(…)
Quase meio milhão de pessoas [trabalham
e são pobres].
(…)
É sabido que os salários portugueses são baixos
quando comparado com outros países europeus.
(…)
Meio milhão de pessoas que tendo emprego não
conseguem sair da pobreza é subir um patamar acima na desigualdade social e no
reconhecimento do falhanço da economia.
(…)
Sabemos que estes trabalhadores são
fundamentais para a economia, que sem eles o país parava (…) mas pagos
como se fossem descartáveis.
(…)
O lastro desta pobreza é como uma mancha de
óleo que se infiltra e alastra.
(…)
É o ciclo que não se rompe, a prova do elevador
avariado que a economia deixou sem conserto.
(…)
Se olharmos para os programas eleitorais
partidários não vemos soluções para este problema vindas da direita.
(…)
O crescimento real dos salários ainda é visto
como uma ameaça.
(…)
Mas, mesmo do lado do PS, a solução é
paradigmática: o aumento no valor do Salário Mínimo de 2024 não chega para
cobrir o aumento dos preços de bens essenciais.
(…)
Desde 2015 ficou provado que melhores salários
dão mais equilíbrio às contas públicas e puxam pela economia.
Pedro Filipe Soares, “Expresso” online
Num debate [entre PNS e LM] onde,
estranhamente, os moderadores não trouxeram o tema da justiça quando um juiz de
instrução torpedeou mais um pouco o processo que nos trouxe a estas eleições.
(…)
Os polícias bloquearam e cercam o acesso ao
espaço do debate. Mas muito mais importante: violaram a lei, de que são agentes.
(…)
É inacreditável que haja quem trate aquela
manifestação como se fosse de qualquer outro grupo profissional.
(…)
Para quem percebe que a democracia não se
substitui pela tecnocracia (que, de qualquer das formas, nenhum deles
representa), o mais relevante é a preparação política.
(…)
[Luís Montenegro] preferiu piscar o olho aos
votos dos polícias a mostrar que tipo de primeiro-ministro poderia vir a ser.
(…)
Tenho sido claro no que considero ser mau para
a democracia: que PS e PSD desistam de liderar a oposição, entregando essa
função ao Chega e restringindo a escolha política entre os democratas e os seus
inimigos.
(…)
O que nos está a esconder [Montenegro]?
(…)
Uma pergunta especialmente relevante quando
temos o líder do Chega a dizer que tem a garantia de gente no PSD de que, com
ou sem Montenegro, a direita governará.
(…)
A exibição da preparação, em debates,
consegue-se direcionando a discussão para o assunto para o qual os candidatos
se sentem mais à vontade.
(…)
Não ter consciência, nem sequer aproximada, da
dimensão do rombo nas contas públicas e da perenidade desse rombo, achando que
ele só se sente uma vez, é dar um tiro no seu próprio porta-aviões.
(…)
Passos Coelho introduziu ainda mais cortes [do
que Sócrates] e em escalões de rendimentos ainda mais baixos.
(…)
[Os reformados] puderam assistir ao vivo como
se constrói uma falsa narrativa, contrariada pela sua própria experiência.
(…)
Sou dos que acham que, ao contrário do que
pensa a direita mediática, Pedro Passos Coelho é um ativo tóxico do ponto de
vista eleitoral.
Daniel Oliveira, “Expresso”
online (sem link)
No dia 11 de fevereiro comemoraram-se os 17
anos do direito à interrupção voluntária da gravidez (IVG) em Portugal.
(…)
A
consagração de direitos humanos, reconhecidos pela Amnistia Internacional e
que, ao contrário do que os surpreendidos possam pensar, salvam muitas vidas, é caso de comemoração.
(…)
E são vários os mitos e as crenças erróneas
associados ao aborto.
(…)
Segundo
o Relatório
de Análise dos Registos das Interrupções da Gravidez, a maior parte das
mulheres que recorre à IVG por opção nas primeiras dez semanas de gravidez
fá-lo pela primeira vez.
(…)
Aquilo
que já se percebeu em vários países é que a legalização do aborto leva a um
decréscimo dos números, além de permitir que sejam feitos com segurança e dignidade
para todas as mulheres.
(…)
A adesão à utilização de um método contracetivo
(hormonal, DIU ou outro) após IVG em 2022 foi de 92,6%.
(…)
Em 2022, 42,2% das mulheres que optaram pela
IVG viviam em casal.
(…)
Não há dúvida de que é necessária
responsabilidade e consciência na forma como vivemos a nossa sexualidade.
(…)
Mas
para isso é necessária também informação, Educação Sexual, métodos contracetivos gratuitos e de fácil acesso — tudo isto
continua algo comprometido.
(…)
Os números de IVG nas adolescentes são bastante
baixos e apresentam uma tendência decrescente ao longo da última década.
(…)
Em
mais de 50 anos de investigação já se verificou que fazer um aborto não está
ligado a maior probabilidade de desenvolver problemas de saúde mental.
(…)
Verifica-se
ainda que cinco anos após o procedimento a emoção mais relatada é o alívio; e
mais de 97% afirmam ter sido a decisão
certa.
(…)
Segundo
a Associação de Planeamento Familiar, os dados da DGS indicam que, das 40
unidades hospitalares preparadas para a prática da IGV, apenas 29 o fazem.
(…)
O maior obstáculo parece ser a objeção de
consciência por profissionais de saúde (…) se recusam a realizar
um procedimento consagrado na lei, colocando em causa assim o direito da mulher
de decidir sobre o seu corpo e a sua vida.
(…)
Quem vive nos Açores, por exemplo, tem de vir
ao Continente.
(…)
O
aborto sempre aconteceu e sempre acontecerá. Restringir ou revogar esse direito
apenas retirará o acesso àquelas que não possam pagar por ele.
(…)
Foram precisos dois
referendos para que em 2007 fosse finalmente consagrado este
direito em Portugal.
Tânia Graça, “Público”
(sem link)
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