quarta-feira, 14 de maio de 2025

CITAÇÕES À QUARTA (155)

As guerras não se travam apenas com armas e tropas no terreno.

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A recente vaga de tarifas e sanções comerciais impostas por Trump de forma abrupta tem sido descrita por muitos como guerra económica.

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A saúde pública também é vítima.

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Sanções, tarifas punitivas e embargos são instrumentos usados para forçar adversários a mudarem políticas sem recurso a armamento convencional.

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Estudos mostram que sanções económicas impostas pelas Nações Unidas ou pelos EUA entre 1977 e 2012, a título de exemplo, resultaram na redução da esperança média de vida em até 1,4 anos.

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Mesmo quando há isenções para medicamentos, os bloqueios financeiros e logísticos dificultam o acesso a produtos essenciais.

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Em países dependentes das exportações, as tarifas impostas de forma abrupta podem significar o colapso de sectores inteiros da economia, com perdas de emprego.

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Quando o desemprego aumenta, surgem problemas de saúde mental, insegurança alimentar e dificuldades no acesso a cuidados de saúde.

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Perante a guerra económica, a saúde pública precisa de apoio para dar respostas coordenadas e ambiciosas.

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A investigação sobre políticas de bem-estar social pode oferecer pistas valiosas para proteger as populações mais vulneráveis.

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A saúde pública tem de assumir um papel ativo na denúncia destes impactos.

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Por detrás das taxas alfandegárias ou dos números do PIB, estão vidas humanas.

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A saúde pública não pode limitar-se a contar vítimas.

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No fim de contas, a guerra económica também mata.

Tiago Correia, “Público” (sem link)


Ninguém pode alegar que não sabe o que se está a passar em Gaza.

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O plano aprovado pelo Governo israelita, perante a indiferença e passividade generalizada, mais não é do que a intenção assumida de anexar o território, de continuar a massacrar a população civil, seja através de bombardeamentos, seja através da fome, e de preparar a sua eventual deportação.

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Este plano só vai provocar mais mortes civis e não garante que a assistência humanitária seja retomada na devida quantidade e frequência.

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O ultranacionalista Itamar Ben-Gvir defendeu a destruição total dos poucos armazéns de alimentos na Faixa de Gaza.

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As imagens mais recentes de Rafah são bem exemplificativas: os edifícios em ruínas estão a ser demolidos por bulldozers israelitas.

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O que os países do bloco europeu estão dispostos a fazer pela Ucrânia não estão dispostos a fazer por Gaza e pela Cisjordânia.

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[A] má consciência [dos países europeus] não se pode sobrepor à anexação de território palestiniano, ao extermínio da população civil, com recurso à abominável arma da fome.

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Este precedente será utilizado daqui em diante para reivindicar a mesma impunidade que é concedida a Israel.

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A forma como [na Alemanha] proíbem o activismo pró-palestiniano não tem precedentes nem cabimento.

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Apelar ao cessar-fogo, como têm feito Emmanuel Macron e Keir Starmer, é bem-intencionado, mas os apelos não passam disso mesmo.

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Imagine-se quais seriam as reacções de ambos se Putin tivesse como alvos funcionários das agências das Nações Unidas, (…) e bombardeassem abrigos e campos de refugiados.

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A “coligação de vontades” contra Putin é dócil com Netanyhau.

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Os valores variam em função de a quem são aplicados.

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A decência deveria obrigar a UE a rever o acordo de associação com Israel, que obriga os signatários a respeitar os direitos humanos e os princípios democráticos.

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Só a pressão externa dos EUA poderia convencer os extremistas de Israel a pararem o massacre, mas não é provável que isso aconteça em breve.

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Convencido da sua impunidade, Israel já ultrapassou todos os limites do bom senso e da legalidade.

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Tal como em 1945, ninguém pode dizer que não sabe o que se está a passar em Gaza. 

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O silêncio europeu é o da cumplicidade.

Amílcar Correia, “Público” (sem link)


“Um guerrilheiro tem direito ao seu descanso”, disse ele [Pepe Mijica, hoje falecido], não há muito tempo.

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O mesmo homem que passou 14 anos em cativeiro, boa parte dele em condições desumanas.

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O mesmo homem que usava um carocha para se fazer transportar e regava couves e flores no quintal.

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O mesmo homem que tinha como profissão a de floricultor, mas regou a humanidade de esperança.

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O mesmo homem que recusou o tratamento oncológico oferecido noutros países, para se confiar à ciência uruguaia.

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O mesmo homem que, enquanto operacional dos Tupamaros, foi baleado seis vezes.

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O mesmo homem de quem um amigo, após a notícia [do seu falecimento], ter dito “que diferença para os políticos de plástico ou de merda que temos hoje”.

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Amou a terra, as pessoas.

António Jacinto Pascoal, “Público” (sem link)

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