(…)
A direita acha que, quando tem maioria, se suspendem os
poderes do TC e o sistema deixa de ser semipresidencialista.
(…)
Não me recordo de se falar de mudanças
na Constituição ou na composição do Tribunal [quando a lei da eutanásia foi repetidamente chumbada pelo TC].
(…)
As dúvidas de Marcelo e
o chumbo do TC basearam-se, para além do direito dos imigrantes ao acesso à
Justiça, na defesa do reagrupamento familiar, tratado como um direito
fundamental.
(…)
Nada mais óbvio para
quem passa a vida a repetir que a família é o núcleo central da sociedade.
(…)
Foi o PSD que mudou,
não foi o Presidente da República.
(…)
[Agora, a direita] pode
pôr fim ao equilíbrio do TC ao centro e rever sozinha a Constituição.
(…)
Claro que isso
obrigaria a um acordo com o Chega, que quererá escolher pelo menos um dos
juízes.
(…)
O entendimento
preferencial com o Chega se tornou, entretanto, uma evidência.
(…)
Os democratas devem
perguntar-se se desejam uma revisão liderada pela agenda de um partido de
extrema-direita.
(…)
Ventura dá mais
entrevistas televisivas do que todos os outros líderes juntos.
(…)
Os democratas devem
perguntar-se se querem um líder que disse “quero que a Constituição se lixe” a
selecionar quem julga a constitucionalidade das nossas leis.
(…)
Com um primeiro-ministro sem âncora
moral ou doutrinária, estaríamos a entregar à extrema-direita a chave do
regime.
(…)
Como é historicamente
comum, a ascensão dos fascismos serve para destruir barreiras, limites e
direitos.
(…)
O verdadeiro programa
são as contrarreformas laboral e da Segurança Social, que se lhe seguirá.
(…)
Queremos cristalizar o
descontrolo moral que vivemos por estes dias mudando agora a lei que enquadra o
regime e os direitos que temos?
(…)
Queremos dar a um
inimigo da democracia a chave da Constituição e do Tribunal que a defende?
Daniel
Oliveira, “Expresso” (sem
link)
Palestine Action é um grupo britânico
pró-palestiniano, fundado em 2020, cujo programa de acção visa o fim do que os
seus membros e apoiantes consideram ser um apartheid
israelita.
(…)
O governo britânico decretou a proibição
do Palestine Action e estabeleceu que qualquer pessoa que use, transporte ou
exiba publicamente material de apoio (cartazes e outros suportes) ao grupo pode
ser condenado a uma pena de prisão.
(…)
Ganhou evidência que o
terrorismo não se define apenas por actos extremos.
(…)
O “terrorismo” é também um nome — um
nome de Estado, uma denominação, mesmo antes de ser objecto de uma definição.
(…)
[O texto de Owen Jones]
era também sobre o terrorismo como nome de Estado que cria um espantalho.
(…)
Em La
transparence du Mal (1990), Jean Baudrillard formulou uma ideia
que, à luz do que estamos a assistir, tem hoje um sentido muito mais
“transparente” e apto a ser constantemente confirmado pelos factos.
(…)
Este demónio da
reversibilidade total paira hoje sobre Israel: as suas operações continuadas
contra os terroristas do Hamas (…)
estão a ser revertidas, pela opinião pública mundial e até por organizações
israelitas e personalidades da elite cultural de Israel, para a condição de
puro terrorismo.
(…)
E a razão de Estado que em princípio
devia legitimar essas acções tem a feição de uma fúria comandada pela desrazão.
(…)
Para a inscrição
memorialista deste fenómeno extremo está a iconografia do terror que não pode
ser desmentida.
(…)
As imagens actuais da
cidade de Gaza (…) mostram um urbanicídio e um ecocídio em tudo
semelhantes, mas numa escala maior (…) Também aqui a reversibilidade é
total.
(…)
E a coroar este fenómeno diabólico da
reversibilidade, temos o fanatismo cego dos defensores da acção militar de
Israel, custe o que custar,
António
Guerreiro, “Público” (sem link)
Num país [Angola]
com aproximadamente 100 jovens por cada cinco pessoas com mais de 65 anos
(…) a pressão sobre o Governo e as empresas para criar postos de trabalho é
tremenda. E tem falhado redondamente.
(…)
A média da taxa de desemprego em Angola
entre a população jovem nos últimos dez anos esteve sempre acima dos 50%.
(…)
No primeiro trimestre deste ano
cifrava-se em 54,4%. Entre 2017 e 2024 calcula-se que tenham emigrado 3,5
milhões de jovens angolanos.
(…)
Da parte
do Governo parece haver falta de sensibilidade para o problema.
(…)
A insensibilidade demonstrada pelo
Presidente João Lourenço ao menorizar
as pessoas, maioritariamente jovens, envolvidas nos protestos dos taxistas
contra o aumento dos combustíveis.
(…)
Negando o
seu direito à indignação face ao desespero de uma realidade sem futuro.
(…)
A
frustração [dos jovens] é maior com João Lourenço porque ameaçou ser melhor.
(…)
Sem
soluções, só tem uma resposta, a da repressão. Até um dia.
António Rodrigues, “Público” (sem link)
Como é
que o conhecimento do próprio corpo se tornou um campo de batalha ideológica?
(…)
Falar sobre o funcionamento do próprio
corpo aumenta a autoestima, melhora a capacidade de perceção sobre o que pode
não estar bem e reduz a ansiedade associada às transformações da puberdade.
(…)
Falar sobre a fisiologia da gravidez e o
impacto que pode ter no corpo, no comportamento e na vida de um homem e de uma
mulher aumenta a literacia reprodutiva e capacita os jovens para o uso seguro e
adequado dos métodos contracetivos.
(…)
Falar
sobre doenças sexualmente transmissíveis é falar de saúde pública.
(…)
Falar sobre diferenças entre orientação
sexual e orientação de género não pode transformar um heterossexual em
homossexual nem um homem cis em não cis.
(…)
A
transmissão de ferramentas de capacitação e decisão a adolescentes em
desenvolvimento por professores capacitados (…) pode ser a arma mais
poderosa contra crimes hediondos, como, por exemplo, o abuso sexual contra
menores.
(…)
Trabalhar com as crianças e os
adolescentes a definição e perceção de “espaço pessoal”, “o meu corpo as minhas
regras”, assédio, abuso e consentimento não pode, de forma alguma, ser uma
guerra entre a esquerda e a direita.
(…)
Mais do que uma bandeira politica, a
educação sexual é um passo importante na construção de uma sociedade melhor,
mais informada, mais consciente e mais forte.
Catarina Soares, “Público” (sem link)
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