(…)
E os abraços veraneantes não destoaram das palavras.
(…)
De quase uma hora de discurso na Festa do Pontal sobraram
sete minutos para o tema que monopoliza as preocupações dos portugueses há um
mês.
(…)
Antes de tudo, Montenegro primeiro-ministro queria discordar
de Montenegro líder da oposição.
(…)
Enquanto as labaredas cobriam o país, o Governo fazia a festa
no Algarve.
(…)
[Não é fácil a Montenegro] lidar com os momentos em que perde
o controlo da narrativa.
(…)
[Finalmente, suspendeu as férias para] pedir o auxílio
europeu para o combate aos incêndios, que, escassas horas antes, a ministra
tinha garantido ser desnecessário.
(…)
[“Estamos todos muito esgotados”], um estranho plural para
quem andou desaparecido.
(…)
[Montenegro] falhou em todos os momentos críticos e
decisivos, incluindo os mais previsíveis.
(…)
[Montenegro] falhou nos períodos tradicionalmente difíceis
para as urgências.
(…)
[Montenegro falhou] na resposta à crise aguda da habitação.
(…)
[Montenegro] parece encaminhar-se para falhar nas contas
públicas.
(…)
[Montenegro] falhou na reação aos fogos, independentemente
das condições estruturais, que não vão mudar.
(…)
Por ter falhado em tudo é que andamos há meses a falar de
imigrantes.
(…)
O oportunismo eleitoral, que o fez copiar as políticas do
Chega, não se traduz numa ligação mais intensa aos sentimentos populares.
(…)
O falhanço comunicacional da Festa do Pontal não foi um
deslize. É o estado da arte de um Governo alienado.
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Montenegro está concentrado na oportunidade histórica de
ferir de morte o PS.
(…)
Conta com a extrema-direita para mudanças na legislação
laboral, para as políticas de imigração (…) e para uma revisão constitucional.
(…)
Estão cheios de si. Tão cheios que só se veem a si mesmos.
(…)
Um ano e meio de um Governo minoritário que falhou todos os
testes decisivos.
Daniel Oliveira, “Expresso” (sem link)
A tradição judaico-cristã é tudo menos
civilizada, é uma história de barbárie.
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Um eu
contra os outros que Deus nos acuda, de belicismo em nome Dele para disfarçar o
objectivo único: conseguir poder.
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Os
acontecimentos actuais demonstram que a evolução em matéria de direitos humanos
e direitos civis da segunda metade do século XX foram a excepção iluminada de
uma história obscurantista de exploradores e explorados.
(…)
Assim
que a culpa e a imagem se começaram a esbater, esboroou-se rapidamente a
vontade de sermos melhores do que a nossa incivilidade inata e a guerra voltou
à Velha Europa.
(…)
[Nos Países Baixos, o Partido Político
Reformado (SGP)] apresentou esta semana a sua lista provisória de candidatos
às eleições antecipadas de 29 de Outubro. Nela não consta qualquer mulher.
(…)
[Para o partido], as mulheres não deveriam
eleger nem ser eleitas, porque a Bíblia proíbe a sua presença na política.
António Rodrigues, “Público”
(sem link)
[Nos EUA] a separação de poderes, que está na
base da democracia liberal, está a desaparecer a um ritmo frenético.
(…)
Trump
está a vergar os outros poderes à sua vontade, dominando o Congresso e o
sistema judicial, quer influenciando as suas decisões quer, pura e
simplesmente, ignorando-as.
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[Trump]
impôs taxas alfandegárias ao Brasil e persegue os juízes do Supremo Tribunal
Federal brasileiro, por causa dos processos contra o ex-Presidente Jair
Bolsonaro.
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É assim no que diz respeito ao Tribunal Penal
Internacional (TPI) – cuja jurisdição os EUA não reconhecem.
(…)
Na quarta-feira, o secretário de Estado
norte-americano, Marco Rubio, anunciou novas sanções para membros do TPI.
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Juntam-se
às sanções que já tinham sido impostas ao ex-procurador-chefe que se demitiu em
Maio, Karim Khan, e a outros quatro juízes.
António Rodrigues, “Público”
(sem link)
O
Governo apresentou uma proposta de reforma estrutural para a Educação que
ameaça pôr fim ao Plano Nacional de Leitura (PNL), à Rede de Bibliotecas
Escolares (RBE) e às Escolas de Segunda Oportunidade.
(…)
O PNL,
em particular, foi criado, em 2006, para combater um dos maiores défices do
país: as baixas taxas de literacia e de leitura. Na altura, uma das mais baixas da União Europeia, hoje algo mais
estável, mas ainda assim baixa.
(…)
Desde então, atravessou governos de diferentes
cores políticas e consolidou-se como uma política pública de sucesso.
(…)
A RBE cobre mais de 80% dos alunos do sistema
público e dinamiza projetos de leitura e investigação.
(…)
Ignorar o valor destas iniciativas e reduzi-las
a anexos de uma “superagência” é não perceber nada da educação em Portugal.
(…)
O Governo afirma que quer eficiência. Mas
eficiência não é extinguir programas que funcionam, é reforçá-los.
(…)
Não há nenhuma evidência de que acabar com
estas estruturas vá resolver os problemas da escola pública.
(…)
A
ironia é amarga: um país onde ainda lutamos contra desigualdades de acesso ao
livro e contra o abandono escolar decide, por via governativa, desarmar-se das
ferramentas que melhor tinham respondido a estes problemas.
(…)
Como
podemos levar a sério um Governo que quer redesenhar o sistema educativo,
quando nem sequer consegue lidar, de forma eficaz, com uma crise como a dos
incêndios.
João Miguel Miranda, “Público” (sem link)
É preciso ter memória para não repetir erros
nem violar a dignidade das pessoas.
(…)
Não
esquecer que, em 2020, Ihor Humenyuk, um imigrante ucraniano, foi assassinado
nas mesmas instalações e, em 2025, a administração continua a agir de forma
arbitrária e desumana.
(…)
Uma
sucessão de problemas administrativos violou o direito de uma família já
residente em Portugal, que tem o país como casa, de regressar unida ao
território português.
(…)
Muito
se fala sobre capacidade administrativa, mas pouco se discute a
responsabilidade que o Estado português tem de criar condições para o pleno e
bom funcionamento da Administração Pública.
(…)
Não se
trata de um caso isolado: muitos imigrantes estão há meses à espera das suas
autorizações de residência, que não chegam.
(…)
A desumanidade e o tratamento hostil imperam.
(…)
Com os
atrasos, os percalços administrativos e a frequente hostilidade, os imigrantes
ficam encurralados em situações que dificilmente terão resoluções céleres.
(…)
A mensagem é clara: ainda que sejam residentes
em Portugal e estejam em situação regular, devem ter medo.
(…)
Imaginam
o que é viver com esse medo? Pois é exatamente esse o país do medo em que os
imigrantes estão, atualmente, a viver.
(…)
A
principal contribuição dos imigrantes para Portugal é a sua própria vida,
escolher viver aqui, e tudo o que isso significa: fazer casa, amizades,
construir laços e sonhos.
(…)
Não podemos admitir que a desumanidade se torne
política de imigração,
(…)
Portugal
já foi reconhecido como o segundo país do mundo com a melhor política de
imigração. Também é preciso ter memória para acertos.
Ana Paula Costa, “Público” (sem link)
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