Espalha mentiras e instrumentaliza a polícia,
tal como faz a extrema-direita. Portugal precisa de uma política migratória
humanista, que acolha e integre dignamente, e não de uma política que alimenta
o medo e o ódio. Fabian Figueiredo
Espalha mentiras e instrumentaliza a polícia,
tal como faz a extrema-direita. Portugal precisa de uma política migratória
humanista, que acolha e integre dignamente, e não de uma política que alimenta
o medo e o ódio. Fabian Figueiredo
(…)
Milhares
de pessoas começaram a juntar-se em frente aos ecrãs, antes mesmo de as
televisões mostrarem imagens do Qatar onde a todo o momento se esperava o anúncio
do cessar-fogo.
(…)
Vi
gente a cantar, a dançar, a falar do que ia comer ou cozinhar para a família,
quando viesse o cessar-fogo.
(…)
Gente
radiante com a ideia de, enfim, voltar a casa, mesmo sabendo que talvez não
haja casa, sabendo até que não haverá casa, só ruínas, mas no lugar onde estava
a casa.
(…)
Em Gaza, dezenas de milhares de mortos estão contados,
e talvez dezenas de milhares de mortos não estarão contados.
(…)
Nesta
noite de 15 para 16 de Janeiro, as pessoas que passaram por isto eram ainda as
que nos mostravam o que fazer: a prioridade que era, antes de tudo, o
cessar-fogo.
(…)
Os palestinianos viveram todas as desilusões
possíveis com argúcia, e tantas vezes com humor.
(…)
E na
noite do anúncio do cessar-fogo mais uma vez nos ensinavam. Só pela alegria que
é a pausa da morte.
(…)
Podíamos
ver assim, nessa noite que era de cessar-fogo anunciado, o que vimos ao longo
destes 467 dias de genocídio: o zapping
entre a vida maior que a morte em Gaza.
(…)
Naquela
sala do Qatar veio o anúncio, era verdade, ia acontecer. Mas, ao mesmo tempo
que a alegria, as bombas também explodiam, Israel intensificava os ataques, os
mortos iam disparando no zapping:
vinte, trinta.
(…)
Quando
acordei eram já 81 mortos. Da noite que ia ser a mais feliz em Gaza. Alegria e
agonia, quantos mais mortos até o cessar-fogo entrar em vigor?
(…)
Mas os
comunicados de Netanyahu eram a dizer que o Hamas voltara atrás no acordo,
portanto ainda não havia aprovação do Governo.
(…)
Entretanto, o Hamas garantia aos negociadores
que não, tudo se mantinha
(…)
O Haaretz publicara entretanto
um texto muito interessante a explicar como Trump quer a normalização de Israel
com a Arábia Saudita. E Israel e a Arábia Saudita também.
(…)
A Trump, aos sauditas, aos emirados, aos
sultanatos, interessam os negócios, e portanto interessa um cessar-fogo.
(…)
A Israel também, mas não apenas. A Netanyahu
interessa não ser preso.
(…)
O que
aconteceu nesta quinta-feira, 16 de Janeiro, é que enquanto Gaza esperava em
agonia, e o mundo esperava parvo, o Governo israelita conseguia descer ainda
mais baixo, transformar o próprio anúncio do cessar-fogo em mais crimes,
indiferente à vida de milhões.
(…)
O problema na aprovação do acordo não era o
Hamas, eram as discussões entre Netanyahu e seus avatares Ben Gvir/Smotrich.
(…)
Entretanto
centenas de camiões de ajuda de emergência faziam fila à entrada de Gaza? É
para o lado que o governo israelita dorme melhor.
(…)
Os reféns ainda vivos agonizam, estarão em
risco até de morrer nos bombardeamentos pós-anúncio do cessar-fogo?
(…)
Que importa isso a um governo que podia ter
assinado este acordo há muitos meses, quase um ano?
(…)
A vida
de milhões de palestinianos, de dezenas de reféns israelitas e do mundo em
geral não interessa aos criminosos que governam Israel.
(…)
No
momento em que escrevo, 24 horas depois do anúncio de cessar-fogo, a agonia da
espera em Gaza continua. Mas o dinheiro falará.
