sábado, 12 de julho de 2025

MAIS CITAÇÕES (341)

 
No plano nacional, os últimos dias mostraram-nos o chorrilho de mentiras que suportou a colocação da alteração à Lei da Nacionalidade como urgência política, e o potencial de ódio que tal manobra arrasta. 

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Na Saúde, vimos uma ministra incapaz de assumir responsabilidade perante a violência a que as grávidas (e familiares) são sujeitas, quando não sabem onde podem ser acolhidas. 

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Uma pessoa ter que se deslocar a quatro ou cinco hospitais para resolver um mesmo problema é uma aberração e aumenta riscos.

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Está em curso um programa de aniquilamento do SNS a partir de alteração de estruturas e funções, por retirada de capacidades, pela entrega da capoeira à guarda da raposa.

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No plano europeu, prossegue uma gestão política caótica. 

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[Cresce] a ausência de princípios nas relações internacionais.

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[O Ocidente] preferiu seguir o caminho das guerras punitivas, da lei do mais forte, de práticas neocoloniais, da instabilização das relações comerciais, da negação do direito à diferença, da sujeição das pessoas a todo o tipo de sacrifícios para aceder ao trabalho.

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O direito a trabalho digno e o acesso a direitos sociais são áreas para as quais o liberalismo económico e os ultraconservadores não dispõem de respostas positivas.

Carvalho da Silva, JN

 

Após termos assistido, há não muito tempo, à tentativa de criminalização do discurso antirracista, eis que os tribunais são agora convocados a intervir no domínio do humor.

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Uma das principais funções do direito à liberdade de expressão é a de poder criticar o poder e, nomeadamente, através do humor.

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O humor é um dos domínios que precisa de ser especialmente protegido pelo direito à liberdade de expressão.

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Não é por acaso que as pessoas que têm como ofício fazer rir são, por vezes, vítimas, dependendo do contexto, de despedimentos, ameaças, processos, agressões e assassinatos.

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O humor é uma coisa séria.

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Se o humor não tivesse poder não seria proibido ou tão atacado pelas ditaduras.

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Considero que fazer rir é das mais nobres capacidades que possuímos.

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Viver sem riso é como viver sem música ou sem amor.

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Não é a mesma coisa gozar com o poder ou com grupos vulneráveis.

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Tal como quem trabalha com o humor tem direito à liberdade de expressão, também o público tem o direito de gozar, mandar vir, ficar chocado.

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A questão dos limites do humor posiciona-se, a meu ver, sobretudo, na questão da gestão de conflitos. 

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Existe uma diferença entre a sátira dirigida a uma figura pública, enquanto indivíduo, e um discurso humorístico que ataca todo um grupo social, historicamente vulnerabilizado.

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O humor foi, demasiadas vezes, instrumento de legitimação de ideologias discriminatórias.

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O riso revelou-se frequentemente cúmplice do poder hegemónico.

Luísa Semedo, “Público” (sem link)

 

Para Peter Thiel, os culpados por o mundo estar como está é dos hippies e de gente como Greta Thunberg.

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Na sua perspectiva, ao transformarem-se em obstáculos no caminho do progresso, fizeram o mundo estagnar.

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[O Homem] vê o progresso a alentecer-se pela acção dos que acham que a ciência não pode ser deixada sem amarras éticas, nem responsabilidades morais.

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Thiel considera o ambientalismo “bastante poderoso”, uma ideologia tão poderosa que tem como grande ambição construir um Estado totalitário a nível mundial cujo objectivo é “travar a ciência”, controlar todos os computadores.

António Rodrigues, “Público” (sem link)

 

Como libertário político, pirómano social e defensor de monopólios empresariais, o multimilionário [Peter Thiel] investiu grandes somas de dinheiro na sua cruzada contra o pensamento progressista (o liberalismo à americana)

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[Peter Thiel, que não é só multimilionário, também “é um dos mais influentes intelectuais de direita dos últimos 20 anos”] como libertário político, pirómano social e defensor de monopólios empresariais, o multimilionário investiu grandes somas de dinheiro na sua cruzada contra o pensamento progressista (o liberalismo à americana).

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Thiel e os seus amigos do clube dos milhares de milhões querem criar, a partir das cinzas dos liberais imolados, uma ciência sem amarras, uma tecnologia sem controlo. Para quem? Para eles, claro.

António Rodrigues, “Público” (sem link)

 

Enquanto se debatia há uns dias, no Parlamento, as alterações à lei da imigração e da nacionalidade, o líder do Chega leu uma lista com nomes de crianças, alegadamente estrangeiras, que frequentam um jardim-de-infância de uma escola pública portuguesa.

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Antes do debate, a deputada Rita Matias leu a mesma lista, num vídeo que partilhou nas suas redes sociais, indo mais longe e dizendo também os apelidos das crianças, para tentar demonstrar que os imigrantes têm prioridade no acesso às vagas no pré-escolar. 

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A extrema-Direita já deixou, há muito, de ter limites no que toca ao populismo e à sede de poder: vale tudo, até instrumentalizar crianças.

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A premissa de que os filhos de imigrantes têm prioridade no acesso a escolas públicas é fácil de desmentir: o artigo 10º do Despacho Normativo n.º 10-B/2021, de 14 de abril, determina as regras de prioridade na matrícula ou renovação de matrícula na educação pré-escolar e nenhuma se prende com a nacionalidade dos pais ou das crianças.

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Uma das formas mais eficazes de integrar estrangeiros – talvez a mais eficaz – é através dos seus filhos.

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Integrar estas crianças na escola pública, (…) é acima de tudo um dever democrático e humanitário mas é, também, uma questão de inteligência, de pensar o país a longo prazo.

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A integração cultural num país estrangeiro é talvez um dos raros fenómenos em que a transmissão funciona melhor em sentido inverso – dos filhos para os pais – e, para além de desumano, é estúpido não perceber isto. 

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Mas ser estúpido é menos mau do que ser desumano, por isso o argumento maior tem que ser o da humanidade: os nomes naquelas listas são nomes de crianças, não são nomes de imigrantes. 

Martha Mendes, (“diário as beiras”)


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