(…)
O objetivo sempre foi tirar a Autoridade Palestiniana, que
tinha estatuto internacional, da equação, para rebentar com todas as possíveis
pontes de diálogo.
(…)
É Israel que não reconhece o direito de existência a um
Estado palestiniano e tem uma estratégia consistente e bem-sucedida para o
impedir.
(…)
O 7 de Outubro foi pretexto, não causa.
(…)
Alimentar o Hamas, destruindo a legitimidade internacional da
causa palestiniana e inviabilizando o diálogo.
(…)
Disseminar uma cultura de desumanização dos palestinianos de
modo a facilitar a sua expulsão ou extermínio.
(…)
As coisas não ficarão por aqui até Israel colonizar
praticamente todo o território a oeste do rio Jordão.
(…)
Dentro do “muro de ferro” de Jabotinsky, líder terrorista de
perfil fascista que inspira Netanyahu, não há lugar para a Palestina.
(…)
Como Putin, Netanyahu sempre disse ao que vinha.
(…)
Ao contrário do que pensam os antissemitas, nada há que
predisponha para este crime uma nação construída como sonho de paz e de
segurança para o povo mais perseguido da História.
(…)
Mas a razão primeira para o genocídio dos palestinianos é tão
antiga como a Humanidade: Israel faz o que faz porque pode.
(…)
Se Netanyahu foi bem-sucedido na limpeza de Gaza, as coisas
não pararão por aqui.
(…)
[Netanyahu continuará] numa bebedeira amoral de poder
ilimitado que tanto desumaniza a vítima como o agressor.
(…)
[Crimes contra a Humanidade aconteceram] porque
pessoas banais, cúmplices ativas ou passivas do crime, se convenceram de que o
seu futuro dependia da ausência de futuro do outro.
(…)
Israel tem menos população do que Portugal, menos território
do que o Alentejo e um PIB inferior ao da Bélgica. Nunca iria tão longe sem a
cumplicidade das nossas nações.
Daniel Oliveira, “Expresso” (sem link)
A dimensão humana do primeiro-ministro não resiste ao choque
com a realidade após a noção, cair de ficha, de que o fogo queimou bem mais do
que floresta.
(…)
Há um certo heroísmo na certeza de que se deve fazer o que se
quer e o que se entende, mesmo quando a percepção indicaria que a Festa do
Pontal jamais se poderia ter realizado naqueles termos.
(…)
Mas o arrependimento na sua imagem pública surgiu mais rápido
que um Fórmula 1 no Algarve e vai queimar em lume brando, atiçado pelo rescaldo
da oposição.
(…)
Enquanto a situação dramática dos fogos florestais se
mantiver (…) nenhum primeiro-ministro pode gozar férias no Verão.
(…)
Também é verdade que [qualquer governante] não pode primar
pela ausência e ou pela falta de recato, sobretudo quando uma das grandes
catástrofes nacionais se anuncia e se cumpre, quase todos os anos, como uma
fatalidade.
(…)
Quando o mal arde para se ver, a contagem de espingardas vem
sempre com o cheiro a napalm.
(…)
No momento em que os incêndios se apagam, é o maior condutor
de fogo que existe.
(…)
É preciso coragem e antecipação. E essa coragem passa por
encarar a propriedade florestal como uma obrigação do Estado.
Enquanto
o presidente [da Argentina] se apoia em delírios místicos e latidos
imaginários, a economia nacional segue no caos: inflação que corrói salários,
pobreza crescente e uma dívida que ninguém sabe como pagar.
(…)
A corrupção é o velho cão de guarda que nunca abandona a
política argentina.
(…)
Décadas de governos de todos os espectros prometeram
mudanças, mas o sistema de favores, clientelismo e esquemas escusos segue firme.
(…)
Fuga de capitais, falta de investimento produtivo e uma
sociedade cada vez mais descrente.
(…)
O
governo de Javier Milei, que prometia ser a antítese da "casta política” e
da corrupção associada ao kirchnerismo, enfrenta agora seu próprio terremoto
ético.
(…)
O
vazamento de áudios do ex-titular da Agência Nacional de Deficiência, Diego
Spagnuolo, expôs uma suposta rede de cobrança de propinas para a compra estatal
de medicamentos.
(…)
Não é
o primeiro escândalo a abalar o discurso anticasta de Milei, nem a primeira vez
que ele demora a se pronunciar.
(…)
O
episódio, que já levou à abertura de investigações judiciais e a operações de
busca, foi inicialmente silenciado pela Casa Rosada por cinco dias.
(…)
Ao
invés de responder às acusações de corrupção, o presidente transforma o
episódio em mais um capítulo da batalha contra os inimigos internos.
(…)
O
escândalo estoura em um momento delicado para o governo argentino: duas semanas
antes das eleições provinciais em Buenos Aires e a menos de dois meses do
pleito legislativo nacional.
(…)
Enquanto
o presidente se diverte em batalhas ideológicas e provocações midiáticas e a
oposição se perde em disputas internas, a população vive o dilema de como
colocar comida na mesa.
(…)
A
inflação não late, mas morde — e morde forte.
(…)
Sem [qualquer presidente] enfrentar a corrupção estrutural,
nenhum plano econômico — seja liberal, seja keynesiano ou espiritual — vai
funcionar.
Marina
Pereira Guimarães, “Público” (sem
link)
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