quarta-feira, 6 de novembro de 2024

CITAÇÕES À QUARTA (128)

 
Maria Luís Albuquerque irrompeu na política portuguesa pela mão de Passos Coelho e foi a líder mais determinada dos mais troikistas que a troika.

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Maria Luís Albuquerque foi o rosto dos sacrifícios que muitos portugueses tiveram de suportar em nome de uma política falhada.

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Mas há outros, portugueses e não portugueses, a quem Maria Luís Albuquerque deixou memórias mais felizes.

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Há, no entanto, um elemento em comum em todas as funções que exerceu: o interesse público foi invariavelmente lesado e vários interesses privados foram invariavelmente protegidos.

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Enquanto diretora da Refer, custou milhões à empresa com os famosos contratos swap.

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Foi também no governo que presidiu à constituição de um monopólio privado nos aeroportos portugueses com consequências incalculáveis para o desenvolvimento do país e uma renda assegurada por meio século para a Vinci.

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Foi um dos membros do governo envolvidos no escândalo da TAP, comprada com o seu próprio dinheiro e vendida ao desbarato por um governo sem legitimidade para o fazer.

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Foi Maria Luís Albuquerque que aprovou o famoso (ou infame) “regime especial aplicável aos ativos por impostos diferidos”, uma das medidas mais vantajosas para a banca alguma vez aprovada em Portugal.

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Vendeu o BPN por 40 milhões, ficando o Estado a pagar o buraco.

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Mas foi quando Maria Luís Albuquerque era ministra que o Banif público vendeu ativos a preço de desconto à Arrow, um fundo-abutre que veio mais tarde a anunciar uma contratação de peso: a ex-ministra das Finanças.

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Esta absoluta falta de ética e vergonha não é defeito, é feitio.

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Agora, depois de trabalhar para a Morgan Stanley, vem para a comissão trabalhar em dossiers em que a Morgan Stanley é uma interessada de primeira linha.

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Maria Luís Albuquerque sabe que é protegida pelos grupos da direita, mas também da extrema-direita que também foi namorando.

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Maria Luís Albuquerque irá iniciar esse mandato com a convicção que é certamente sua de que o mundo pertence a quem não tem vergonha.

Catarina Martins e José Gusmão, “Público” (sem link)

 

vitória de Trump mostra como a extrema-direita se tem centrado, com êxito, no essencial: a conquista da hegemonia.

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Através do controle de vastos setores da sociedade civil (…) mas também de uma parte considerável dos media e das redes e plataformas online (…) a direita mais radical percebeu com grande eficácia a importância de colocar os seus “intelectuais orgânicos” nas esferas de persuasão.

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Uma mentira atua como verdade desde que se acredite nela e os republicanos, através da sua “guerra de posições”, reverberaram no storytelling hegemónico aquilo que as condições materiais de existência permitiram.

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A raiva e o ressentimento são o grau zero da política, mas oferecem-se como chão fértil para projetos de tomada de poder.

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Latinos e até mesmo alguns negros, especialmente homens, votaram em Trump por medo da desclassificação social.

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Sentindo-se vulneráveis, acreditam que os “maus imigrantes”, dos “países de merda”, lhes vão roubar o pouco que têm.

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As ideias que levaram Trump ao poder e que grassam, já não como um fantasma, mas como a face histriónica do poder, estão em todo mundo e têm todas as condições para durar.

João Teixeira Lopes, “Público” (sem link)

 

A COP16, cimeira da biodiversidade das Nações Unidas, que teve lugar em Cali, Colômbia, terminou a 2 de Novembro, sem avanços e cheia de impasses.

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A discussão sobre o financiamento [do fundo criado para conservação da biodiversidade] arrastou-se, mas os mecanismos e procedimentos de supervisão ficaram protelados.

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A principal resolução sobre o financiamento foi o lançamento da venda de créditos de biodiversidade, à semelhança dos de carbono.

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Diluem-se as responsabilidades por parte dos países signatários.

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Esta compra de créditos serve para melhorar a reputação das empresas e garantir a continuidade da sua dependência em recursos naturais.

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Em muitas zonas do globo os ecossistemas, terrestres e marinhos, mostram já vários limites críticos que, associados à alteração climática, podem ser ultrapassados e originar mudanças rápidas e persistentes.

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Restaurar a natureza, conservando e respeitando a biodiversidade são, pois, políticas fundamentais para um futuro ambientalmente saudável e economicamente viável.

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A sociedade actual é dependente do consumo de produtos que lhe possibilita a visualização imediata de realidades diferentes e distantes, à distância de um click.

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Ainda não se compreendeu que temos muito de estudar para poder respeitar e aprender com a natureza e não para a poder controlar.

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O valor da inacção é incalculável e não é sentido pela sociedade nem pelo poder público, porque ainda não se sentiu nem em casa nem no bolso.

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Há um contínuo adiar de soluções e olha-se apenas para o que dá lucro directo.

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Quando as alterações climáticas surgem e afectam as povoações, apenas se avalia a situação do momento e os problemas sociais e económicos que daí advêm.

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Após a COP da biodiversidade, vem a COP do clima que terá muito mais impacto mediático.

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Ainda não se compreendeu que a crise climática e a perda de biodiversidade são questões que se interpenetram e não faz sentido serem tratadas individualmente.

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A necessidade das energias renováveis e melhores baterias é muito mais fácil de implementar e de justificar do que a acção global para conservar áreas de reserva agrícola ou ecológica.

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Por outro lado, a alteração provocada pela exploração mineira é complexa, lenta e, por isso, pouco visível para uma sociedade urbana dependente do consumo eléctrico e electrónico.

Maria Amélia Martins-Loução, “Público” (sem link)


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