quarta-feira, 20 de agosto de 2025

CITAÇÕES À QUARTA (168)

 
Thiel é o bilionário dono e fundador da empresa Palantir, a maior empresa de vigilância privada do mundo.

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Thiel é um dos principais promotores da ideologia arcaica que domina o pensamento de homens como Elon Musk, Jeff Bezos, Mark Zuckerberg, Tim Cook (…)

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A sua adaptação à extrema-direita já não surpreende. 

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Os tecnolordes ditaram algumas das pedras basilares da política autoritária e forneceram os meios para a ascensão da nova ideologia do regresso ao passado.

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[Os tecnolordes constituem] uma mistura de doutrinas libertárias à la Iniciativa Liberal com racismo científico, uma visão anti-histórica de regresso ao feudalismo e a aceleração rumo ao colapso social e ambiental.

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[A sua ideologia defende] que “o poder corporativo capitalista deve tornar-se a força organizadora da sociedade”.

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Pretendem afirmar a desigualdade não como acidente, mas como estrutura.

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Para todos os efeitos práticos, a ideologia dos tecnolordes pretende derrubar qualquer ilusão democrática.

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[A rejeição da educação formal destes homens] privou-os de informação essencial sobre História, sobre Biologia, Química, Física e outras áreas nevrálgicas do conhecimento.

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Os mercados recompensam a sua ignorância audaz oferecendo em troca de cada usurpação louvor e dinheiro.

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Não admira que se achem semi-deuses e procurem racionalizações ideológicas para o seu privilégio.

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Numa obra como o Senhor dos Anéis, de JRR Tolkien, onde a eugenia atravessa a narrativa de todos os lados, os tecnolordes parecem apoiar a posição mais pérfida. 

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A ideologia dos tecnolordes assume uma oposição directa à democracia, vista como um obstáculo à acumulação e manutenção da riqueza e do poder dos ricos. 

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[Louvam] a cidade de Singapura como modelo.

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Para destruir a democracia, defendem desmantelar os aparelhos institucionais dos estados-nação.

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[Pretendem] garantir que as injustiças não têm oposição social e que, havendo oposição, a mesma possa ser fortemente reprimida.

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Advogam a remoção dos funcionários e serviços públicos quase todos, aumentando os números das forças armadas e policiais, a capacidade de repressão por parte do poder.

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O DOGE liderado por Elon Musk, combinado com a expansão de uma polícia política miliciana como o ICE, é um ensaio disto.

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Outro vértice da ideologia dos tecnolordes é o aceleracionismo, que advoga a libertação de quaisquer restrições ao crescimento capitalista e ao desenvolvimento tecnológico, até se criarem colapsos sociais e económicos. 

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[Não escondem] que o colapso social é um objetivo da desregulamentação, em vez de um efeito secundário a ignorar ou esconder.

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A libertação de restrições no aceleracionismo serve mesmo para criar colapsos sociais que permitam aos tecnolordes instalar-se como os novos senhores.

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O aceleracionismo defende que temos de ignorar o sofrimento atual de milhares de milhões de pessoas para optimizar o desenvolvimento tecnológico que crie o ambiente em que humanos futuros colonizem o espaço.

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Ao conjunto das crenças dos tecnolordes somam-se outros segmentos de ficção científica, todos anti-científicos.

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Os tecnolordes pretendem levar a Humanidade à fronteira do colapso e depois, num truque de mágica, subir ao poder, salvando a espécie ou a eles mesmos como últimos espécimes. 

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[Querem] subjugar todas as sociedades a uma distopia tecnológica em que CEOs mandam e se comportam como os sobreviventes do apocalipse.

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[Os tecnolordes  são] o porto de abrigo ideológico e a infraestrutura de difusão sem paralelo para a nova extrema-direita.

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Montaram as armadilhas e estamos dentro delas há muito.

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Os algoritmos isolam-nos e privam-nos da informação útil para a nossa vida coletiva.

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Os tecnolordes e a sua ideologia são inimigos mortais da Humanidade e não travarão perante nada para impor as suas distopias nos próximos anos.

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Mas é na sua ignorância arrogante que se encontram as suas vulnerabilidades.

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Estes gigantes têm de facto pés de barro que é importante derrubar, e a sua ideologia é aqui central: desprezam a realidade material, rejeitam o coletivo e social como realidades e estão submersos em ficção.

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Passar a jogar fora do seu campo preferido, o das redes sociais, pode ser dos primeiros passos para o seu fim.

João Camargo, “Expresso” online


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