(…)
E não é coincidência: é a crise climática a
intensificar-se.
(…)
As águas do Atlântico Norte têm estado
persistentemente acima da média - chegando a três ou quatro graus a mais. E um
oceano mais quente é combustível para tempestades mais fortes.
(…)
A crise climática está a manifestar-se de forma
cada vez mais frequente e devastadora. Isto não é coincidência; é consequência.
(…)
[Os Governos] com leis fracas que fingem abordar
o tema, enquanto continuam a subsidiar as indústrias fósseis e emissores de
carbono.
(…)
Sabemos hoje que esse limite [do aumento da
temperatura média global a 1.5ºC] foi oficialmente ultrapassado em 2024 [depois
do acordo de Paris de há 10 anos].
(…)
Cada cheia, cada incêndio, cada furacão, cada
seca e cada onda de calor não são episódios isolados, mas facetas interligadas
da mesma crise.
(…)
Estes não são fenómenos separados - são sintomas de um
sistema em colapso.
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Este ano, várias foram as vezes em que diversas
estradas em Portugal foram bloqueadas, seja por incêndios devastadores ou por
chuvas torrenciais.
(…)
Lutar contra a crise climática é condenável, mas
causá-la não?
(…)
Enquanto o mundo arde, inunda-se, derrete,
pessoas afogam-se e morrem de sede, os “líderes” mundiais observam impassíveis.
(…)
Mas uma coisa é certa: o custo de não travar a
crise climática é infinitamente maior do que o custo de agir já.
(…)
Sabemos que, com os planos políticos atuais, a tendência é para
que fenómenos como este se tornem cada vez mais frequentes e graves.
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Apenas em 2024, a ONU registou mais de 150
catástrofes climáticas sem precedentes. Estes não são desastres naturais.
(…)
A crise climática não é uma tragédia – é um crime.
(…)
Está na hora de condenar os verdadeiros
responsáveis: a indústria fóssil, e os governos que a sustentam. A solução é
reduzir drasticamente as emissões e travar a crise climática.
(…)
No dia 1 de Junho, é lá [no Aeroporto Humberto
Delgado] que haverá uma assentada popular pela não expansão da aviação, pelo
fim dos voos de curta distância onde poderiam existir comboios acessíveis e
ecológicos.
(…)
Agir aqui e agora, com coragem, determinação e
solidariedade, é a única forma de travar o colapso iminente que estão a
perpetuar.
A série da Netflix Adolescence alertou as consciências para a existência de
realidades que os (pré) adolescentes conhecem e os adultos não.
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A exposição das crianças ao mundo através dos
seus telemóveis tem, infelizmente, levado ao confronto com indivíduos que, já
eles próprios, foram socializados por outros “criadores de conteúdos”.
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Atribui-se a responsabilidade pelas frustrações
de cada um às feministas, aos transexuais, aos imigrantes.
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Inflama-se o rapaz, que é homem, que é “duro”,
que não tem de aprender história e ciência na escola, mas sim ganhar dinheiro.
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A aprendizagem do que sejam os relacionamentos
sexuais ser feita por via da pornografia e de adolescentes ou homens que odeiam
as mulheres vai formar outros adolescentes à sua semelhança.
(…)
Em Portugal, o debate público tem circundado a
eliminação de conteúdos da disciplina de “Educação para a Cidadania”.
(…)
Por força da recente Diretiva da UE relativa ao
combate à violência contra as mulheres, [o Estado Português] tem a obrigação de
fazer justamente o oposto.
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Os artigos 34.º e 35.º desta Diretiva impõem
medidas preventivas desta violência.
(…)
A discussão tem de visar, então, incrementar, a
educação para a cidadania, e não o contrário.
Mariana Vilas Boas, “Expresso”
Desde 2023 que Portugal assinala o dia 31 de
Março como Dia Nacional da Visibilidade Trans.
(…)
O país
mostra dar um passo importante naquele que é o reconhecimento da luta das
pessoas trans e de todas as identidades não conformes com o binário
sexo/género, feminino/masculino, macho/fêmea.
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Na verdade, nos últimos anos, temos assistido a
um avanço significativo no que diz respeito aos direitos das pessoas trans.
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Em 2024, são proibidas as
práticas de "conversão sexual" contra pessoas LGBTQ+.
(…)
O acesso digno a cuidados
de saúde mostra continuar a não ser uma realidade para grande
parte destas pessoas [trans].
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O acesso à educação, justiça, trabalho e
habitação dignas e seguras mostram estar ainda por assegurar.
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Assistimos
à censura, exclusão e perseguição de pessoas trans nos EUA com base numa
ideologia similar daquela que perseguiu e matou milhares de pessoas LGBTQ+
durante o regime de Hitler na Alemanha Nazi.
(…)
Vivemos num tempo de autoritarismos que
pretendem apagar a história, censurar e reprimir certas identidades.
(…)
Também aqui, neste país pequeno e pacato, os
direitos de pessoas LGBTQ+ estão longe de estar assegurados.
(…)
Importa por isto unir forças e não deixar
ninguém para trás.
(…)
Importa
hoje, mais do que nunca, defender a democracia, a liberdade de expressão e a
protecção contra discursos de ódio e discriminação.
Daniel Alexandre dos Santos Morais, “Público” (sem link)
Enquanto
as testemunhas da II Guerra Mundial se tornam anciãs e escassas, muitos jovens [alemães]
enxergam nas pautas da extrema-direita a solução para a crise econômica no
país.
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Hitler
ascendeu ao poder pelo voto popular, quando o povo se sentia fragilizado e
elegeu o que Freud chamaria de um “Pai forte”.
(…)
[Freud] teve seus livros queimados pelos nazis
e precisou se exilar na Inglaterra.
(…)
Numa
massa organizada, o sujeito se identifica com o líder de tal modo que o situa
no lugar do seu próprio Ideal — de pensamento, de conduta, etc.
(…)
É um processo humano, que aconteceu e
acontecerá em outros contextos.
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Em
troca da sua servidão voluntária, a massa ganha a fantasia de segurança,
pertencimento e irmandade. São todos “filhos” do grande líder.
(…)
Segundo Freud, tais projeções tendem a ocorrer
em qualquer massa organizada em torno de um líder forte.
(…)
Aliás, a crença na superioridade do “nós” em
relação ao “eles” é a essência do supremacismo nazi.
(…)
Nenhum
de nós está livre do risco de cometer violências em nome de um Ideal que nos
capture, inconscientemente, num momento de vulnerabilidade.
Fernanda Hamann, “Público” (sem link)