domingo, 31 de agosto de 2025
OPINIÃO SUCINTA DE 39 PESSOAS SOBRE A FLOTILHA HUMANITÁRIA QUE PARTIU HOJE PARA GAZA
FRASE DO DIA (2498)
Tânia Graça, “Público”
TEMOS DE COMER ANTES DE FILOSOFAR
Das pirâmides de Gizé aos grandes banquetes de
Estado. A luta de classes no prato de jantar, por Francisco Louçã.
ISRAEL ESTÁ A USAR TODOS OS MEIOS, ATÉ OS MAIS SÓRDIDOS, PARA ANIQUILAR A COMUNIDADE PALESTINIANA
Israel está a levar a cabo uma campanha deliberada de fome na Faixa de
Gaza, destruindo sistematicamente a saúde, o bem-estar e o tecido social dos
palestinianos.
As crianças palestinianas estão a ser deixadas a definhar, forçando as
famílias a uma escolha impossível: ouvir impotentes os gritos dos seus filhos a
implorar por comida ou arriscar a morte ou ferimentos numa busca desesperada
por ajuda.
A comunidade internacional, particularmente os aliados de Israel, incluindo
a União Europeia e os seus membros, devem cumprir as suas obrigações morais e
legais para pôr fim ao genocídio de Israel na Faixa de Gaza. Os Estados devem
suspender todas as transferências de armas, adotar sanções específicas e
encerrar qualquer envolvimento com entidades israelitas caso isso contribua
para o genocídio. Via AI
Mais Aqui
PENÍNSULA IBÉRICA CAMPEÃ NA ÁREA ARDIDA ESTE ANO NA UNIÃO EUROPEIA
Os incêndios florestais em Portugal e Espanha representam dois terços da
área ardida no território da União Europeia, com os números a disparar em
Agosto.
Saiba mais: https://www.publico.pt/2145037
sábado, 30 de agosto de 2025
MAIS CITAÇÕES (348)
(…)
[A ministra Ana Paula Martins] insiste em manter salários
desajustados, carreiras bloqueadas e condições de trabalho degradadas.
(…)
[Os médicos internos e especialistas] são o coração do
serviço público.
(…)
A fuga de médicos não é um capricho: é a consequência inevitável
de quem se vê forçado a trabalhar sem condições.
(…)
Muitos dos médicos que terminam o internato irão para o setor
privado ou para o estrangeiro.
(…)
Luís Montenegro não resolve a carência de médicos no público —
apenas garante mais médicos para o privado e menos para os utentes do SNS.
(…)
É esta a política em curso: enfraquecer o público para fortalecer
o negócio da doença.
(…)
O caminho não é impor barreiras artificiais.
(…)
Luís Montenegro desvaloriza quem escolheu servir o SNS, empurra
médicos para o privado e deixa os doentes à espera.
(…)
[O verdadeiro erro político é] transformar a saúde pública num
campo de negócios, em vez de a garantir como um direito de todos.
Joana Bordalo e Sá, “Expresso” (sem link)
O total de acessos, nesta 1.ª fase [de colocação
de alunos no Ensino Superior], ficou 12% abaixo do ano anterior.
(…)
Uma realidade desastrosa, num quadro em que
outros indicadores relativos a condições de trabalho, a níveis salariais e a
custos da habitação são muito duros, em particular para os jovens.
(…)
Nos níveis inferiores da escola o
desaparecimento de crianças filhas de portugueses é compensado pela entrada de
filhos de imigrantes.
(…)
O enredo do problema é complexo e condiciona a
evolução do tecido socioeconómico, o equilíbrio do sistema de proteção social,
a modernização dos serviços públicos, a prestação dos direitos fundamentais a
todos os cidadãos.
(…)
Há falta de profissionais qualificados em
várias dos subsetores públicos.
(…)
Portugal é hoje um país bloqueado no seu
processo de desenvolvimento e a condição de membro da União Europeia - no atual
contexto internacional - pode acrescentar cargas negativas pesadas.
(…)
O Estado social depende da valorização e
dignificação do trabalho e da cidadania social que coloca os indivíduos como os
portadores dos direitos.
(…)
O ataque à escola pública, as políticas de
baixos salários e o bloqueio no acesso à habitação conduzem-nos a um inexorável
retrocesso.
(…)
O alojamento para estudantes é de valor
insuportável para a maioria das famílias. Não há residências públicas para
estudantes.
