sábado, 11 de outubro de 2025

MAIS CITAÇÕES (354)

 
Os bloqueios navais, para além dos objetivos militares, acarretam sempre consequências humanitárias para as populações civis, decorrentes da privação de bens alimentares, água e medicamentos.

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É neste contexto que, após o Free Gaza Movement ter desembarcado em Gaza dois barcos carregados de material hospitalar, nasce em 2010 a Gaza Freedom Flotilla (GFF).

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Cabe aqui referir que o recurso a flotilhas em ações de protesto já tinha sido usado por ambientalistas neozelandeses e australianos em manifestações contra a exploração offshore de petróleo e os ensaios nucleares de Moruroa.

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Em Maio de 2010, uma flotilha de seis embarcações organizada pela GFF e pela organização não-governamental (ONG) turca Humanitarian Relief Foundation, transportando ajuda humanitária e materiais de construção, entrou num violento confronto com a marinha israelita, de que resultou a morte de dez ativistas turcos e dezenas de feridos.

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Em 2015, uma terceira flotilha (GFF III), liderada por um navio de bandeira sueca, foi também abordada em águas internacionais pela marinha israelita e os ativistas presos e deportados.

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Em Outubro de 2016, o Women’s Boat to Gaza, que transportava mulheres de 13 países de cinco continentes, incluído a prémio Nobel da Paz Mairead Maguire, foi também intercetada e impedida de chegar a Gaza.

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Este ano tiveram lugar mais três tentativas de chegar a Gaza com ajuda humanitária transportada nos navios Madleen e Handala, e na Global Sumud Flotilla (GSF) composta por 42 embarcações e cerca de 500 participantes de mais de 44 países.

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Apesar desta ação da GSF ter um objetivo idêntico ao pretendido pelas anteriores flotilhas, o de fazer chegar ajuda humanitária a Gaza, o contexto do atual bloqueio naval é diferente daquele que existia antes de 7 de Outubro de 2023.

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A par da dimensão da flotilha, o contexto em que esta ação teve lugar foi a razão principal do enorme apoio internacional e mediatização da iniciativa.

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O bloqueio dos estivadores europeus ao carregamento de armamento com destino a Israel deixam transparecer que, afinal, o “internacionalismo” não é um termo démodé.

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No entanto, ainda há quem insista (…) [que os ativistas] foram fazer um cruzeiro a Gaza de onde voltaram de boa saúde.

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Se há um aspeto em que os ativistas se tenham sentido privilegiados foi no que respeita aos maus tratos a que foram sujeitos na prisão de Ktzi’ot

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O significado histórico e diplomático do “movimento das flotilhas” não deve ser menosprezado.

Pedro Abreu, “Público” (sem link)

 

Portugal, que durante séculos foi uma nação de emigrantes, conhece bem o valor de partir. Mas precisa, urgentemente, de aprender o valor de acolher.

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[Portugal precisa] de ser também um destino onde jovens de diferentes origens possam estudar, investigar, empreender — e contribuir para um país mais inovador e aberto.

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A ciência portuguesa tem mostrado capacidade de integração e excelência, mas enfrenta o mesmo risco de sempre: fechar-se, burocratizar-se, perder a ousadia.

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Acolher quem chega — seja de Maputo, de Damasco ou de Manaus — não é apenas um gesto humanitário: é uma aposta inteligente no futuro.

João Rocha, “Público” (sem link)

 

No passado dia 30 de Setembro, as projeções do Instituto Nacional de Estatística (INE) traçaram o retrato de um país mais vazio e envelhecido até 2100.

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Pode um país encolher sem desaparecer? Pode, e Portugal caminha nessa direção.

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A pergunta não é se vamos diminuir. É como vamos lidar com a diminuição populacional.

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Seremos menos, mas sobretudo seremos mais velhos [em 2100].

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Em 2024 havia 192 idosos por cada 100 jovens. Em 2100 poderão ser mais de 400 idosos para cada 100 jovens.

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Haverá menos jovens, muito menos. Se em 2024 havia mais de um milhão e trezentas mil crianças, em 2100 poderão ser menos de um milhão. Haverá também menos população ativa.

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Por outro lado, viver mais sem reposição de gerações é viver de costas voltadas para o futuro.

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A fecundidade mantém-se teimosamente baixa.

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Muito menos mulheres para poderem, querendo, ter filhos. Não é apenas uma questão de escolha.

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É sobretudo de condições. Salários curtos para meses longos, habitação cara, instabilidade no trabalho. Não faltam razões para adiar ou evitar filhos.

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O resultado é inevitável: menos nascimentos, menos renovação, mais envelhecimento. 

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A economia encolhe, os sistemas de pensões e de saúde ficam em risco.

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[O pendulo do futuro] está na migração.

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[Sem esse contributo] Portugal cairia rapidamente para o cenário mais pessimista.

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A imigração não é ameaça, é redenção. É uma oportunidade.

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[A imigração] é a linha que separa um país em declínio de um país que, mesmo envelhecido, continua vivo e dinâmico.

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As desigualdades territoriais reforçam-se hoje e nas projeções para o futuro.

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Mais aldeias sem gente, mais vilas transformadas em espaços fantasma.

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Mais línguas, mais culturas, mais tensões, mas também mais futuro. Isso é uma ameaça à identidade? É futuro.

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[O problema] está em aceitar o envelhecimento como fado, a emigração como destino, a imigração como ameaça.

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E nada mudar é a escolha mais perigosa de todas.

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[O futuro] está escrito nas decisões que tomamos hoje. 

Pedro Goes, “Público” (sem link)

 

É apresentado um OE cheio de marosca, em que o equilíbrio orçamental não passa de austeridade camuflada, e não se identificam as implicações do aumento da despesa militar.

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Vamos ter a continuação das políticas seguidas pelo PSD/CDS em que as receitas ficam aquém do previsto, mas a despesa ainda se apresenta mais distante do projetado.

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Neste OE, continuaremos a ter pouco investimento público.

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O que o Governo avançou dá para perceber que os acionistas da banca e de grandes empresas vão receber chorudas prendas, enquanto aos trabalhadores serão oferecidas umas migalhas.

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[O OE] esconde uma carga de veneno que vai lançar sobre o emprego e as relações de trabalho.

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A forma como tem sido gerida a preparação e discussão do OE para 2026 é um maná para o liberalismo económico e para os objetivos das forças ultraconservadoras. 

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Já não é claro que o PS, em nome do interesse nacional, tenha algo a ganhar dando passagem a um OE desastroso. 

Carvalho da Silva, JN


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