(…)
Não é, pois, falta de conhecimento nem de meios tecnológicos
de previsão. Não é desamparo comunitário nem inconsciência.
(…)
É outra e sempre a mesma coisa: tudo consegue ser retardado,
impedido, bloqueado, descontinuado, num constante para-arranca das políticas
florestais e de ordenamento do território.
(…)
[Somos] o país com a maior percentagem de área florestal
ardida na EU.
(…)
Este ano saiu também a rifa às Áreas Protegidas (AP).
(…)
Os fogos arderam com notável precisão nas mais preciosas AP.
(…)
Tudo perante a inação administrativa que faz com que estas
áreas (des)protegidas continuem a não ser cuidadas e geridas, nem dotadas de
meios técnicos e humanos, nem sequer de diretores.
(…)
Somos, aliás, o único país do mundo com um Parque Nacional
sem diretor!
(…)
O facto é que, coincidência ou não, parece ter chegado o
momento oportuno de pôr tudo a arder.
(…)
Além das Áreas Protegidas, o fogo alastrou pelo país
interior, desesperando as populações e os autarcas.
(…)
[Há uma vulnerabilidade aos incêndios] que aumenta de ano
para ano com os crescentes impactos das alterações climáticas.
(…)
A saúde pública, que os próprios incêndios afetam gravemente,
está sob ameaça gradual das ondas de calor e de uma cadeia de fenómenos
perigosos.
(…)
A mesma obstinação cega consegue fazer prevalecer as mesmas
forças impeditivas sobre a razão e o bom senso.
(…)
Nos últimos anos têm-se registado em média 2500 mortes e 18 a
20 mil internamentos devido às ondas de calor.
(…)
Acresce que alguns dos poucos ‘pulmões’ naturais nessas zonas
[urbanas] encontram-se em risco de destruição.
(…)
Parece que não se vê que este fogo é uma arma suprema que,
além do território, vai destruindo a esperança e a própria democracia.
Luísa Schmidt, “Expresso” (sem link)
Francesca
Albanese, Relatora Especial das Nações Unidas sobre a situação dos direitos
humanos nos territórios palestinianos ocupados desde 1967, concluiu que Israel
está a cometer genocídio em Gaza.
(…)
Homicídio
de membros do grupo; ofensas graves à integridade física ou mental de membros
do grupo; sujeição intencional do grupo a condições de vida com vista a
provocar a sua destruição física, total ou parcial — alicerçada com a intenção
de destruir.
(…)
Tal
alerta já havia sido feito pela África do Sul no processo levantado contra
Israel no Tribunal Internacional de Justiça, em janeiro de 2024, acrescentando
o risco eminente de morte por fome.
(…)
A negação sistemática de água, comida e
saneamento é uma parte significativa do processo de genocídio.
(…)
Reconhecer formalmente o genocídio significaria
[o Ocidente] assumir as consequências jurídicas e políticas dessa designação.
(…)
[A União Europeia representa] 32% do comércio
total de mercadorias de Israel com o mundo em 2024.
(…)
Reconhecer o genocídio confronta os interesses
que sustentam o status quo.
(…)
É dado apoio político a Israel e são
preservados interesses, em detrimento da justiça e dos direitos humanos.
(…)
A mesma Europa que disse "nunca mais"
em 1945 assiste passivamente à repetição dos mesmos mecanismos de desumanização.
(…)
Evita-se identificar os responsáveis.
(…)
Retrata-se a situação como um desastre natural,
sem agentes. Gaza morre, mas ninguém mata.
(…)
[Distorcer as palavras] também contribui para a
propagação da violência, da impunidade e para a banalização do mal.
(…)
Há
quase dois anos que nos habituamos a assistir a imagens e vídeos circularem nas
redes sociais que mostram uma realidade insuportável.
(…)
Quando se apaga o culpado pela fome, quando se
recusa reconhecer um genocídio significa ser-se cúmplice.
Diana Batista, “Público”
(sem link)
Em 1972, um grupo de cientistas do MIT (…)
publicou um estudo encomendado pelo Clube de Roma no qual (…) juntava
variáveis como o crescimento populacional, recursos naturais, industrialização,
produção de alimentos e contaminação para prever cenários futuros para a
evolução do planeta.
(…)
[O
estudo] advertia nas suas conclusões que, ou arrepiávamos caminho no avanço
desenfreado de crescimento contínuo e expansão ilimitada, ou haveríamos de
perecer às nossas próprias mãos no século XXI.
(…)
O ponto de inflexão a caminho da desgraça seria
o ano 2040.
(…)
No princípio dos anos 1970, por entre o
optimismo tecnocrático e a fé do eterno progresso (…) a projecção
foi considerada no mínimo alarmista e, na generalidade, merecedora do maior
escárnio e maldizer.
(…)
Várias investigações posteriores, escreve Sergio Parra, na National
Geographic espanhol (…) a perturbadora conclusão
é que “as curvas reais de desenvolvimento económico, consumo e degradação
ambiental coincidem, em demasiados pontos, com o cenário de referência
do modelo original”.
(…)
A humanidade
avança como crash test dummies
sem vontade própria (dummies
pode ser traduzido em português por totós) para o cenário dramático previsto
pelos cientistas do MIT há mais de meio século.
António Rodrigues, “Público” (sem link)
[Luís Montenegro] colocou o Tribunal
Constitucional (TC) sob suspeição, acusando desbragadamente os juízes.
(…)
Acompanhou o Chega e a Iniciativa Liberal no ataque à
Constituição da República.
(…)
Dá-lhe jeito instabilizar o TC, como passo para lhe impor
outra composição que facilite a desconstrução da Constituição da democracia.
(…)
A questão é saber-se, com objetividade e rigor, quem
beneficiam e quem prejudicam as políticas adotadas.
(…)
[Luís Montenegro] sabe muito bem que o seu Governo e o
programa que vai executando se amparam em forças antirregime.
(…)
O amplo setor neoliberal do PSD prossegue na convicção de que
tomando a agenda da extrema-direita a controla ou aniquila. Tantas vezes e em
tantos países já vimos este filme, que acaba sempre mal.
(…)
[Temos] um ataque brutal aos direitos no trabalho e aos
fundamentos do direito do trabalho para consolidar uma política de baixos
salários e de desconstrução do sistema de relações coletivas de trabalho
assente em valores democráticos.
(…)
Em grande medida, as alterações nas políticas de imigração
associam-se a esse objetivo.
(…)
O SNS está a ser crescentemente corroído por dentro.
(…)
A mesma estratégia de ataque vai surgir em relação à
Segurança Social.
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