(…)
O acesso ao ensino público é um lugar onde as
desigualdades a montante do sistema têm um brutal impacto.
O
capitalismo seduziu todos os povos porque alimenta este “ADN capitalista”: um
consumo crescente, pornografia gratuita, expectativas de poder, tecnologia que
reduz a necessidade de esforço físico.
(…)
Temos também um “ADN social”: empatia e cuidado
pelo outro, sentido de cooperação e de justiça, propensão para a
espiritualidade.
(…)
No Ocidente, o sistema que criámos foi a
democracia liberal.
(…)
É precisamente a democracia liberal que os
tecnolibertarianos (…) visam destruir, para impor um projeto
político-ideológico baseado no ultraliberalismo digital, projeto que, na
prática, institui um poder autoritário.
(…)
[Trump e quem o rodeia] consideram a democracia
ineficiente e um entrave ao avanço da inovação tecnológica.
(…)
Começaram, assim, a desmantelar as “regras e
instituições de outra era”, os seus “inimigos internos”.
(…)
Trump pretende decretar um “dia sem regras”.
(…)
[O fenómeno tecnolibertariano] propaga-se
pelos países europeus através das plataformas digitais e do financiamento de
partidos de extrema-direita.
(…)
[Apenas] mencionam [o trabalho] para salientar
que a tecnologia é mais eficiente e muito mais barata e que, portanto, substituirá
o trabalho humano.
(…)
Ora, o ADN social está associado ao trabalho;
surgiu da necessidade de trabalhar para todos, incluindo crianças e idosos,
sobreviverem.
(…)
É no trabalho e nas esferas familiar e social,
e não no consumo, que cuidamos dos outros e somos úteis.
(…)
Sociedade pós-humana, sociedade pós-trabalho; a
consistência ideológica do terramoto cultural tecnolibertariano é assustadora.
(…)
A
esquerda lutou, e bem, contra a exploração do trabalho pelo capital, denunciou
o ADN dos capitalistas e reivindicou o aumento dos salários.
(…)
Os trabalhadores não querem ser vistos como
vítimas mas sim como pessoas autónomas e capazes de agir.
(…)
O seu ressentimento tem sido canalizado pela extrema-direita
para uma revolta contra a civilização liberal.
(…)
É ao ADN capitalista que a extrema-direita e os
tecnolibertarianos apelam, pois não acreditam no ADN social.
(…)
Prometem uma sociedade infinitamente próspera e
infinitamente livre. Promessas que são um logro existencial.
(…)
O consumo ilimitado conduz às catástrofes
ecológicas a que começámos a assistir.
(…)
A liberdade ilimitada conduz a sociedades em
que imperam a barbárie e a lei do mais forte.
(…)
A lei da força está de regresso.
(…)
Dados
os impasses a que o ADN capitalista nos leva, qual é o projeto que permite
construir uma economia dentro dos limites planetários e que seja politicamente
viável?
(…)
[Há
que] identificar os domínios e as formas em que se exerce a lei da força e
conseguir transmitir essa informação aos cidadãos.
(…)
[Há
que] criar novas instituições que consolidem o ADN social, começando pelo mundo
do trabalho, porque é aí que se pode potenciar o ADN social.
(…)
É hora de levar a centralidade do trabalho (não
só o emprego) a sério.
(…)
É o trabalho que mais cristaliza os traços do
ADN social.
(…)
Isso exige enfrentar o ADN capitalista, mostrar
que não é no consumo que está o sentido da vida.
(…)
A democracia política não sobrevive sem
democracia no trabalho.
(…)
Descartar o trabalho e a política é descartar
os trabalhadores e o seu poder.
(…)
Descartar o Estado e a democracia e
substituí-los por uma “República digital” é obter um poder absoluto.
Helena Lopes, “Público” (sem link)
HÁ CADA VEZ MAIS MULHERES SEM-ABRIGO
Nos últimos dois anos, o número total de pessoas apoiadas pela Cruz
Vermelha Portuguesa aumentou 126% e as mulheres são cada vez menos excepção.
Leia tudo: https://www.publico.pt/2144699
sexta-feira, 29 de agosto de 2025
CITAÇÕES
(…)
O objetivo sempre foi tirar a Autoridade Palestiniana, que
tinha estatuto internacional, da equação, para rebentar com todas as possíveis
pontes de diálogo.
(…)
É Israel que não reconhece o direito de existência a um
Estado palestiniano e tem uma estratégia consistente e bem-sucedida para o
impedir.