(…)
Será a Cisjordânia, colonizada e anexada com
aval dos EUA, parte do preço do cessar-fogo em Gaza?
(…)
A rua
árabe está com a Palestina, como a rua do mundo está com a Palestina. Os jovens
das ruas do mundo estão e estarão.
(…)
O que importa já é o cessar-fogo. Parar a
morte.
Alexandra Lucas
Coelho, “Público” (sem link)
Sem conhecermos as candidaturas, as sondagens
sobre as presidenciais são das invenções mais absurdas do comércio
politico-mediático.
(…)
A não ser que um candidato seja muito impopular
ou muito popular, nem sequer é relevante o que os eleitores pensam deles neste
momento.
(…)
O que interessa é fazer o difícil esforço de
projetar o que será cada candidato depois de se dar a conhecer numa campanha
desta natureza.
(…)
A notoriedade não tem a relevância de outras
eleições-
(…)
A mobilização dos partidos é importante (cada
vez menos), mas a performance dos candidatos em campanha vale muito mais.
(…)
Marques Mendes, o candidato que, por inércia, é
cada vez mais inevitável à direita.
(…)
De Ventura nem vale a pena falar. Se há cargo,
ele candidata-se.
(…)
É à esquerda que as incógnitas são maiores.
(…)
É sabido que António José Seguro ouviu o
chamamento dos seus amigos e tomou-os pelo país.
(…)
É demasiada gente ainda se lembrar dele. Falta
de carisma e de ideias não é moderação. É falta de carisma e de ideias.
(…)
A candidatura de Seguro seria de tal forma
desmobilizadora que tornaria inevitável uma alternativa para os eleitores de
esquerda, socialistas incluídos.
(…)
Poderia ser Sampaio da Nóvoa. Sem apoio de um
grande partido, vindo da sociedade civil e contrapondo a autoridade académica à
militar, seria, como já escrevi, um bom contra-almirante.
(…)
Num momento em que a democracia vive os maiores
desafios dos últimos 50 anos, não lhe conhecemos [a Centeno] qualquer posição
política para lá das contas certas e do mais baixo investimento público do
século.
(…)
O que está em causa é ir à segunda com o
almirante, ultrapassando o candidato da direita, que vai dividida entre os
candidatos da AD, da IL e do Chega.
(…)
A esquerda precisa de concentrar o seu voto na
primeira volta com um candidato que a mobilize para chegar à segunda.
(…)
E, com Centeno fora, o campo fica perigosamente
aberto para o desastre seguro de Seguro.
Daniel Oliveira,
“Expresso” (sem
link)
Hoje celebramos um dia bonito para a democracia: o momento de reparar o
erro da Lei Relvas, que apagou mais de mil freguesias e feriu os serviços
públicos e a identidade das comunidades.
O Bloco de Esquerda orgulha-se de ter estado sempre ao lado das populações,
defendendo que a vontade popular deve ser o verdadeiro critério democrático.
Este é um passo importante para devolver poder às pessoas e fortalecer a
democracia no nosso país! Joana Mortágua
A [HRW] Human Rights Watch identifica um
problema específico em Portugal. Saiba qual através do link nos comentários.
https://expresso.pt/.../2025-01-16-portugal-visado-por...
Estivemos na fábrica da Cablerías, em Valença
do Minho, onde 250 postos de trabalho estão ameaçados. Há uma vaga ainda um
pouco silenciosa de despedimentos, sobretudo no setor têxtil e automóvel.
Viemos apresentar um plano para proteger os trabalhadores. Mariana
Mortágua
Daniel Oliveira, “Expresso” online
Mariana Mortágua confronta Luís Montenegro sobre a lei que
serve os especuladores, ataca o ambiente e é um convite à corrupção.
Mais de metade de força de trabalho global encontra-se em situação de
informalidade e cerca de 7% é afectada por pobreza extrema, estima OIT
Leia aqui: www.publico.pt/2119005
Muita da "automatização" das empresas
modernas (sobretudo as comerciais) não é tanto substituir o trabalho humano por
máquinas, mas sobretudo substituir o trabalho humano remunerado de empregados
por trabalho humano não-remunerados dos clientes. Miguel Madeira
Neth Nahara, Tanaice Neutro, Gildo das Ruas, Pensador e Adolfo Campos,
presos por criticarem o Governo Angolano foram finalmente libertados após mais
de um ano de prisão arbitrária.
