sexta-feira, 2 de fevereiro de 2024

CITAÇÕES

 
O desordenamento do território continua a ser o nó cego dos piores vícios estruturais do país.

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A destruição dos valores naturais e culturais do país retira-lhe ao mesmo tempo o seu passado e o seu futuro.

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Como se não bastasse, o já tão ameaçado ordenamento do território acaba de sofrer mais um golpe de mestre. 

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Trata-se da conjugação de três situações que nos poderão ser fatais: a aprovação do chamado Simplex do urbanismo e ordenamento do território; o limbo funcional a que a recente reforma administrativa nos conduziu fundindo as direções regionais nas CCDR (…); e a dinâmica especulativa no sector imobiliário e turístico.

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Com este Simplex, passa quase tudo a poder ser feito antes de o interesse público ser convenientemente acautelado.

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Entretanto, as destruições causadas pelos abusos ficam feitas.

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Ou seja, largou-se à solta o Simplex num momento em que não está ainda ativada funcionalmente a estrutura de quadros técnicos que responda às solicitações de pareceres obrigatórios (vinculativos) nas CCDR.

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Com isto, entrámos numa era de ‘deferimentos tácitos’ obtidos por impossibilidade de resposta da Administração.

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Resultado: os patrimónios, natural, cultural e paisagístico, deste país estão neste momento à mercê de todos os oportunismos.

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Os antecedentes dos abusos de muitos promotores e fundos imobiliários sobre os bens comuns do património natural e cultural fazem temer o pior.

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A este propósito, acaba de ser publicado na revista “Nature” um estudo onde se prevê que Portugal possa perder até 5% do PIB só com o aumento do nível médio do mar.

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Em suma, simplificar normas e burocracias não pode significar expor o país, o território e os seus patrimónios à mercê dos interesses e fundos imobiliários. 

Luísa Schmidt, “Expresso” (sem link)

 

Amanhã, 3 de Fevereiro, terá lugar uma manifestação no Martim Moniz e na Mouraria.

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A extrema-direita nas ruas do Martim Moniz e os imigrantes fechados em casa
Sucede que esta manifestação é assumidamente “contra a islamização da Europa” e a sua convocatória refere que pretendem passar “pelas ruas com mais imigrantes do país, sobretudo de origem islâmica”.

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O coletivo que a organiza é de extrema-direita.

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Cada um de nós sabe exatamente do que se trata.

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A PSP emitiu um parecer no sentido de considerar que a manifestação representa um elevado risco de perturbação grave e efetiva da ordem e da tranquilidade pública.

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Independentemente do parecer da PSP, aquela manifestação contraria a lei e a Constituição e deveria agir-se em conformidade e com esse fundamento.

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[Os seus organizadores] avisaram publicamente que, ao arrepio do entendimento das entidades, farão a manifestação à mesma.

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São pessoas que têm afirmado que os imigrantes do Martim Moniz ameaçam a segurança e a ordem naquela zona da cidade.

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Mas nada disso tem qualquer fundamento.

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Não me ocorre melhor caracterização de um grupo desordeiro e delinquente. 

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O ambiente de ameaça a famílias que estão longe do seu país de origem e da sua rede de apoio é total e intencional.

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O comércio deverá estar fechado.

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A insistência dos organizadores em ocupar a rua amanhã é uma afronta inédita ao Estado de direito.

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Qual é o limite para se decidir que é preciso pedir às forças de segurança que façam cumprir a lei e que protejam as pessoas?

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No sábado, organizadores da manifestação e polícias estarão em posições conflituantes. Resta-nos confiar que as polícias cumprirão a sua missão.

Carmo Afonso, “Público” (sem link)

 

Sobre a total obscenidade da manifestação “Contra a Islamização da Europa” muito já foi dito, e bem.

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A CML foi informada da manifestação a 12 de dezembro e só a 26 de janeiro é que se pronunciou, supostamente porque aguardava as recomendações da Polícia de Segurança Pública.

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Mas não é esta manifestação claramente islamofóbica e um evento de incitamento ao ódio por grupos organizados?

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O voto de repúdio [com que a CML condena a manifestação] é um ato simbólico com pouca repercussão.

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A proposta do voto de repúdio surge pela mão do Bloco de Esquerda e dos Cidadãos por Lisboa e não por iniciativa conjunta dos vários partidos que constituem esse órgão.

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 “Repudiar” a manifestação não é necessariamente o mesmo que considerar legítimo proibi-la com base na sua orientação ideológica.

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Não é de espantar que o Chega – que tem cavalgado, sem freio institucional, o discurso discriminatório e de ódio contra as comunidades ciganas e imigrantes – se tenha abstido no voto de repúdio na assembleia municipal.

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Desse modo, não fez alarde, mas também não desmentiu o seu alinhamento com grupos de extrema-direita.

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Enquanto as instituições permanecem displicentes perante a violação de princípios constitucionais, e outros tiram disso partido, cabe-nos a nós enfrentar, como podemos, o problema.

Cristina Roldão, “Público” (sem link)

 

Quem ouviu [ Pedro Nuno Santos, no discurso de consagração da vitória na eleição para secretário-geral do PS, em que devia referir-se ao SN]  terá ficado com a ideia de que, a partir daquele momento, falar das ULS [Unidades Locais de Saúde] era falar do SNS.

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Foi de pouca dura, porém, o entusiasmo do secretário-geral do PS. No final de uma reunião com personalidades do sector, cuja composição é pública, as suas declarações tinham perdido o entusiasmo anterior.

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De facto, toda a expectativa que envolveu o anúncio da criação das ULS se esfumou num abrir e fechar de olhos.

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Um decreto-lei que se resume a aspectos burocrático-administrativos e normas revogatórias não passa de uma manifestação de extravagância legislativa.

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Porém, o que mais importa neste diploma é a total ausência de preocupações com a saúde da população.

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Enquanto permanecer o preconceito político sobre a promoção da saúde, de aumentar os anos saudáveis, que embora multifactorial carece da presença do sector da saúde, daqui a dez anos estaremos a continuar a discussão sobre os défices do SNS, que começaram há mais de 20 anos.

Cipriano Justo, “Público” (sem link)


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