(…)
O 7 de Outubro foi pretexto, não causa.
(…)
Alimentar o Hamas, destruindo a legitimidade internacional da
causa palestiniana e inviabilizando o diálogo.
(…)
Disseminar uma cultura de desumanização dos palestinianos de
modo a facilitar a sua expulsão ou extermínio.
(…)
As coisas não ficarão por aqui até Israel colonizar
praticamente todo o território a oeste do rio Jordão.
(…)
Dentro do “muro de ferro” de Jabotinsky, líder terrorista de
perfil fascista que inspira Netanyahu, não há lugar para a Palestina.
(…)
Como Putin, Netanyahu sempre disse ao que vinha.
(…)
Ao contrário do que pensam os antissemitas, nada há que
predisponha para este crime uma nação construída como sonho de paz e de
segurança para o povo mais perseguido da História.
(…)
Mas a razão primeira para o genocídio dos palestinianos é tão
antiga como a Humanidade: Israel faz o que faz porque pode.
(…)
Se Netanyahu foi bem-sucedido na limpeza de Gaza, as coisas
não pararão por aqui.
(…)
[Netanyahu continuará] numa bebedeira amoral de poder
ilimitado que tanto desumaniza a vítima como o agressor.
(…)
[Crimes contra a Humanidade aconteceram] porque
pessoas banais, cúmplices ativas ou passivas do crime, se convenceram de que o
seu futuro dependia da ausência de futuro do outro.
(…)
Israel tem menos população do que Portugal, menos território
do que o Alentejo e um PIB inferior ao da Bélgica. Nunca iria tão longe sem a
cumplicidade das nossas nações.
Daniel Oliveira, “Expresso” (sem link)
A dimensão humana do primeiro-ministro não resiste ao choque
com a realidade após a noção, cair de ficha, de que o fogo queimou bem mais do
que floresta.
(…)
Há um certo heroísmo na certeza de que se deve fazer o que se
quer e o que se entende, mesmo quando a percepção indicaria que a Festa do
Pontal jamais se poderia ter realizado naqueles termos.
(…)
Mas o arrependimento na sua imagem pública surgiu mais rápido
que um Fórmula 1 no Algarve e vai queimar em lume brando, atiçado pelo rescaldo
da oposição.
(…)
Enquanto a situação dramática dos fogos florestais se
mantiver (…) nenhum primeiro-ministro pode gozar férias no Verão.
(…)
Também é verdade que [qualquer governante] não pode primar
pela ausência e ou pela falta de recato, sobretudo quando uma das grandes
catástrofes nacionais se anuncia e se cumpre, quase todos os anos, como uma
fatalidade.
(…)
Quando o mal arde para se ver, a contagem de espingardas vem
sempre com o cheiro a napalm.
(…)
No momento em que os incêndios se apagam, é o maior condutor
de fogo que existe.
(…)
É preciso coragem e antecipação. E essa coragem passa por
encarar a propriedade florestal como uma obrigação do Estado.
Enquanto
o presidente [da Argentina] se apoia em delírios místicos e latidos
imaginários, a economia nacional segue no caos: inflação que corrói salários,
pobreza crescente e uma dívida que ninguém sabe como pagar.
(…)
A corrupção é o velho cão de guarda que nunca abandona a
política argentina.
(…)
Décadas de governos de todos os espectros prometeram
mudanças, mas o sistema de favores, clientelismo e esquemas escusos segue firme.
(…)
Fuga de capitais, falta de investimento produtivo e uma
sociedade cada vez mais descrente.
(…)
O
governo de Javier Milei, que prometia ser a antítese da "casta política” e
da corrupção associada ao kirchnerismo, enfrenta agora seu próprio terremoto
ético.
(…)
O
vazamento de áudios do ex-titular da Agência Nacional de Deficiência, Diego
Spagnuolo, expôs uma suposta rede de cobrança de propinas para a compra estatal
de medicamentos.
(…)
Não é
o primeiro escândalo a abalar o discurso anticasta de Milei, nem a primeira vez
que ele demora a se pronunciar.
(…)
O
episódio, que já levou à abertura de investigações judiciais e a operações de
busca, foi inicialmente silenciado pela Casa Rosada por cinco dias.
(…)
Ao
invés de responder às acusações de corrupção, o presidente transforma o
episódio em mais um capítulo da batalha contra os inimigos internos.
