sábado, 10 de fevereiro de 2024

MAIS CITAÇÕES (269)

 
A democracia exige a sociedade organizada a partir de interesses e objetivos dos cidadãos, de identidades coletivas.

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Quando a representação e a ação coletivas são menorizadas ou descredibilizadas, a democracia fica em risco. Ela não sobrevive sem intermediações representativas e consolidadas.

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No mundo do trabalho e em múltiplos outros campos, o que de mais positivo conseguimos conquistar nos 50 anos de democracia assentou nesse amplo quadro de ação e compromissos coletivos.

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Os direitos individuais reforçam-se quando existe um sólido respaldo coletivo.

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No século XX, o capitalismo foi obrigado, na Europa e noutros espaços geográficos - por efeito de novas relações de forças que diminuíram o seu poder - a aceitar compromissos sociais.

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O seu cardápio original é do século XIX, sem direitos dos trabalhadores. É a ele que rapidamente quer voltar

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Na sociedade atual, e no nosso país em particular, continua a fazer todo o sentido a distinção entre Esquerda e Direita - sem cometer o erro de encostar todos os setores da Direita aos inimigos da democracia

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Existem contradições inultrapassáveis entre liberalismo e democracia. Ciclicamente vêm à superfície com força, como agora com a imposição de agendas neoliberais.

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O combate às ameaças da extrema-direita e do fascismo precisam muito, como no passado, da construção de dinâmicas sociais ofensivas que tenham foco nos direitos do trabalho, na luta contra o racismo e todas as formas de descriminação e de desigualdade.

Carvalho da Silva, JN

 

Nas sociedades contemporâneas, somos confrontados com uma série de desafios sócio-ecológicos que colocam em risco não apenas a Natureza, mas também a nossa própria existência. 

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Não reconhecer essa realidade é cruel e perverso; é tratar os seres humanos como dispensáveis.

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Como tenho vindo a sublinhar, a perda de biodiversidade, a degradação ambiental e as alterações climáticas são fenómenos que não podem continuar a ser ignorados exigindo respostas urgentes e eficazes.

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[Essas respostas devem ir] sobretudo ao cerne dos nossos modos de vida e organização social.

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O verdadeiro desafio reside em transformar a maneira como nos relacionamos com o mundo natural e entre nós mesmos.

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Atualmente, os modos de vida predominantes nas sociedades modernas estão profundamente enraizados em paradigmas de consumo excessivo, individualismo e exploração e exaustão dos recursos naturais.

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Portanto, uma verdadeira transformação, uma transformação que nos permita enfrentar os atuais problemas socio-ecológicos, só será alcançada se reconhecermos a necessidade de repensar e reestruturar os fundamentos da nossa sociedade humana.

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De uma sociedade assente no consumismo devemos passar para uma cultura de sustentabilidade, solidariedade e empatia.

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[As mudanças requeridas devem ser] assentes na qualidade em vez de na quantidade, promover estilos de vida mais conectados com os ritmos e ciclos da natureza assentes no paradigma do cuidado em vez de no da exploração – o que exige transformação de sistemas económicos e políticos – evidenciando o bem-estar dos coletivos, promovendo a justiça social e a equidade.

Fátima Alves, “diário as beiras”

 

Falta hoje exatamente um mês para as próximas eleições legislativas: no dia 10 de março, os portugueses serão chamados às urnas para eleger os membros da Assembleia da República. O fim-de-semana passado decorreram as eleições legislativas regionais dos Açores e ficámos a saber que 49,67% dos eleitores desta região autónoma não foram votar. 

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Se as eleições açorianas puderem ser encaradas como uma antecâmara das que se realizarão daqui a um mês, no Continente, esta é a “sondagem” que mais me preocupa. O que é que leva um cidadão a demitir-se da sua voz?

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A participação eleitoral tem vindo a diminuir nas eleições para a Assembleia da República, Parlamento Europeu e presidenciais, tendo um declínio menos acentuado nas eleições para o poder local.

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Parecem ser os mais pobres e os mais jovens – para além dos desiludidos – a desistir de votar. Quem mais se devia empenhar na construção do país é quem mais desiste de o fazer.

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Em Portugal, apesar de o tema da abstenção ocupar jornais e televisões sempre que há eleições, os esforços para combater o afastamento dos cidadãos das urnas têm sido insignificantes.

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Não ir votar não é uma manifestação de descontentamento, só de desresponsabilização, e é um comportamento inaceitável num Estado democrático, que vive do envolvimento dos cidadãos.

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A abstenção não serve como manifesto: o combate faz-se nas urnas, de caneta em punho.

Martha Mendes, “diário as beiras”

 

Um dos venenos que alimenta a extrema-direita populista, bem como os setores que com ela contemporizam, é o desprezo pelo argumento. 

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No essencial, o argumento servia para compor ou contrapor opiniões, através de um exercício, de natureza lógica e racional, que procurava formar, em conjunto com o desenvolvimento acelerado da escolarização, a opinião de quem o lia ou escutava. 

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Os populismos contemporâneos estão a eliminar esse fator. Atuam sobre os desejos e os instintos dos cidadãos, não hesitando em servir-se de todos os meios para mentir e distorcer sem o menor pudor e sem qualquer esforço de racionalização das propostas cegas, embora sonoras, que adiantam.

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[O problema está] no elevado número de homens e mulheres que, na sua insciência ou inabilidade crítica, rejeita tudo o que seja uma explicação estruturada.

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[Aqui reside a explicação para] aqueles que, agora entre nós, cegamente acreditam e se revêm nas frases curtas e perentórias de uma extrema-direita que pretende sobretudo apagar os legados de Abril.

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Perante o público pouco exigente para o qual fala, esta não precisa explicar, detalhar, comprovar, mas apenas proclamar em alta voz, atuando sobre um bom número consciências ao apelar fundamentalmente aos seus medos, desejos e ressentimentos.

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Não faz sentido os setores que combatem o populismo fazerem o seu trabalho recorrendo a um discurso que não possa ser apreendido de forma instantânea, o que seria suicídio político.

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A propaganda, para ser eficaz, precisa ser clara, objetiva e, nos dias que vivemos, com tantas falhas do referencial teórico e histórico, terá sempre de recorrer ao impacto imediato da imagem e à fluidez das redes sociais.

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Mas de modo algum pode dispensar programas substantivos e momentos dedicados a uma argumentação que apele à razão, elevando o cidadão acima da lógica do menor denominador comum. 

Rui Bebiano, “diário as beiras”


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