(…)
Face
ao esquecimento sistemático a que foram votados, pelos vários governos da
República e pela própria produção noticiosa, o Ensino Superior e a Ciência —, a
plataforma Universidade
Comum quer aproveitar este momento político para lançar um desafio à
próxima legislatura.
(…)
O
regime democrático está mais fragilizado do que nunca e a história recente
ensina-nos que quando a democracia e as suas instituições perdem a capacidade
de promover novos horizontes de futuro, instala-se um clima de descontentamento
e ódio, fazendo surgir respostas populistas e autoritárias que ameaçam os
pilares de uma sociedade moderna, assente no conhecimento e nos direitos
humanos.
(…)
A
universidade não é nem pode ser um corpo estranho nesta dinâmica social, e só
poderá enfrentar os desafios que a sociedade contemporânea nos coloca se for
modernizada e fortalecida.
(…)
É
imprescindível aumentar o investimento público e, assim, garantir uma real
independência em relação aos vários poderes estranhos que cercam atualmente o
meio.
(…)
Devolver o poder de decisão sobre os caminhos
da universidade à respetiva comunidade é um imperativo e uma urgência.
(…)
Um
compromisso com o futuro significa, neste setor, firmar um acordo com as atuais
e novas gerações que estudam, produzem conhecimento e o transmitem.
(…)
Até
quando vamos aceitar ser uma sociedade que qualifica, prepara e, a seguir,
desperdiça toda a massa crítica capaz de transformar a economia, melhorar a
democracia, combater as alterações climáticas, refletir sobre o mundo?
Luís Monteiro, “Público” (sem link)
[Dois séculos atrás] a riqueza de alguns coexistia com a
pobreza profunda de uma imensidão de seres humanos.
(…)
Essa realidade foi mudando ainda no século XIX e depois,
fortemente, no século XX.
(…)
A questão social tornou-se o cerne dos grandes problemas do
caminhar da sociedade. Todas as forças sociais, políticas e até religiosas
relevantes tiveram de se posicionar.
(…)
Emergiram políticas que foram tentando compatibilizar
capitalismo com mínimos de justiça social.
(…)
A afirmação da dignidade do trabalho e o respeito pelo papel
dos sindicatos constituíram-se elementos decisivos para os êxitos alcançados.
(…)
A concentração da riqueza é escandalosa, a ganância de uma
ínfima minoria impera, o sofrimento dos trabalhadores e dos povos acentua-se.
(…)
Hoje, como no passado, o capitalismo (…) não respeita, a não
ser forçado, os direitos do trabalho, nem a Declaração Universal dos Direitos
Humanos. Além disso, dispensa a democracia.
(…)
É ínfimo o combate às desigualdades.
(…)
Desrespeitam-se
povos que fogem dos impactos negativos das mudanças climáticas e ambientais e
das guerras, ou os que fogem â fome e miséria.
(…)
O sindicalismo ainda tem muito a dar à sociedade no
dificílimo quadro político que vamos viver. E todas as forças da Esquerda e
progressistas lhe devem dar boa atenção.
Se
o (a) leitor (a) percorrer os textos dos programas eleitorais à procura da
palavra “regionalização” verificará que simplesmente não aparece na maioria dos
partidos.
(…)
Com
espanto notei a falha no programa da AD.
(…)
Com
verdadeira estupefação pude perceber que o PS, fazendo tábua rasa do processo de
descentralização e desconcentração de competências (…) escreve como nada se
tivesse passado: “estabelecer um roteiro para a regionalização de Portugal
continental, promovendo a análise custo-benefício”.
(…)
Voltamos
à estaca zero, à vaca fria, ao ponto de partida, às arrecuas…
(…)
Nem
mercado nem Estado podem funcionar como entidades abstratas desligadas dos
territórios e das suas especificidades.
Cristina Azevedo, “diário as beiras” (sem link)
[Nas
últimas quatro décadas] emergiram cenários pautados no quadro da expansão do neoliberalismo e do recuo das
ideologias emancipatórias por um reativar das desigualdades, pelo regresso do
autoritarismo, pelo recuo público dos valores da solidariedade, pela propagação
do espetro da guerra e do terrorismo, e ainda pela ascensão do populismo.
(…)
[Continuam]
a afirmar-se combates positivos no domínio dos direitos, do ambiente, do
trabalho, e da qualidade de vida.
(…)
Todavia
estes processos enfrentam um quadro geral de pessimismo.
(…)
O
humor, seja o quotidiano ou o profissional, tem sentido o impacto deste quadro
pessimista e preocupante.
(…)
Sabe-se
que ele pode ser um instrumento de resistência contra regimes tirânicos, que
sempre o temem, detestam e perseguem.
(…)
Existe
atualmente um humor público, chegado através dos meios de comunicação de massa
que pretende acompanhar o pior dos novos tempos sombrios.
(…)
Sendo
legítimo, em democracia, fazer humor com qualquer tema, este não deve denegrir
as pessoas, despertar baixos instintos ou desprezar debate político, servindo
objetivamente, nos tempos sombrios que cruzamos, a quem interesse desconsiderá-lo.
Rui Bebiano, “diário as beiras” (sem link)
Gaza
já foi um campo de concentração, num tempo remoto, há cinco meses. Agora é um
campo de extermínio, nos nossos ecrãs.
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[Em
Gaza há] gente que comeu a comida dos cães, dos gatos, fez pão com isso. Que
está a comer erva da rua, algas do mar com esgoto.
(…)
Soldados [israelitas] dedicam bombas às
namoradas antes de carregarem no botão.
(…)
[Muitos soldados israelitas] agora roubam casas
em Gaza por sistema.
(…)
Um dos mais ricos e bem equipados exércitos do
planeta, na sua versão gangs de Israel.
(…)
E
a cada manhã acordo e mais uma estrela da TV em Israel, mais um ministro, por
vezes ministra, diz: “Estou orgulhosa das ruínas de Gaza.”
(…)
A
brava pequena minoria que combate a ocupação e a guerra, que se nega, por
exemplo, a combater, é ostracizada, presa, mesmo.
(…)
Soldados de elite a humilharem milhares de
homens, filmando-os despidos, vendados e amarrados, uns atrás dos outros, de
cabeça curvada.
(…)
Lula da Silva quebrou um tabu entre líderes democráticos ao comparar o que
está a acontecer com o Holocausto.
(…)
O Holocausto dos judeus da Europa tem
circunstâncias únicas, e Lula não põe isso em causa.
(…)
Da
excepção que Israel representa no mundo. Do Holocausto que Israel explorou,
transformando-o numa arma apontada para nós até hoje, na maior chantagem
política de que há memória.
(…)
Dezenas
de milhares de mortos depois [de 7 de outubro], e com milhões em risco de
morrerem à fome ou doença, Gaza é o maior campo de extermínio do nosso tempo de
vida.
(…)
Israel
tem de ser isolado: em nome de Gaza, dos palestinianos, de todos nós, dos judeus
em geral. E dos israelitas.
(…)
O tabu do Holocausto acabou. Tal como a utopia
de Israel.
(…)
Israel está em autodestruição há muito.
(…)
A guerra interna segue latente.
(…)
Presa
na culpa, a Europa sustentou a utopia. Foi cúmplice, com o dinheiro e as armas
americanas. Israel chegou a 2023 mais doente que nunca.
(…)
Netanyahu é um escroque.
(…)
O
Hamas cravou uma faca em Israel a 7 de Outubro. A faca veio de fora. A doença
vem de dentro. Israel não vai destruir a Palestina. Autodestrói-se.
Alexandra Lucas
Coelho, “Público” (sem link)
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