(…)
O
escândalo estoura em um momento delicado para o governo argentino: duas semanas
antes das eleições provinciais em Buenos Aires e a menos de dois meses do
pleito legislativo nacional.
(…)
Enquanto
o presidente se diverte em batalhas ideológicas e provocações midiáticas e a
oposição se perde em disputas internas, a população vive o dilema de como
colocar comida na mesa.
(…)
A
inflação não late, mas morde — e morde forte.
(…)
Sem [qualquer presidente] enfrentar a corrupção estrutural,
nenhum plano econômico — seja liberal, seja keynesiano ou espiritual — vai
funcionar.
Marina
Pereira Guimarães, “Público” (sem
link)
CHEGA É ESPECIALISTA A CAPTAR ESTE TIPO DE GENTE PARA O SEU REDIL
Deputado [brasileiro] apoiante do Chega acusado
de ajudar o PCC [Primeiro Comando da Capital, organização criminosa brasileira]
a lavar dinheiro: Nikolas Ferreira propagou informação falsa que ajudou a
derrubar a lei que apertava o cerco ao branqueamento de
capitais. Mega-operação policial desta semana mostra “quem ganhou com essas fake news”, diz o fisco brasileiro. Suspeito elogiou Ventura e Rita Matias na semana passada no plenário de deputados.
Mais Aqui
IBIZA: QUEM TRABALHA NO TURISMO VIVE EM CONDIÇÕES PERFEITAMENTE INDIGNAS
Enquanto milhões de turistas se divertem na "isla de la fiesta",
quem trabalha no sector tem dificuldade em encontrar um lugar digno para viver.
Saiba
mais: https://www.publico.pt/414175
MAIS UMA IMAGEM RELACIONADA COM O ATAQUE ISRAELITA AO HOSPITAL EM KHAN YOUNIS
Israel realizou ataques consecutivos ao hospital em Khan Younis, separados
por apenas alguns minutos, disse o ministério. Os ataques em “dupla ação”
mataram jornalistas, profissionais de saúde e equipas de emergência que tinham
acudido ao local após o ataque inicial, acrescentou o Hospital Nasser.
Os jornalistas mortos foram identificados como Mohammad Salama, repórter de
imagem da Al Jazeera, Hussam Al-Masri, colaborador da Reuters, e Mariam Abu
Dagga, que trabalhou com a Associated Press e outros órgãos de comunicação ao
longo da guerra. Moath Abu Taha, jornalista freelancer que colaborava com a
NBC, também morreu no ataque, acrescentou o hospital.
Saiba mais: https://swki.me/ll0IvZEX
quinta-feira, 28 de agosto de 2025
MARIANA MORTÁGUA TOMA PARTIDO PELO FIM DO GENOCÍDIO E DA FOME QUE MATAM CIVIS E CRIANÇAS EM GAZA. O CONTRÁRIO É QUE SERIA LAMENTÁVEL
O deputado Ventura acusa-me de tomar partido.
Tem razão: tomo partido pelo fim do genocídio e da fome, que diariamente matam
civis e crianças em Gaza. O deputado Ventura também toma partido e por isso tira selfies com um dos ministros mais extremistas do governo genocida de Israel. Mariana Mortágua
FRASE DO DIA (2497)
Helena Schimitz, “Público”
FAZER DO CUIDADO A POLÍTICA DE COIMBRA PARA OS MAIS VELHOS
Tornar esse cuidado igual para todos e não um privilégio dos que mais têm.
#coimbra #bloco #mudarmesmo #autarquicas2025
Via José Manuel Pureza
O MOVIMENTO SOLIDÁRIO COM A PALESTINA VENCEU!
Nos últimos dias, foram enviadas várias queixas sobre o festival, tanto por
parte de vários cidadãos como pelo Comité de Solidariedade com a Palestina,
contra a sua realização. Autarquia veta aludindo ao risco de fogo.
Saiba mais: https://www.publico.pt/2145206
Mais Aqui
ISRAEL RECORRE AO ASSASSINATO DE JORNALISTAS PARA CALAR A DESCRIÇÃO DO MORTICÍNIO EM GAZA
Pelo menos 189 jornalistas e trabalhadores dos meios de comunicação
palestinianos foram mortos em Gaza, desde Outubro de 2023.