Mais de 9000 pessoas em Portugal assinaram pela libertação de Neth Nahara,
um dos casos da Maratona de Cartas 2024, e cerca de 1300 agiram pela libertação
dos outros quatro ativistas.
Hoje celebramos a libertação destes cinco ativistas graças a si, lembrando
que estas pessoas nunca deveriam ter sido presas por terem exercido o seu
direito à liberdade de expressão e de reunião pacífica. Obrigado por agir
connosco!
Saiba mais em http://www.amnistia.pt/angola-neth-nahara-adolfo-campos...
Mais Aqui
O governo fez uma lei que é um convite à
corrupção, à especulação imobiliária e aos ataques contra o ordenamento do
território. Muitas pessoas, de diferentes setores, criticaram a lei. Veremos o
que responde o Primeiro-Ministro no debate de hoje. Mariana Mortágua
(…)
[Não há] razões para confiar na independência das
respetivas comissões nacionais de eleições.
(…)
Portugal tem, por razões diferentes, interesses nos dois países.
(…)
Apesar de não serem partidos únicos, o poder do
PSUV e da FRELIMO já não resulta da vontade popular.
(…)
Nos dois casos, a reação do Estado aos protestos populares foi de enorme violência.
(…)
Só pode governar quem o povo quer que governe.
(…)
É verdade que [o governo português], não tendo
reconhecido a vitória de Nicolas Maduro, também não reconheceu, ao contrário do
Parlamento Europeu, Edmundo González como novo presidente.
(…)
Mas a AD fez um jogo duplo: ao mesmo tempo que o
governo não reconhecia González, Sebastião Bugalho fez campanha, no Parlamento
Europeu, por esse reconhecimento.
(…)
A ausência do Presidente e de uma saudação à
eleição de Chapo [Moçambique], contrariada pela presença na tomada de posse, é
a tentativa da quadratura do círculo.
(…)
Afinal de contas, temos relações com chefes de
Estado que, sendo ditadores, nem simulações eleitorais fazem.
(…)
Na
Venezuela, submetemo-nos aos interesses dos EUA e outras potências europeias.
Em Moçambique, submetemo-nos aos interesses de quem governa o país.
(…)
Não
temos política externa, temos submissões externas. Só não a mascarem com defesa de valores,
por favor.
(…)
Dificilmente Portugal poderá ter um papel na
mediação do conflito [moçambicano].
Nesta
segunda-feira tomaram posse os deputados da nova legislatura em Moçambique. Uma
Assembleia da República despida de parte dos deputados da oposição.
(…)
[Renamo e Movimento Democrático de Moçambique
(MDM)] recusaram-se a legitimar a instituição de um Parlamento que
foi escolhido através de eleições que não foram nem justas nem transparentes.
(…)
[Há] um novo actor político.
(…)
O Partido Optimista para o Desenvolvimento de
Moçambique (Podemos) tornou-se, nas eleições de 9 de Outubro (…) por
força do carisma político de Venâncio
Mondlane (…) no
principal partido da oposição.
(…)
A onda Mondlane permitiu uma grande vaga do
Podemos, partido jovem e praticamente sem implantação transformado num fenómeno
político.
(…)
De não
ter assento parlamentar passou à maior bancada, com a falta de experiência
política de muitos dos seus eleitos.
(…)
A amálgama inexperiente de uma estrutura de
quadros montada à pressa para as eleições transforma o Podemos num alvo frágil:
para o aliciamento do partido no poder e para ataques dos outros partidos
da oposição.
(…)
A
abertura ao diálogo demonstrada pelo líder do Podemos para negociar saídas com
a Frelimo e a sua aceitação tácita dos resultados das eleições ao tomar posse
dos seus lugares no Parlamento abriram o flanco do partido aos ataques.
