(…)
O mesmo acontece nas manifestações contra o
fascismo que tem tido grande adesão na Alemanha.
(…)
Um dos pedidos é ilegalizar a AfD, medida que (…) só tem contribuído para
reforçar a dinâmica de um partido isolado, uma alternativa a tudo o resto.
(…)
[Trata-se
de uma medida errada porque] com isto, os partidos da extrema-direita são
capazes de se tornarem, aos olhos da população, a única alternativa ao discurso
político e mediático convencional do grande centro.
(…)
[Estamos
perante um discurso] completamente desfasado das demandas populares por uma
vida melhor. Isto é um erro que temos que evitar a todo o custo.
(…)
Num
passado mais recente, veja-se o apelo ao voto útil contra a extrema-direita
pelo Partido Socialista português nas últimas eleições de 2022.
(…)
Uma
incompetência social e política do PS, incapaz de justificar que o voto nele em
vez do voto na extrema-direita valeu a pena.
(…)
Nos
EUA, com o regresso de Trump, começam a surgir sinais de que o atual presidente
Joe Biden também não conseguiu fazer um bom trabalho nesse
sentido.
(…)
Se a
ascensão do fascismo é a expressão da crise social do capitalismo, a estratégia
só pode passar por atacar a raiz do problema.
(…)
Para construir uma alternativa à extrema-direita, é necessário ser principalmente uma alternativa
ao sistema.
(…)
Um
movimento antifascista só poderá ser bem-sucedido se tiver no seu centro uma
crítica anticapitalista forte, que responda às desigualdades sociais acentuadas
pelos partidos no poder.
(…)
A extrema-direita é o antídoto à formação de um
movimento de massas da esquerda anticapitalista.
(…)
[A esquerda tem de procurar] uma aliança com a
população e com os trabalhadores, em vez de uma aliança direta ou indireta com
partidos liberais.
Ernesto Oliveira, “Público”
(sem link)
As audiências indicam que os portugueses têm
assistido aos debates entre os candidatos às próximas legislativas.
(…)
Numa grande demonstração de vitalidade
democrática [os portugueses] têm seguido os vários debates.
(…)
Ter esta atenção dos eleitores dá aos debates
uma importância fundamental.
(…)
É nestes duelos que uma parte significativa dos
portugueses decidirá em quem votar.
(…)
[Serão] os eleitores [indecisos] que decidirão
quem ganhará as eleições.
(…)
Os debates são curtos e, também por isso, pouco
esclarecedores em relação aos programas de cada candidatura.
(…)
Ficamos a saber quem é o mais rápido, o mais
felino e o mais confiante.
(…)
Também
notamos quem se preparou melhor e em que medida é capaz de usar esse
conhecimento para contraditar o outro e encostá-lo à parede.
(…)
Os debates, por si, não conseguem ser
esclarecedores.
(…)
É também por isso que os comentários que se
seguem aos debates são tão importantes como os próprios debates.
(…)
Nestes debates destaca-se a participação de um
candidato que recorre insistentemente à mentira deliberada e à deturpação dos
factos.
(…)
Apresenta propostas não exequíveis e que estão
em absoluta contradição com outras propostas que defendeu anteriormente.
(…)
Tem
também o hábito de insultar, interromper e de fazer uma espécie de bullying aos adversários.
Suponho que ninguém desconheça a quem me refiro.
(…)
Isto é ponto assente e todos os comentadores o
reconhecem.
(…)
Qualquer jogo ou combate tem regras. O
incumprimento dessas regras tem consequências e determina penalizações.
(…)
Se não
existissem sanções os jogadores prevaricadores, e as respetivas equipas, seriam
beneficiados. Mas é precisamente isso que muitos comentadores estão a fazer.
(…)
Mas
houve comentadores que deram a vitória a Ventura no debate com Paulo Raimundo e
que voltaram a fazê-lo no debate com Pedro Nuno Santos, onde Ventura voltou a
mentir.
(…)
São,
mais coisa menos coisa, os mesmos que acusaram Mariana Mortágua – que deu o
verdadeiro baile a Ventura – de ter mentido a propósito do assassinato do padre
Max ou a propósito da carta recebida pela avó.
(…)
Mas Mariana Mortágua não mentiu e não costuma mentir.
(…)
Estamos conscientes de que André Ventura está a
enganar milhares de portugueses.
(…)
Aplaudir
o líder do Chega e considerá-lo vencedor de debates, sabendo que mentiu e
sabendo que está a enganar uma percentagem assustadora de portugueses, é
indesculpável.
Carmo Afonso, “Público” (sem link)
Vinte e dois dias depois, saem da prisão os três arguidos da
operação que derrubou o Governo de Miguel Albuquerque, sem qualquer indício da
prática de um singelo crime para amostra.
(…)
A República assobiou para o ar durante três semanas onde três
pessoas foram interrogadas e privadas da sua liberdade em nome de algo que não
se assemelha sequer à mais vaga ideia de justiça.
(…)
Mais um caso em que ninguém se responsabiliza senão o
Tribunal da Relação de Lisboa que vem já a seguir, num passa-culpas demasiado
frágil para que a hierarquia judicial possa ser alcandorada a santo remédio de
resolução.
(…)
[Estamos perante a] confirmação da incapacidade do sistema
judicial em alcançar um entendimento e juízo que evite que os arguidos aguardem
interrogatórios nos calabouços mais do que as 48 horas ou alguns dias mais, a
título de excepção.
(…)
A justiça só é justiça quando se concretiza no tempo.
Nestas
eleições o partido Chega não surpreende e prossegue com uma narrativa que
procura acicatar o racismo e a xenofobia na sociedade portuguesa.
(…)
Os números mais
recentes desmentem o mito da imigração excessiva que estaria a
ocorrer em Portugal.
(…)
[Portugal encontra-se] no longínquo 18.º lugar
no ranking dos países da União Europeia com mais imigração.
(…)
[Ventura]
sabe bem, como é claro, que dos 27 milhões de refugiados em todo o mundo, apenas 13,4% estavam na UE27 e 0,1% em Portugal.
(…)
[Ventura]
associa a imigração à crise da habitação e à criminalidade, mas avança a
proposta de reintrodução dos "vistos gold",
que se sabe concorrerem para o aumento dos preços do imobiliário e para a corrupção.
(…)
[Ventura]
sabe também que, em 2022, a população estrangeira contribuiu mais (1861 milhões
de euros) do que beneficiou da Segurança Social (257 milhões de euros).
(…)
Se não fosse ela [a população estrangeira],
alguns sectores económicos entrariam em rutura.
(…)
[Ventura] propõe ainda limitar os apoios
sociais apenas aos estrangeiros que tenham feito cinco ou mais anos de
contribuições.
Cristina Roldão, “Público” (sem link)
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