(…)
A sua agenda acabou por municiar as decisões dos governos
provisórios, contribuindo para que a Constituição da República inscrevesse os
direitos do trabalho como direitos fundamentais.
(…)
Desde 1976, deu um extraordinário contributo na construção e
defesa dos pilares fundamentais da democracia.
(…)
O lugar e o valor do trabalho para a vida das pessoas, o
funcionamento da economia e da sociedade continuam centrais.
(…)
As novas formas de organização e de prestação de trabalho não
lhe retiram centralidade.
(…)
A aversão dos neoliberais a estes princípios tem séculos.
Hoje, tentam dar-lhe roupagens novas com manipulações semânticas.
(…)
A negociação coletiva é atacada, por ser eficaz instrumento
que faz crescer os salários, que combate as desigualdades e injustiças e
equilibra a distribuição da riqueza.
(…)
Lutar contra o Pacote Laboral é dar combate à pobreza.
(…)
A afirmação da unidade interna e da unidade na ação com
outras forças talvez seja campo onde se impõem melhorias.
(…)
É execrável a pretensão neoliberal (e fascista) de amputar
direitos de cidadania a quem trabalha, em nome da produtividade, da
competitividade ou do investimento belicista.
O uso da classificação de “conservador” é nos
dias de hoje, na maioria dos casos, abusiva.
(…)
Nos EUA muitos órgãos de comunicação o
classificaram [ Charles Kirk, que morreu assassinado recentemente] de
extrema-direita.
(…)
As ideias de Kirk (…) aquilo que o une a
Musk e a Trump numa visão cruel do Estado e da sociedade [nada têm de
conservador]
(…)
Essa classificação de “conservador”, pouco
comum na actual política portuguesa, entrou por imitação das notícias sobre
Kirk.
(…)
Como
muita coisa que por aí circula, é falsa — a classificação de extrema-direita é
mais rigorosa, embora tenda a esconder o que é novo nessa zona política.
(…)
Há no
conservadorismo um módico de costumes, uma recusa da má educação, dos insultos
nas redes sociais, das caretas e gestos dos deputados do Chega no Parlamento.
(…)
Mas o pensamento conservador, a linguagem, a
postura, são completamente distintos desta boçalidade e do programa que ela
transporta.
(…)
Basta comparar um genuíno conservador (…)
com o seu anti-intelectualismo e ignorância agressiva, o uso sistemático
da mentira e do exagero como discursos principais.
(…)
Percebe-se a distância da extrema-direita
impulsionada pelo populismo dessa trilogia.
(…)
Os
nossos homens e mulheres de extrema-direita pouco têm a ver com Deus se o
personificarmos na Igreja Católica, onde a maioria se proclama crente.
(…)
Uma das coisas que afastavam o ditador
conservador que era Salazar do nazismo (…) era o paganismo dos
nazis, o culto da violência rácica presente na negação do “outro”, base do
racismo e do discurso contra os imigrantes.
(…)
A
Igreja de hoje em sociedades como as europeias é uma força de moderação e uma
reserva de “empatia” para os mais fracos, como são os pobres e os perseguidos.
(…)
Quanto
à Pátria, uma coisa é ser patriota, outra ser nacionalista e xenófobo. A
história portuguesa não tem H grande como todas as histórias de qualquer país.
(…)
Aceitar a história como ela foi (…) pode
ser um factor de moderação.
(…)
Quanto à Família, esse “valor conservador”,
então é que não tem de todo qualquer sentido.
(…)
Muito do machismo masculino oculta a sua
homossexualidade, praticada ou latente.
(…)
E
chamar-lhes conservadores [e muita
gente da direita radical e da extrema-direita] é dar-lhes uma
caução de moderação que não só não têm como é um dos seus alvos principais.
Pacheco Pereira, “Público” (sem link)
As loas e os chefes deverão ter nascido na
mesma altura.
(…)
Soberanos que gostam de ser bajulados e
suseranos que adoram bajular são tão antigos como o poder.
(…)
Ditadores e autocratas elevam a necessidade de
ser louvados ao nível do decreto.
(…)
Há quem se disponha a cumprir o papel de
adulador, seja por necessidade, por ambição, cobardia ou mesmo por convicção.
António Rodrigues, “Público”
(sem link)
Não perdeu tempo. Durante mais de 56 minutos
[Trump] atacou a ONU.
(…)
Discursou como se dirigisse a uma assembleia de
acionistas. O direito internacional não faz parte da sua formação.
(…)
O rei dos autoelogios deixaria Narciso a chorar
de vergonha por não ser capaz de semelhante feito.
(…)
O paraíso está nos EUA desde que tomou posse.
Faz milagres.
(…)
Infelizmente continua a haver mais cadeias que
universidades e a esperança de vida diminui.
(…)
Em 2024 houve 21.500 homicídios, 77% com armas
de fogo.
(…)
Expulsou e mandou prender dezenas de milhar de
imigrantes associando-os à alta criminalidade.
(…)
Agradeceu a El Salvador o papel de Herodes.
(…)
Invocou o nome de Deus em vão para justificar o
ódio a todos os que não são evangélicos.
(…)
O Cristo de que fala deve ser o redentor das criptomoedas e das
bolsas de valores mobiliários.
(…)
Tem as melhores armas do mundo.
(…)
Lançou um violento ataque à energia verde.
(…)
Em
relação a Gaza reafirmou o seu papel de apoio a Israel e não se distanciou um
milímetro da política de Netanyahu.
(…)
E o
conflito da Ucrânia de uma potência fraca que nunca aconteceria com ele ou com
que ele acabaria em 24 horas afinal é para continuar.
(…)
Tudo
se passou na ONU, para a qual os EUA deram um importante contributo após a Segunda
Guerra Mundial, como instância chamada a resolver conflitos por via pacífica.
(…)
Afinal o novo Luís XIV das Américas quer
substituir a ONU por ele próprio.
(…)
O que vale é que ele vai impedir que as mulheres
grávidas tomem paracetemol.
Domingos Lopes, “Público” (sem link)
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