(…)
Os técnicos da Agência Portuguesa do Ambiente (APA) mostraram
depois o mapa das 63 áreas em 105 municípios com risco potencial de inundações.
(…)
Graça Carvalho, que também é cientista, sabe bem que Portugal
está sujeito a graves vulnerabilidades particularmente face às cheias súbitas e
eventos costeiros extremos.
(…)
[O problema nasce no clima], mas onde ele nos alcança é na
crescente vulnerabilidade do território e da sociedade perante fenómenos extremos
devido à imparável instalação de imóveis, equipamentos, populações,
infraestruturas em leitos de cheia e até mesmo sobre a linha de costa.
(…)
Na faixa litoral desaguam não só importantes rios ibéricos
como muitas “traiçoeiras” ribeiras.
(…)
Temos ainda a fragilidade física de um litoral fortemente
erodido.
(…)
[Há] largos sectores em situação de fragilidade residencial e
com insuficiente conhecimento quanto aos riscos da nossa condição climática e
ambiental.
(…)
Apesar disto, comparando os dois últimos censos, vemos que a
concentração de construções e população no litoral aumentou exponencialmente
entre 2011 e 2021.
(…)
Sucedem-se autorizações de novos empreendimentos em zonas de
risco elevado.
(…)
Enquanto isso, vai-se avançando com tentativas de aprovações
urbanísticas tresloucadas.
(…)
[Todos os dias] assistimos à imparável instalação de novos
edifícios em leito de cheia, em zonas costeiras, ou em áreas que nunca deveriam
ser impermeabilizadas.
(…)
[Só que estamos perante] a fragilidade das instituições no
cumprimento das leis e dos planos e a impunidade dos abusos.
Luísa Schmidt, “Expresso” (sem link)
Após um início conturbado, a COP [29] trouxe
alguns resultados positivos, embora poucos sintam
razões para celebrar.
(…)
Desde o anúncio, surgiram discussões sobre a
integridade das negociações.
(…)
Receia-se que países com economias baseadas no
petróleo a presidir à COP comprometam a objectividade e eficácia das políticas
climáticas.
(…)
Contudo,
o principal resultado deste ano foi o compromisso de triplicar o financiamento
para países em desenvolvimento para 300 mil milhões de dólares anuais.
(…)
Foi adiada para o próximo ano [a concretização
dos objectivos de eliminação gradual dos combustíveis de energia fóssil]
(…)
Aponta-se
que são necessários 1300 mil milhões anuais, o que gerou tensões em grupos
junto dos países menos desenvolvidos dos pequenos estados insulares, que
abandonaram as sessões de debate.
(…)
Há
dois pontos positivos a destacar: o aumento da transparência na monitorização
dos progressos dos países em relação às metas climáticas.
(…)
A COP também deu novo impulso aos Planos
Nacionais de Adaptação, focados nos países menos desenvolvidos e estados
insulares.
(…)
Sem uma visão integrada, será difícil alcançar
mais do que resultados tímidos e declarações redondas.
(…)
Mais
do que perseguir um consenso global (quase impossível), é crucial adoptar uma
abordagem que reconheça diferenças regionais e desafios específicos de cada
bloco económico.
(…)
Para
serem bem-sucedidas, as políticas climáticas devem ser ambientalmente robustas
e economicamente viáveis, transformando a sustentabilidade num motor de
inovação e crescimento.
(…)
A urgência climática torna cada vez mais
evidente a necessidade de tomar decisões sobre o clima.
(…)
O ano
de 2024 deverá ser o primeiro
em que o aumento da temperatura média global fica acima de 1,5°C em relação
aos níveis pré-industriais –
limite considerado por muitos como o máximo aceitável para minimizar os
impactos das alterações climáticas.
(…)
Como
agentes de sustentabilidade, temos um papel crucial em pressionar os governos
para adoptarem políticas eficazes que reflectem os acordos estabelecidos.
Filipe de Morais Vasconcelos, “Público” (sem link)
Adensam-se nuvens negras sobre toda a Europa e, no espaço da
União Europeia (UE), abate-se uma tempestade. Sobre nós, portugueses, sopram
ventos perigosos.
(…)
A UE, apresentada aos povos como projeto de afirmação e
defesa da paz, está agora envolvida numa escalada belicista.
(…)
E falta [à UE] uma estratégia de relacionamento internacional
com princípios.
(…)
A Alemanha foi defendendo a sua industrialização, embora
pouco diversificada, mas os enredos da guerra na Ucrânia, os conflitos
tarifários com a China e o atraso na transição energética e digital avariaram o
motor da sua economia.
(…)
As suas indústrias-bandeira, que têm extensões diretas e
indiretas em Portugal, estão a despedir milhares de trabalhadores.
(…)
A França é hoje, perigosamente, uma nação sem rumo.
(…)
[Do outro lado do Atlântico] a liderança de Trump ampliará a
corrosão, e o descrédito das instituições americanas e internacionais.
(…)
Esta semana, o secretário-geral da NATO, Mark Rutte, disse
que “perante o que os países gastam em pensões, no sistema de segurança social
e na saúde, basta uma fração desse gasto para garantir o orçamento de defesa”
que a NATO está a querer impor.
(…)
Trata-se, pois, de uma ameaça gravíssima aos direitos dos
cidadãos da UE.
(…)
Por cá, o Governo inventa problemas de segurança que não
temos,
Dia 10 de dezembro, Dia dos Direitos humanos, decorre uma
campanha promovida pela ONU Mulheres (…) em que somos chamados a uma
consciencialização e a mobilizar ações concretas para erradicar diversas formas
de violência sofridas pelas mulheres no mundo inteiro.
(…)
Uma em cada três mulheres é vítima de agressões físicas e/ou
sexuais por ser mulher.
(…)
Em média, no mundo, a cada dez minutos uma mulher é morta às mãos
de um parceiro íntimo ou de um familiar.
(…)
Uma em cada quatro pessoas considera que pode ser
justificável um homem agredir a sua companheira.
(…)
Por cada dez vítimas de tráfego humano, detetadas no mundo, quatro
são mulheres adultas e duas são raparigas menores.
(…)
91% das vítimas de tráfico para fins de exploração sexual são
mulheres.
(…)
[No mundo político] as mulheres continuam a ser alvo de resistência,
por via de comentários sexistas, intimidação ou assédio.
(…)
[Em Portugal] e de acordo com o Relatório Anual de Segurança
Interna, de 2023, a violência doméstica regista 30461 participações às forças
de segurança, sendo que a violência contra o cônjuge ou análogo assume 85,5% de
toda a violência doméstica.
(…)
Também em Portugal, a Polícia Judiciária assinalou 344
mulheres violadas entre janeiro e setembro de 2024.
Daniela Sofia Neto, “Diário de
Coimbra” (sem link)
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