(…)
É
neste contexto que, após o Free Gaza Movement ter desembarcado
em Gaza dois barcos carregados de material hospitalar, nasce em 2010 a Gaza Freedom Flotilla (GFF).
(…)
Cabe aqui
referir que o recurso a flotilhas em ações de protesto já tinha sido usado por
ambientalistas neozelandeses e australianos em manifestações contra a exploração offshore de petróleo e os ensaios
nucleares de Moruroa.
(…)
Em Maio de 2010, uma flotilha de seis embarcações organizada
pela GFF e pela organização não-governamental (ONG) turca Humanitarian Relief
Foundation, transportando ajuda humanitária e materiais de construção, entrou
num violento confronto com a marinha israelita, de que resultou a morte de dez
ativistas turcos e dezenas de feridos.
(…)´
(…)
Em
2015, uma terceira flotilha (GFF III), liderada por um navio de bandeira sueca,
foi também abordada em águas internacionais pela marinha israelita e os
ativistas presos e deportados.
(…)
Em
Outubro de 2016, o Women’s
Boat to Gaza, que transportava mulheres de 13 países de cinco
continentes, incluído a prémio Nobel da Paz Mairead Maguire, foi também
intercetada e impedida de chegar a Gaza.
(…)
(…)
Este
ano tiveram lugar mais três tentativas de chegar a Gaza com ajuda humanitária
transportada nos navios Madleen
e Handala, e na Global Sumud Flotilla
(GSF) composta por 42 embarcações e cerca de 500 participantes de mais de 44
países.
(…)
Apesar
desta ação da GSF ter um objetivo idêntico ao pretendido pelas anteriores
flotilhas, o de fazer chegar ajuda humanitária a Gaza, o contexto do atual
bloqueio naval é diferente daquele que existia antes de 7 de Outubro de 2023.
(…)
A par
da dimensão da flotilha, o contexto em que esta ação teve lugar foi a razão
principal do enorme apoio internacional e mediatização da iniciativa.
(…)
O bloqueio
dos estivadores europeus ao carregamento de armamento com
destino a Israel deixam transparecer que, afinal, o “internacionalismo” não é
um termo démodé.
(…)
No entanto, ainda há quem insista (…)
[que os ativistas] foram fazer um cruzeiro a Gaza de onde voltaram de boa saúde.
(…)
Se há
um aspeto em que os ativistas se tenham sentido privilegiados foi no que
respeita aos maus tratos a que foram sujeitos na prisão de Ktzi’ot
(…)
O significado histórico e diplomático do “movimento das
flotilhas” não deve ser menosprezado.
Pedro Abreu, “Público” (sem link)
Portugal,
que durante séculos foi uma nação de emigrantes, conhece bem o valor de partir.
Mas precisa, urgentemente, de aprender o valor de acolher.
(…)
[Portugal
precisa] de ser também um destino onde jovens de diferentes origens possam
estudar, investigar, empreender — e contribuir para um país mais inovador e
aberto.
(…)
A
ciência portuguesa tem mostrado capacidade de integração e excelência, mas
enfrenta o mesmo risco de sempre: fechar-se, burocratizar-se, perder a ousadia.
(…)
Acolher
quem chega — seja de Maputo, de Damasco ou de Manaus — não é apenas um gesto
humanitário: é uma aposta inteligente no futuro.
João Rocha, “Público” (sem link)
No
passado dia 30 de Setembro, as projeções
do Instituto Nacional de Estatística
(INE) traçaram o retrato de um país mais vazio e envelhecido até 2100.
(…)
Pode um país encolher sem desaparecer? Pode, e
Portugal caminha nessa direção.
(…)
A pergunta não é se vamos diminuir. É como
vamos lidar com a diminuição populacional.
(…)
Seremos menos, mas sobretudo seremos mais velhos
[em 2100].
(…)
Em
2024 havia 192 idosos por cada 100 jovens. Em 2100 poderão ser mais de 400
idosos para cada 100 jovens.
(…)
Haverá
menos jovens, muito menos. Se em 2024 havia mais de um milhão e trezentas mil
crianças, em 2100 poderão ser menos de um milhão. Haverá também menos população
ativa.
(…)
Por outro lado, viver mais sem reposição de
gerações é viver de costas voltadas para o futuro.
(…)
A fecundidade mantém-se teimosamente baixa.
(…)
Muito menos mulheres para poderem, querendo,
ter filhos. Não é apenas uma questão de escolha.
(…)
É
sobretudo de condições. Salários curtos para meses longos, habitação cara,
instabilidade no trabalho. Não faltam razões para adiar ou evitar filhos.
(…)
O resultado é inevitável: menos nascimentos,
menos renovação, mais envelhecimento.
(…)
A economia encolhe, os sistemas de pensões e de
saúde ficam em risco.
(…)
[O pendulo do futuro] está na migração.
(…)
[Sem esse contributo] Portugal cairia
rapidamente para o cenário mais pessimista.
(…)
A imigração não é ameaça, é redenção. É uma
oportunidade.
(…)
[A imigração] é a linha que separa um país em
declínio de um país que, mesmo envelhecido, continua vivo e dinâmico.
(…)
As desigualdades territoriais reforçam-se hoje
e nas projeções para o futuro.
(…)
Mais aldeias sem gente, mais vilas
transformadas em espaços fantasma.
(…)
Mais línguas, mais culturas, mais tensões, mas
também mais futuro. Isso é uma ameaça à identidade? É futuro.
(…)
[O problema] está em aceitar o envelhecimento
como fado, a emigração como destino, a imigração como ameaça.
(…)
E nada mudar é a escolha mais perigosa de todas.
(…)
[O futuro] está escrito nas decisões que
tomamos hoje.
Pedro Goes, “Público”
(sem link)
É apresentado um OE cheio de marosca, em que o
equilíbrio orçamental não passa de austeridade camuflada, e não se identificam
as implicações do aumento da despesa militar.
(…)
Vamos ter a continuação das políticas seguidas
pelo PSD/CDS em que as receitas ficam aquém do previsto, mas a despesa ainda se
apresenta mais distante do projetado.
(…)
Neste OE, continuaremos a ter pouco
investimento público.
(…)
O que o Governo avançou dá para perceber que os
acionistas da banca e de grandes empresas vão receber chorudas prendas,
enquanto aos trabalhadores serão oferecidas umas migalhas.
(…)
[O OE] esconde uma carga de veneno que vai
lançar sobre o emprego e as relações de trabalho.
(…)
A forma como tem sido gerida a preparação e
discussão do OE para 2026 é um maná para o liberalismo económico e para os
objetivos das forças ultraconservadoras.
(…)
Já não é claro que o PS, em nome do interesse
nacional, tenha algo a ganhar dando passagem a um OE desastroso.
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