Leia mais: https://www.publico.pt/2145232
MAIS UM JULGAMENTO (INJUSTO) À MODA DA ARÁBIA SAUDITA
Em dezembro de 2021, o pescador Essam Ahmed afirma ter sido coagido por um
homem armado a transportar um pacote a partir do Egito com destino à Arábia
Saudita. Durante a viagem de barco, e já depois de ter atirado o pacote ao mar,
foi intercetado por guardas de fronteira sauditas enquanto ainda estava em
águas territoriais egípcias, tendo sido preso.
Essam Ahmed relatou que foi levado para um centro de detenção na Arábia
Saudita onde foi espancado durante três dias, acabando por assinar uma
«confissão» em como tinha transportado drogas e que a detenção tinha ocorrido
em águas territoriais sauditas. Essam foi sujeito a um julgamento
manifestamente injusto e acabou por ser condenado à morte.
Escreva um e-mail às autoridades sauditas, a pedir a anulação da condenação
à morte de Essam Ahmed e a realização de um novo julgamento realizado de forma
justa e sem recurso à pena de morte.
Saiba mais em www.amnistia.pt/rede-de-acoes-urgentes/acoes-a-decorrer
quarta-feira, 27 de agosto de 2025
MARIANA MORTÁGUA REPETIU HOJE AO PRIMEIRO-MINISTRO AS PERGUNTAS QUE MAIS OUVIU ESTES DIAS
Há quem faça um aproveitamento oportunista dos
incêndios, fingindo apagar o fogo com um raminho para publicar nas redes
sociais. Eu preferi ir ao interior do país ouvir os bombeiros e as populações afetadas. Repeti hoje ao Primeiro-Ministro as perguntas que mais ouvi nesses dias. Mariana Mortágua
CITAÇÕES À QUARTA (169)
(…)
Mais
de 3% do país ardeu de novo, resultado de uma combinação mortal entre crise climática,
abandono e plantações de eucaliptos.
(…)
Montenegro declarou que os fogos são uma
guerra, mas atualmente é ele o comandante dos incendiários.
(…)
2025
entrou na lista de piores anos de incêndios em Portugal desde a viragem do
século, a seguir a 2017, 2003 e 2005.
(…)
A
crise climática, o maior desafio que a Humanidade já enfrentou, continua a
avançar através do apoio inabalável de governos e empresas para a expansão de
emissões de gases com efeito
de estufa.
(…)
Empresas fósseis como a Galp ou a EDP lideram a “guerra do
fogo”, uma guerra contra toda a sociedade.
(…)
A área ardida em Portugal, cerca de 250 mil
hectares, equivale à área de todo o território do Luxemburgo.
(…)
As temperaturas extremas perduram semanas a
fio, incluindo durante as noites, combinam-se com a baixa humidade e os ventos
fortes (…) e no mundo rural português e galego conjugam-se com um barril
de pólvora.
(…)
Foi
nestes territórios que a difusão de uma espécie
invasora e altamente combustível, o Eucalyptus
globulus, serviu para criar uma indústria monstruosa (em tamanho e
impacto) numa área muito pequena.
(…)
Portugal
e a Galiza têm quase 1.500.000 hectares de eucaliptal, uma boa parte dos quais
abandonados e que se expandem por invasão todos os anos.
(…)
A gestão mediática dos fogos pelo
primeiro-ministro português, Luís Montenegro, tem sido desastrosa.
(…)
Este
conservador de direita posou para a imprensa em férias na praia, anunciou num
comício de verão o regresso da Fórmula 1 ao país enquanto milhares de bombeiros
lutavam pela vida e pelo menos três pessoas morriam.
(…)
O
Governo de direita com o apoio da extrema-direita que se comprometeu em
aumentar a despesa com gastos militares em mil milhões de euros em 2025 e
aumentá-la até 2029, não tinha aviões de combate a incêndios.
(…)
Montenegro
diz que “estamos em guerra e o país tem de vencer esta guerra”, mas é um exercício
de inversão da realidade.
(…)
Os incêndios de 2025 são mais um massacre que era não só
previsível como, nas atuais condições, inevitável.
(…)
[Estamos
perante] decisões que garantem, em Portugal, Espanha ou nos outros países do
mundo, o lucro de empresas destruidoras e a corrida rumo ao colapso climático.
(…)
As
suas infraestruturas cospem anualmente milhares de toneladas de dióxido de carbono e outros gases com efeito
de estufa para a atmosfera.
(…)
O Governo demorou semanas a chamar apoio
internacional.
