sexta-feira, 22 de agosto de 2025

CITAÇÕES

 
Há imagens que se colam. A do abraço entre o líder parlamentar e o ministro da Presidência, de sorriso aberto e copos de gin na mão enquanto o país ardia.

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E os abraços veraneantes não destoa­ram das palavras.

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De quase uma hora de discurso na Festa do Pontal sobraram sete minutos para o tema que monopoliza as preocupações dos portugueses há um mês.

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Antes de tudo, Montenegro primeiro-ministro queria discordar de Montenegro líder da oposição.

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Enquanto as labaredas cobriam o país, o Governo fazia a festa no Algarve.

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[Não é fácil a Montenegro] lidar com os momentos em que perde o controlo da narrativa. 

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[Finalmente, suspendeu as férias para] pedir o auxílio europeu para o combate aos incêndios, que, escassas horas antes, a ministra tinha garantido ser desnecessário.

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[“Estamos todos muito esgotados”], um estranho plural para quem andou desaparecido.

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[Montenegro] falhou em todos os momentos críticos e decisivos, incluindo os mais previsíveis.

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[Montenegro] falhou nos períodos tradicionalmente difíceis para as urgências.

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[Montenegro falhou] na resposta à crise aguda da habitação.

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[Montenegro] parece encaminhar-se para falhar nas contas públicas.

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[Montenegro] falhou na reação aos fogos, independentemente das condições estruturais, que não vão mudar.

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Por ter falhado em tudo é que andamos há meses a falar de imigrantes.

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O oportunismo eleitoral, que o fez copiar as políticas do Chega, não se traduz numa ligação mais intensa aos sentimentos populares.

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O falhanço comunicacional da Festa do Pontal não foi um deslize. É o estado da arte de um Governo alienado. 

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Montenegro está concentrado na oportunidade histórica de ferir de morte o PS.

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Conta com a extrema-direita para mudanças na legislação laboral, para as políticas de imigração (…) e para uma revisão constitucional. 

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Estão cheios de si. Tão cheios que só se veem a si mesmos.

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Um ano e meio de um Governo minoritário que falhou todos os testes decisivos.

Daniel Oliveira, “Expresso” (sem link)

 

A tradição judaico-cristã é tudo menos civilizada, é uma história de barbárie.

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Um eu contra os outros que Deus nos acuda, de belicismo em nome Dele para disfarçar o objectivo único: conseguir poder.

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Os acontecimentos actuais demonstram que a evolução em matéria de direitos humanos e direitos civis da segunda metade do século XX foram a excepção iluminada de uma história obscurantista de exploradores e explorados.

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Assim que a culpa e a imagem se começaram a esbater, esboroou-se rapidamente a vontade de sermos melhores do que a nossa incivilidade inata e a guerra voltou à Velha Europa.

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[Nos Países Baixos, o Partido Político Reformado (SGP)] apresentou esta semana a sua lista provisória de candidatos às eleições antecipadas de 29 de Outubro. Nela não consta qualquer mulher.

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[Para o partido], as mulheres não deveriam eleger nem ser eleitas, porque a Bíblia proíbe a sua presença na política.

António Rodrigues, “Público” (sem link)

 

[Nos EUA] a separação de poderes, que está na base da democracia liberal, está a desaparecer a um ritmo frenético.

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Trump está a vergar os outros poderes à sua vontade, dominando o Congresso e o sistema judicial, quer influenciando as suas decisões quer, pura e simplesmente, ignorando-as.

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[Trump] impôs taxas alfandegárias ao Brasil e persegue os juízes do Supremo Tribunal Federal brasileiro, por causa dos processos contra o ex-Presidente Jair Bolsonaro.

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É assim no que diz respeito ao Tribunal Penal Internacional (TPI) – cuja jurisdição os EUA não reconhecem.

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Na quarta-feira, o secretário de Estado norte-americano, Marco Rubio, anunciou novas sanções para membros do TPI.

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Juntam-se às sanções que já tinham sido impostas ao ex-procurador-chefe que se demitiu em Maio, Karim Khan, e a outros quatro juízes.

António Rodrigues, “Público” (sem link)

 

O Governo apresentou uma proposta de reforma estrutural para a Educação que ameaça pôr fim ao Plano Nacional de Leitura (PNL), à Rede de Bibliotecas Escolares (RBE) e às Escolas de Segunda Oportunidade.

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O PNL, em particular, foi criado, em 2006, para combater um dos maiores défices do país: as baixas taxas de literacia e de leitura. Na altura, uma das mais baixas da União Europeia, hoje algo mais estável, mas ainda assim baixa.

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Desde então, atravessou governos de diferentes cores políticas e consolidou-se como uma política pública de sucesso.

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A RBE cobre mais de 80% dos alunos do sistema público e dinamiza projetos de leitura e investigação.

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Ignorar o valor destas iniciativas e reduzi-las a anexos de uma “superagência” é não perceber nada da educação em Portugal.

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O Governo afirma que quer eficiência. Mas eficiência não é extinguir programas que funcionam, é reforçá-los.

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Não há nenhuma evidência de que acabar com estas estruturas vá resolver os problemas da escola pública.

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A ironia é amarga: um país onde ainda lutamos contra desigualdades de acesso ao livro e contra o abandono escolar decide, por via governativa, desarmar-se das ferramentas que melhor tinham respondido a estes problemas.

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Como podemos levar a sério um Governo que quer redesenhar o sistema educativo, quando nem sequer consegue lidar, de forma eficaz, com uma crise como a dos incêndios.

João Miguel Miranda, “Público” (sem link)

 

É preciso ter memória para não repetir erros nem violar a dignidade das pessoas.

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Não esquecer que, em 2020, Ihor Humenyuk, um imigrante ucraniano, foi assassinado nas mesmas instalações e, em 2025, a administração continua a agir de forma arbitrária e desumana.

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Uma sucessão de problemas administrativos violou o direito de uma família já residente em Portugal, que tem o país como casa, de regressar unida ao território português.

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Muito se fala sobre capacidade administrativa, mas pouco se discute a responsabilidade que o Estado português tem de criar condições para o pleno e bom funcionamento da Administração Pública.

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Não se trata de um caso isolado: muitos imigrantes estão há meses à espera das suas autorizações de residência, que não chegam.

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A desumanidade e o tratamento hostil imperam.

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Com os atrasos, os percalços administrativos e a frequente hostilidade, os imigrantes ficam encurralados em situações que dificilmente terão resoluções céleres.

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A mensagem é clara: ainda que sejam residentes em Portugal e estejam em situação regular, devem ter medo.

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Imaginam o que é viver com esse medo? Pois é exatamente esse o país do medo em que os imigrantes estão, atualmente, a viver.

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A principal contribuição dos imigrantes para Portugal é a sua própria vida, escolher viver aqui, e tudo o que isso significa: fazer casa, amizades, construir laços e sonhos.

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Não podemos admitir que a desumanidade se torne política de imigração,

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Portugal já foi reconhecido como o segundo país do mundo com a melhor política de imigração. Também é preciso ter memória para acertos.

Ana Paula Costa, “Público” (sem link)


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