das minorias, e sobretudo da minoria árabe, possa parecer uma
causa progressista, e até mesmo antirracista.
(…)
Ao
mesmo tempo, neste último mês, o Senado de Berlim anunciou que mais de 130
milhões de euros serão cortados do orçamento cultural da capital com efeito
imediato.
(…)
O
Berliner Programm Künstlerische Forschung (programa de pesquisa artística de
Berlim), para dar apenas um exemplo, sofreu cortes de 56% a meio de um ciclo de
financiamento de dois anos.
Ana Teixeira Pinto, “Público” (sem link)
Com a
chegada da época natalícia, chegam também os jovens e crianças à porta dos
supermercados, a distribuir sacos do Banco Alimentar.
(…)
Estes pequenos com um ar inocente são
utilizados como chantagem emocional perante os cidadãos na sua rotina do
dia-a-dia.
(…)
[Estas crianças são ensinadas] que entregar
estes sacos é o maior acto exequível para ajudar os mais necessitados.
(…)
Mas
não se combate a fome, consequência de uma situação de pobreza, com campanhas
sazonais e discursos cheios de boas intenções.
(…)
Combate-se
[a fome] através da construção de políticas sociais, desenhadas com o foco na
erradicação da pobreza, mas isso não interessa às grandes empresas, para eles é
mais benéfico manter este círculo vicioso.
(…)
[O capital] tem como objectivo a criação de
lucro e é aí que os Bancos Alimentares lhes servem de sobremaneira.
(…)
Continuamos num país que assenta a sua
estrutura empresarial numa política de baixos salários.
(…)
[Àqueles que têm pouco] é pedido para ajudar os
que ainda têm menos.
(…)
No
próximo ano voltaremos a ouvir os números de famílias que não têm rendimento
suficiente para conseguirem comprar a sua alimentação
(…)
Não é do real interesse, daqueles que
beneficiam dos resultados do grande capital, acabar com ele [leia-se Banco
Alimentar].
(…)
[Para
acabar com a fome] necessário [acima de tudo] garantir que são desenhadas
estratégias e políticas que garantam que os cidadãos tenham uma vida digna, que
tenham acesso a uma remuneração adequada.
(…)
Temos de entender que o objectivo destas
instituições [como o Banco Alimentar] falha quando o foco não passa pela
transformação social que necessitamos.
João Rodrigo Neto, “Público”
(sem link)
A descida do IRS era a que Costa e Medina já
tinham aplicado no Orçamento de Estado em vigor com mais uns pozinhos para os
mais abonados.
(…)
Na Saúde, continuaram os problemas [herdados do
governo anterior], agravados por uma ministra que semeia instabilidade à sua
volta.
(…)
O governo só se pode queixar das expectativas
que criou.
(…)
Andou a vender que resolveria as principais
carências com um plano de emergência.
(…)
As primeiras declarações triunfantes sobre a recuperação acelerada da lista de
cirurgias foram desmentidas
pelo próprio governo.
(…)
O que não resulta de medidas que já estavam
planeadas ou em curso desvia fundos públicos para prestadores privados.
(…)
O problema é que a escassez de profissionais nas
áreas mais críticas também atinge o privado.
(…)
Mas a fantasia de que se resolvem os problemas
mais urgentes recorrendo à crescente contratualização com os privados é, ela
sim, puramente ideológica.
(…)
Num intervalo de três dias, ficámos a saber que
o governo pretende oferecer aos prestadores
privados a possibilidade de escolherem os pacientes que querem atender em duas áreas chave da Saúde.
(…)
Não são as necessidades do cliente, o SNS, mas os
interesses do fornecedor, os privados, que estão no centro da decisão.
(…)
Ouvido pelo Expresso, Pedro Pita Barros, economista
da saúde, afirma que a
escusa de inscrição ou de manutenção do inscrito “abre a possibilidade de
‘seleção de bons utentes’, recusando os que possam ser de risco ou acarretem um
custo mais elevado”.
(…)
Os privados escolhem o que querem, nas
condições que entendem e com todas as vantagens do seu lado.
(…)
Não é de hoje a relação promíscua entre a Ordem
dos Médicos e o PSD.
(…)
Com Eurico
Castro Alves passamos, no entanto, para outro nível. O
médico lidera a Ordem dos Médicos no
Norte, de onde saíram o novo diretor executivo do SNS e a secretária de Estado
da Saúde.
(…)
E quando a ministra cair – e vai inevitavelmente cair – é bom estarmos atentos à lista de contactos daquele
que parece ser o ministro sombra.
Daniel Oliveira, “Expresso ”online
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