(…)
Israel não tem qualquer constrangimento para cumprir seja o
que for. E consegue tudo o que quer.
(…)
[O Hamas] pode aceitar [o dito “plano de paz” de Trump] para
conseguir a amnistia para os seus criminosos derrotados.
(…)
Porque não, se Netanyahu também não será julgado?
(…)
Serão os EUA a decidir as regras da governação e da
reconstrução, que é tratada como uma oportunidade de negócio.
(…)
E os palestinianos, no meio disto? Não sabemos e eles também
não, porque ninguém lhes perguntou.
(…)
[Os Palestinianos] serão estrangeiros na sua terra.
(…)
Neste caso, conseguem parar a chacina.
(…)
O plano de “paz” é um prémio pelo genocídio. Com proteção
internacional.
(…)
Trump e Netanyahu ofereceram aos europeus, que reconheceram o
Estado da Palestina pressionados pelas opiniões públicas, um plano de fuga.
(…)
A Palestina perde, na prática, qualquer soberania sobre Gaza,
a ocupação militar está garantida sem qualquer resistência.
(…)
Quem imaginaria, mais de duas décadas depois do Iraque, que
um dos principais responsáveis pela guerra mais trágica deste século, baseada
numa descarada mentira e de que, muitos milhares de mortes depois, ainda
sentimos as sucessivas réplicas, viria a ser escolhido para regente de um
território do Médio Oriente, em nome da paz.
(…)
[O hábito colonial] está, da primeira à última linha, neste
ultimato disfarçado de plano de paz.
(…)
Sem a participação de um palestiniano.
(…)
Com os despojos a serem partilhados pelos aliados de quem
arrasou o território.
(…)
Com o poder entregue pelos EUA aos próprios EUA.
(…)
A Autoridade Palestiniana fica em banho-maria.
(…)
Tudo tratado por um “conselho de paz”, ou conselho de
administração, para ser mais rigoroso, de que Trump se autonomeou presidente.
(…)
Enterre-se o assunto. E os palestinianos
com ele.
(…)
Israel deteve
ilegalmente, em águas que ninguém reconhece como suas, cidadãos de várias
nações, incluindo portugueses.
(…)
Rangel (…) elogiou a
forma “cuidada e profissional” com que Israel violou a lei e fez acusações aos
ativistas da flotilha.
Daniel
Oliveira, “Expresso” (sem
link)
Em Gaza trava-se a
guerra que tem como horizonte o esmagamento dos palestinianos.
(…)
A guerra que se trava
em Gaza é um indicador da crueza do sistema de poder internacional de hoje.
(…)
Genocídio sem entraves,
desdém ilimitado pelas considerações mais elementares de humanidade
(…)
A guerra sobre Gaza é a
guerra sobre as palavras que se usam e sobre o que elas legitimam.
(…)
A palavra “genocídio” tem ocupado o centro dessa outra guerra.
(…)
Qualificar a guerra em
Gaza como genocídio tem uma evidente dimensão descritiva da barbárie em curso
no território.
(…)
Desafia as chancelarias
e as opiniões públicas a sair do imobilismo e a agir em defesa das vítimas
indefesas.
(…)
Negar a perpetração de genocídio em Gaza
é parte de uma estratégia de desqualificação do movimento internacional de solidariedade
com a Palestina.
(…)
Desde quarta-feira ao
fim da tarde (…) O argumentário usado é primário: os ativistas não
tinham nenhum propósito humanitário mas sim um objetivo político.
(…)
Tão primário como o
embaixador de Israel na ONU – que qualificou António Guterres como cúmplice do
Hamas.
(…)
[Nuno] Melo armou-se em
Ventura e proclamou que quem levava comida para Gaza era aliado do Hamas.
(…)
[Quem usa este tipo de argumentos] dispensa-se de tomar posição sobre as questões
essenciais: a da legitimidade da ocupação israelita, incluindo a
zona de exclusão de navegação no mar adjacente a Gaza, ou a da violação
sistemática do Direito Internacional e do Direito Humanitário por aquele país.
(…)
Em Gaza, a guerra é
obscenamente assimétrica, bem o sabemos.
(…)
A tragédia
desta guerra assimétrica é que ela ocorre no tempo da banalização do mal como
cultura dominante e do deserto de densidade argumentativa como lei das redes
sociais.
(…)
Mas há algo que perturba esta assimetria. É a mobilização
das ruas contra a prepotência impune do governo de
Netanyahu.
(…)
[Há que
exigir o] fim do morticínio em Gaza e do reconhecimento do direito à
autodeterminação do povo da Palestina – os pratos da balança ganham novo
equilíbrio.
(…)
[Os
que desdenham a flotilha] sabem que ela teve esse efeito fundamental: combateu
a assimetria da guerra sobre Gaza. Essa foi a sua vitória.
José Manuel Pureza, “Público” (sem link)
A uma semana do fim da campanha para as eleições autárquicas,
parecem ser as políticas de imigração.
(…)
Como sabemos, o que preocupa os nacionalistas, mesmo os
autárquicos, são as cores de pele com outras bolsas.
(…)
A imigração que nos lesa já chegou há muito e, na esmagadora
maioria, limitou-se a adquirir casas que intensificaram a indisponibilidade do
mercado da habitação.
(…)
Em dez anos, Portugal atribuiu mais de 11 mil "vistos
gold" a pessoas que nem cá estão, nem cá estiveram, nem cá trabalham, nem
cá descontam, nem cá existem.
(…)
[São] apenas escandalosos contribuidores para o aumento
brutal do preço das casas que (não) temos para morar.
(…)
Colocar a imigração e o aumento da criminalidade ou da
insegurança como os principais problemas do país autárquico que vai a votos,
pior do que tomar a árvore pela floresta, é cada vez mais desculpabilizador do
"ser português".
(…)
O que era impensável ser dito na mesa do café é agora bradado
no Parlamento sem consequências senão a da tragédia democrática que a pocilga
permite.
(…)
O que assusta é a normalização do insulto e da insinuação,
como se não houvesse qualquer reflexo na opinião pública ou qualquer peso no
voto.
De
acordo com as estatísticas oficiais, na última década, o crime de abuso sexual
de crianças, adolescentes e menores dependentes ou em situação particularmente
vulnerável e o crime de violência doméstica tiveram a maior representação no
conjunto de crimes contra menores.
(…)
Apesar
da importância crucial da investigação criminal e da punição dos culpados, o
foco principal e mais urgente deve ser na prevenção.
(…)
Perder
uma criança para o abuso é uma falha de toda a sociedade, e esperar pelo crime
para agir é falhar no nosso dever primário de proteção.
Madalena Sofia Oliveira, “Público” (sem link)
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