As guerras não se travam apenas com armas e
tropas no terreno.
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A
recente vaga de tarifas e sanções comerciais impostas por Trump de forma
abrupta tem sido descrita por muitos como guerra económica.
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A saúde pública também é vítima.
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Sanções, tarifas punitivas e embargos são
instrumentos usados para forçar adversários a mudarem políticas sem recurso a
armamento convencional.
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Estudos
mostram que sanções económicas impostas pelas Nações Unidas ou pelos EUA entre
1977 e 2012, a título de exemplo, resultaram na redução da esperança média de
vida em até 1,4 anos.
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Mesmo quando há isenções para medicamentos, os
bloqueios financeiros e logísticos dificultam o acesso a produtos essenciais.
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Em
países dependentes das exportações, as tarifas impostas de forma abrupta podem
significar o colapso de sectores inteiros da economia, com perdas de emprego.
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Quando o desemprego aumenta, surgem problemas
de saúde mental, insegurança alimentar e dificuldades no acesso a cuidados de
saúde.
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Perante a guerra económica, a saúde pública
precisa de apoio para dar respostas coordenadas e ambiciosas.
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A investigação sobre políticas de bem-estar social pode oferecer pistas valiosas para proteger as populações mais vulneráveis.
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A saúde pública tem de assumir um papel ativo na denúncia destes impactos.
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Por detrás das taxas alfandegárias ou dos números do PIB, estão vidas humanas.
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A saúde pública não pode limitar-se a contar vítimas.
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No fim de contas, a guerra económica também mata.
Tiago Correia, “Público” (sem link)
Ninguém pode alegar que não sabe o que se está a passar em Gaza.
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O plano aprovado pelo Governo israelita, perante a indiferença e passividade generalizada, mais não é do que a intenção assumida de anexar o território, de continuar a massacrar a população civil, seja através de bombardeamentos, seja através da fome, e de preparar a sua eventual deportação.
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Este plano só vai provocar mais mortes civis e não garante que a assistência humanitária seja retomada na devida quantidade e frequência.
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O ultranacionalista Itamar Ben-Gvir defendeu a destruição total dos poucos armazéns de alimentos na Faixa de Gaza.
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As imagens mais recentes de Rafah são bem exemplificativas: os edifícios em ruínas estão a ser demolidos por bulldozers israelitas.
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O que os países do bloco europeu estão dispostos a fazer pela Ucrânia não estão dispostos a fazer por Gaza e pela Cisjordânia.
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[A] má consciência [dos países europeus] não se pode sobrepor à anexação de território palestiniano, ao extermínio da população civil, com recurso à abominável arma da fome.
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Este precedente será utilizado daqui em diante para reivindicar a mesma impunidade que é concedida a Israel.
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A forma como [na Alemanha] proíbem o activismo pró-palestiniano não tem precedentes nem cabimento.
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Apelar ao cessar-fogo, como têm feito Emmanuel Macron e Keir Starmer, é bem-intencionado, mas os apelos não passam disso mesmo.
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Imagine-se quais seriam as reacções de ambos se Putin tivesse como alvos funcionários das agências das Nações Unidas, (…) e bombardeassem abrigos e campos de refugiados.
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A “coligação de vontades” contra Putin é dócil com Netanyhau.
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Os valores variam em função de a quem são aplicados.
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A decência deveria obrigar a UE a rever o acordo de associação com Israel, que obriga os signatários a respeitar os direitos humanos e os princípios democráticos.
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Só a pressão externa dos EUA poderia convencer os extremistas de Israel a pararem o massacre, mas não é provável que isso aconteça em breve.
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Convencido da sua impunidade, Israel já ultrapassou todos os limites do bom senso e da legalidade.
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Tal como em 1945, ninguém pode dizer que não sabe o que se está a passar em Gaza.
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O silêncio europeu é o da cumplicidade.
Amílcar Correia, “Público” (sem link)
“Um guerrilheiro tem direito ao seu descanso”, disse ele [Pepe Mijica, hoje falecido], não há muito tempo.
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O mesmo homem que passou 14 anos em cativeiro, boa parte dele em condições desumanas.
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O mesmo homem que usava um carocha para se fazer transportar e regava couves e flores no quintal.
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O mesmo homem que tinha como profissão a de floricultor, mas regou a humanidade de esperança.
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O mesmo homem que recusou o tratamento oncológico oferecido noutros países, para se confiar à ciência uruguaia.
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O mesmo homem que, enquanto operacional dos Tupamaros, foi baleado seis vezes.
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O mesmo homem de quem um amigo, após a notícia [do seu falecimento], ter dito “que diferença para os políticos de plástico ou de merda que temos hoje”.
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Amou a terra, as pessoas.
António Jacinto Pascoal, “Público” (sem link)
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