(…)
À Frelimo [Renamo e MDM] disseram que
não pactuam com a fraude eleitoral, ao Podemos, que não alinham com vendidos.
(…)
Renamo
e MDM recuperam um pouco do espaço político da oposição, de onde o fenómeno
Mondlane os expulsou durante a campanha, mas, acima de tudo, durante os
protestos pós-eleitorais.
(…)
O Podemos chega à data histórica da tomada de
posse dos deputados a jogar à defesa.
(…)
Aos olhos de muitos moçambicanos (…) os
deputados do Podemos são agora uns vendidos.
(…)
Mondlane
regressou
a Moçambique para liderar
a oposição política fora da Assembleia da República, com a legitimidade das ruas
e de segundo candidato mais votado nas eleições presidenciais.
(…)
[Modlane]
está mais interessado em liderar um movimento do que um partido e o seu caminho
com o Podemos terá chegado ao fim.
(…)
Tão
depressa como se tornou símbolo de mudança, o Podemos passou a ser identificado
como parte do sistema político podre que governa Moçambique.
António Rodrigues, “Público” (sem link)
Tudo o
que se decidir ou venha a decidir sobre o acesso ao Serviço Nacional de Saúde
terá obrigatoriamente de respeitar as disposições que estão inscritas sobre o
assunto, sob pena de ser inconstitucional.
(…)
Embora
"todos os cidadãos" possa conter a ambiguidade decorrente de poderem
ser os cidadãos residentes ou presentes, a ambiguidade é desfeita pela
característica do SNS de ser "universal".
(…)
O que é universal está em qualquer lugar, mora
em qualquer sítio.
(…)
O legislador
quando na Lei de Bases da Saúde consignou que têm acesso ao SNS todos os
cidadãos portugueses, mas também todos os cidadãos com residência permanente ou
em situação de estada ou residência temporárias em Portugal.
(…)
Em
quase 50 anos de vigência, foi necessário que a extrema-direita tivesse assento
na Assembleia da República para que aquelas disposições constitucionais fossem
questionadas e dessem origem a ameaças da AD de rever
a Lei de Bases da Saúde.
(…)
[O SNS] foi posto a funcionar, e até ao momento
o que era universal na altura continua a ser universal agora.
(…)
Seja
quem for, [que] entre no país por qualquer fronteira, resida nele, ou esteja de
passagem, o SNS tem o dever e a obrigação de cobrir as suas necessidades em
saúde.
(…)
Embora
no mesmo artigo da Constituição esteja declarado que a prestação de cuidados é
tendencialmente gratuita, atendendo às condições económicas de quem o utiliza,
esta condição não tem em vista encolher a característica universal do SN.
(…)
A
dimensão política do assunto surgiu com a manifestação que alguns sectores
políticos, principalmente a extrema-direita, têm vindo a fazer contra a
utilização dos serviços do SNS por parte de quem, na sua opinião, não têm
direito a eles.
(…)
Não
atendendo ao que constitucionalmente está expresso, valem-se do argumento
emprestado pelos vários défices de que o SNS padece, principalmente humanos e
organizativos.
(…)
É que
a causa desses défices não está na população estrangeira residente ou de
passagem, está na política de saúde que tem vindo a ser seguida.
(…)
Não
serão os cerca de 8000 nascimentos de naturalidade considerada desconhecida, 22
recém-nascidos/dia, que farão a diferença no funcionamento das maternidades dos
hospitais do país.
(…)
O que
faz a diferença é, do lado político, utilizar as percepções baseadas no que a
comunicação social noticia como argumento para combater o acesso dos
estrangeiros ao SNS.
(…)
Do lado do sistema de saúde, criar um volume
permanente de necessidades para serem satisfeitas pelo sector privado.
Cipriano Justo, “Público”
(sem link)
O Bloco deu entrada de um projeto de lei para
garantir que as administrações hospitalares sejam escolhidas por concurso
público, assegurando transparência e competência na gestão do SNS. Propomos
ainda que diretores clínicos, enfermeiros-diretores e técnicos coordenadores
sejam eleitos pelos seus pares, promovendo a democracia interna e colocando os
hospitais ao serviço das pessoas, e não dos interesses partidários.