quarta-feira, 21 de fevereiro de 2024

CITAÇÕES À QUARTA (91)

 
Um em cada dez trabalhadores é pobre.

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Quase meio milhão de pessoas [trabalham e são pobres].

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É sabido que os salários portugueses são baixos quando comparado com outros países europeus. 

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Meio milhão de pessoas que tendo emprego não conseguem sair da pobreza é subir um patamar acima na desigualdade social e no reconhecimento do falhanço da economia.

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Sabemos que estes trabalhadores são fundamentais para a economia, que sem eles o país parava (…) mas pagos como se fossem descartáveis.

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O lastro desta pobreza é como uma mancha de óleo que se infiltra e alastra.

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É o ciclo que não se rompe, a prova do elevador avariado que a economia deixou sem conserto.

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Se olharmos para os programas eleitorais partidários não vemos soluções para este problema vindas da direita.

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O crescimento real dos salários ainda é visto como uma ameaça.

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Mas, mesmo do lado do PS, a solução é paradigmática: o aumento no valor do Salário Mínimo de 2024 não chega para cobrir o aumento dos preços de bens essenciais.

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Desde 2015 ficou provado que melhores salários dão mais equilíbrio às contas públicas e puxam pela economia. 

Pedro Filipe Soares, “Expresso” online

 

Num debate [entre PNS e LM] onde, estranhamente, os moderadores não trouxeram o tema da justiça quando um juiz de instrução torpedeou mais um pouco o processo que nos trouxe a estas eleições.

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Os polícias bloquearam e cercam o acesso ao espaço do debate. Mas muito mais importante: violaram a lei, de que são agentes.

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É inacreditável que haja quem trate aquela manifestação como se fosse de qualquer outro grupo profissional.

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Para quem percebe que a democracia não se substitui pela tecnocracia (que, de qualquer das formas, nenhum deles representa), o mais relevante é a preparação política.

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[Luís Montenegro] preferiu piscar o olho aos votos dos polícias a mostrar que tipo de primeiro-ministro poderia vir a ser.

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Tenho sido claro no que considero ser mau para a democracia: que PS e PSD desistam de liderar a oposição, entregando essa função ao Chega e restringindo a escolha política entre os democratas e os seus inimigos.

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O que nos está a esconder [Montenegro]?

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Uma pergunta especialmente relevante quando temos o líder do Chega a dizer que tem a garantia de gente no PSD de que, com ou sem Montenegro, a direita governará.

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A exibição da preparação, em debates, consegue-se direcionando a discussão para o assunto para o qual os candidatos se sentem mais à vontade. 

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Não ter consciência, nem sequer aproximada, da dimensão do rombo nas contas públicas e da perenidade desse rombo, achando que ele só se sente uma vez, é dar um tiro no seu próprio porta-aviões.

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Passos Coelho introduziu ainda mais cortes [do que Sócrates] e em escalões de rendimentos ainda mais baixos.

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[Os reformados] puderam assistir ao vivo como se constrói uma falsa narrativa, contrariada pela sua própria experiência.

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Sou dos que acham que, ao contrário do que pensa a direita mediática, Pedro Passos Coelho é um ativo tóxico do ponto de vista eleitoral. 

Daniel Oliveira, “Expresso” online (sem link)

 

No dia 11 de fevereiro comemoraram-se os 17 anos do direito à interrupção voluntária da gravidez (IVG) em Portugal.

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A consagração de direitos humanos, reconhecidos pela Amnistia Internacional e que, ao contrário do que os surpreendidos possam pensar, salvam muitas vidas, é caso de comemoração.

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E são vários os mitos e as crenças erróneas associados ao aborto.

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Segundo o Relatório de Análise dos Registos das Interrupções da Gravidez, a maior parte das mulheres que recorre à IVG por opção nas primeiras dez semanas de gravidez fá-lo pela primeira vez.

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Aquilo que já se percebeu em vários países é que a legalização do aborto leva a um decréscimo dos números, além de permitir que sejam feitos com segurança e dignidade para todas as mulheres.

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A adesão à utilização de um método contracetivo (hormonal, DIU ou outro) após IVG em 2022 foi de 92,6%.

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Em 2022, 42,2% das mulheres que optaram pela IVG viviam em casal.

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Não há dúvida de que é necessária responsabilidade e consciência na forma como vivemos a nossa sexualidade.

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Mas para isso é necessária também informação, Educação Sexual, métodos contracetivos gratuitos e de fácil acesso — tudo isto continua algo comprometido.

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Os números de IVG nas adolescentes são bastante baixos e apresentam uma tendência decrescente ao longo da última década.

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Em mais de 50 anos de investigação já se verificou que fazer um aborto não está ligado a maior probabilidade de desenvolver problemas de saúde mental.

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Verifica-se ainda que cinco anos após o procedimento a emoção mais relatada é o alívio; e mais de 97% afirmam ter sido a decisão certa.

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Segundo a Associação de Planeamento Familiar, os dados da DGS indicam que, das 40 unidades hospitalares preparadas para a prática da IGV, apenas 29 o fazem.

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O maior obstáculo parece ser a objeção de consciência por profissionais de saúde (…) se recusam a realizar um procedimento consagrado na lei, colocando em causa assim o direito da mulher de decidir sobre o seu corpo e a sua vida.

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Quem vive nos Açores, por exemplo, tem de vir ao Continente.

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O aborto sempre aconteceu e sempre acontecerá. Restringir ou revogar esse direito apenas retirará o acesso àquelas que não possam pagar por ele.

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Foram precisos dois referendos para que em 2007 fosse finalmente consagrado este direito em Portugal.

Tânia Graça, “Público” (sem link)


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