(…)
São indispensáveis compromissos coletivos que garantam a
atribuição de um valor justo ao salário, em resultado do trabalho prestado.
(…)
Existe, e continua a projetar-se para o futuro, uma relação
profunda entre o trabalho, o emprego e a proteção social.
(…)
Os direitos sociais e o Estado social esboroar-se-ão se o
trabalho e o emprego não forem valorizados.
(…)
Os rendimentos indiretos mais importantes para os
trabalhadores e suas famílias emanam da existência de direitos universais e
solidários na saúde, no ensino, na segurança social, na justiça e, também, na
habitação e nas mobilidades.
(…)
O trabalho, enquanto atividade dos seres humanos que se
reconhecem iguais entre si em direitos e deveres (princípio basilar para se
tratarem todas as diferenças) dignifica os indivíduos.
(…)
O neoliberalismo tenta convencer as pessoas de que ganham
estatuto social desvalorizando a sua condição de trabalhador.
Para comemorar os 1000 dias de guerra, Kiev
concretizou o primeiro ataque [com mísseis balísticos ATACAMS contra alvos na Rússia], e no dia seguinte, o
fiel Keir Starmer autorizou os mísseis britânicos de cruzeiro, Storm Shadow para outro golpe em território de Moscovo.
(…)
Esta decisão coloca os EUA e a Grã-Bretanha,
implicando por arrastamento a NATO, em estado efetivo de guerra com a Federação
Russa.
(…)
[Ela] atesta o grau de profunda degradação do
sistema político norte-americano, transformado num perigo para a segurança
global.
(…)
A decisão revela um total desrespeito pela
promessa de “transição serena” prometida a Trump, numa recente reunião na Casa
Branca.
(…)
[É manifesta a intenção de Trump] de resolver a
guerra da Ucrânia com o instrumento que a poderia ter evitado: seriedade
diplomática.
(…)
Não divido que Biden parece ter saboreado a
vingança de deixar a Trump um terreno ainda mais minado do que já estava.
(…)
Na relação com a Rússia, como superpotência
nuclear, acabou a doutrina da Destruição Mútua Assegurada (DMA).
O nome
de dois candidatos [presidenciais americanos], que são afinal meras sombras das
oligarquias que detêm todos os poderes na grande nação americana.
(…)
A democracia americana nunca foi uma democracia
económica. A democracia americana nunca foi uma democracia social.
(…)
A democracia americana deixou de o ser, guerra
após guerra, privatização em cima de privatização, quando, em nome do
liberalismo, abriu a arca de todos os demónios capitalistas/monopolistas e
imperialistas.
(…)
Quase 244 milhões de americanos poderiam votar,
segundo o Bipartisan Policy Center… numa população de 335 milhões.
(…)
Setenta milhões de votos recebeu a candidata
democrata, o
republicano venceu com 74 milhões.
(…)
Quase 100 milhões de americanos não votaram ou
não puderam votar.
(…)
A
quase 2 milhões de cidadãos o sistema eleitoral nega automaticamente qualquer
representação política, na Câmara dos Representantes e no Senado. O sistema
admite uma alternância formal, mas reservada ao bipólio.
(…)
Um sistema fossilizado, montado para perpetuar
um monopólio de duas cabeças, incapaz de se renovar em modo democrático.
(…)
Esse regime de monopólio de duas cabeças
decompôs-se numa amálgama onde só reluzem restos da democracia.
(…)
Antes
da pandemia, em fevereiro de 2020, havia um total de 159 milhões de pessoas
empregadas nos Estados Unidos. No final de abril desse ano, 26 milhões de
empregos tinham desaparecido
(…)
A
estratégia política das grandes empresas e do governo foi o incremento da
automação, da robotização e da Inteligência Artificial, que suprimiram milhões
de postos de trabalho e esmagaram o valor do trabalho fabril e especializado.
(…)
Call centers que empregavam milhares viram-se reduzidos a
algumas dezenas, substituídos pelos chatboots.
(…)
A aristocracia operária e a pequena burguesia,
que integravam a classe média, viram a sua condição social ser esmagada.
(…)
As empresas tecnológicas tombariam a seguir,
despedindo às dezenas de milhar.
(…)
Os
novos postos de trabalho já não vêm da grande indústria e dos novos serviços
tecnológicos, mas de micro e pequenas empresas.
(…)
Em
2023, o rendimento médio familiar, decaindo 4%, era de 80.000 USD. Mas… mais de
metade dos estudantes universitários terminavam o curso com dívidas, 1,7 mil
milhões USD. Um terço da população em idade escolar não estava matriculada.
Abaixo do limiar da pobreza viviam 36,8 milhões (11,1%). Os mais ricos possuíam
67% da riqueza, apenas 2,5% sobrava para mais pobres. Um por cento das famílias
ricas possuía 26% da riqueza.
(…)
As eleições americanas de 2024 foram as mais
caras da sua história, US$ 15,9 milhares de milhões.
(…)
Os investidores das indústrias de guerra e dos
combustíveis fósseis são agora os novos capitães da indústria.
(…)
Acima deles, pairam os "fundos
abutre" e os bancos gigantes.
(…)
Haverá ainda tempo e recursos para constituir
um novo partido, verdadeiramente democrático e republicano, que resgate a
democracia americana?
António dos Santos
Queirós, “Público” (sem link)
Entre
4 a 9 de Novembro estive em Oaxaca, no México, juntamente com 250 ativistas de
todos os continentes, no Encontro Global pelo Clima e
pela Vida ANTICOP 2024.
(…)
A OIDHO foi uma das organizações anfitriã
principal, tendo disponibilizado o seu espaço coletivo para a conferência.
(…)
No
plenário de abertura, por ocasião da celebração do Dia dos Mortos, honrou-se
todos e todas aquelas que já morreram mas que inspiram e guiam as nossas lutas.
(…)
Só na América Latina em 2023, 166 defensores
dos territórios foram assassinados.
(…)
Todos
somos diversos, mas sabemos que temos o mesmo inimigo: o sistema capitalista e
colonial que há muito que declarou guerra aos povos e à natureza.
(…)
Com os seus vários tentáculos, a máquina de
destruição do capitalismo devasta a vida dos povos em todo o mundo.
(…)
Em meu
redor estavam histórias de violência contra os povos mas, acima de tudo, de
força e coragem para fazer frente a um sistema que há séculos que tenta apagar
e exterminar, que rouba os recursos, que enquanto nos manda a todos para o
abismo climático, tudo usurpa aos 99% para dar aos 1%.
(…)
Dias
antes de a COP29 acontecer, centenas
de organizações opuseram-se ao processo criminoso da COP29, criando um espaço
global alternativo do movimento em defesa da vida e do clima.
(…)
É
impossível disfarçar mais: a COP, tal como os restantes processos institucionais
deste sistema, foram construídos para falhar e devemos abandonar toda a
esperança que temos neles.
(…)
Só
nós, os povos do mundo unidos em solidariedade internacional, podemos realmente
travar a destruição e criar um novo mundo alicerçado na justiça climática e
social.
Matilde Alvim, “Público” (sem link)
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