(…)
O mesmo Governo junta-se à extrema-direita
parlamentar e mediática para gritar que há cabalas de incendiários.
(…)
[Travar
a crise climática em Portugal] implica um mundo rural com pessoas, a remoção de
uma enorme parte do eucaliptal e a ocupação dos pelo menos 20% do território
que estão abandonados.
(…)
Implica ainda pelo menos mais um milhão de
pessoas a habitar o mundo rural.
(…)
Mas sem acabar com a indústria fóssil, esse esforço não servirá para nada.
(…)
[Mas] Montenegro alia-se com a extrema-direita
do Chega para eleger como tema prioritário perseguir migrantes e precarizar o
trabalho.
João Camargo, “Público”
(sem link)
Têm-se multiplicado no espaço público as
opiniões sobre o Anteprojeto de
Lei da Reforma da Legislação Laboral (“Trabalho XXI”).
(…)
Se os contratos a prazo apenas são admissíveis
em situações de excecionalidade (…) o facto de agora se prever
que os contratos a termo certo possam passar de uma duração máxima de dois anos
(incluindo renovações) para três anos (…) constitui uma ilusão de estabilidade.
(…)
O anteprojeto elimina essa proibição (art.
338.ºA) [de impedir o recurso a mão de obra externalizada nos 12 meses
subsequentes a um despedimento] como forma de facilitar os processos de
restruturação empresarial.
(…)
Desconfia-se das mães que
amamentam depois dos dois anos de idade da criança, limitando-se
esse direito.
(…)
A falta por luto gestacional (art. 38.ºA) é
revogada. [Isso] na impossibilidade de remuneração concedida ao pai por
faltar ao trabalho num contexto de infortúnio familiar.
(…)
O alargamento do âmbito dos serviços mínimos
(…) visa certamente enfraquecer a ação sindical.
(…)
No contexto
da reforma atual, a suposta prioridade concedida a uma relação contratual entre
estafetas e intermediários poderá configurar-se como uma forma de proteger as
plataformas, predispostas que sempre têm estado para invisibilizar os indícios
de laboralidade.
(…)
O anteprojeto cria enviesamentos, reforçando os
desequilíbrios (que sempre existiram mas agora se acentuam) na relação entre
capital e trabalho.
(…)
Sobressaem medidas favoráveis aos
representantes do mundo empresarial e acentua-se a desvalorização do trabalho.
(…)
Enfraquecimento
da contratação coletiva, ao suspender-se a arbitragem tendente a apreciar a
denúncia da convenção coletiva, o que significa abrir caminho à caducidade.
(…)
Em
resumo, o anteprojeto de lei distancia-se de uma visão para o mundo do trabalho
pautada pela igualdade, dignidade e respeito pelo trabalho enquanto valor
humano.
(…)
Estando
dotada de um viés ideológico que não surpreende, a agenda “Trabalho XXI” está,
no entanto, sem o querer, a instigar o campo sindical a promover a coesão que
lhe tem faltado.
(…)
O movimento sindical não pode perder esta
oportunidade para falar a uma só voz.
Hermes Augusto
Costa, “Público” (sem link)
Do
ponto de vista feminino, a paz não é só a ausência de guerra. É a presença de
equidade, diálogo e propósito.
(…)
Não há
paz possível onde a desigualdade cresce todos os dias, onde a violência contra
mulheres e crianças persiste silenciosa, onde o racismo estrutura acessos,
silencia vozes e define quem pode e quem não pode existir plenamente.
(…)
Acreditamos que política também se faz com
afeto, presença e ação cotidiana. Essas são práticas de paz.
(…)
Porque manter a paz também é garantir acesso. É
abrir espaço. É construir redes de apoio reais.
(…)
É permitir que mulheres racializadas,
imigrantes, mães solo e tantas outras que vivem à margem deixem de apenas
sobreviver.
(…)
A ausência de paz mina o presente e adia o
futuro.
(…)
Paz não é um conceito abstrato. É prática
diária.
(…)
Reconhecer que a paz começa quando cada uma de
nós escolhe não se calar diante do que nos fere.
(…)
A paz não se impõe. Mas pode e precisa ser
semeada. E nós [mulheres] sabemos fazer isso.
(…)
[Nós mulheres] acreditamos que um mundo mais
justo, mais inteligente, mais humano começa pela coragem de escolher a paz.
Débora Fontes, “Público” (sem link)
















