sexta-feira, 29 de novembro de 2024

CITAÇÕES

 
Na sua imensa vaidade, o então vice-almirante [Gouveia e Melo] transformou uma operação logística [relacionada com a vacinação contra a covid] numa impressionante operação de autopromoção. 

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Passada a pandemia, Presidente e primeiro-ministro perceberam que a farda estava outra vez na moda e tentaram garantir a passividade de Gouveia e Melo com um lugar de chefe do Estado-Maior da Armada que não lhe estava destinado. 

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42 anos depois da extinção do Conselho da Revolução e do regresso dos militares aos quartéis, um homem fardado foi diariamente indagado sobre o seu futuro presidencial.

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Tirando umas vacuidades consensuais, não lhe conhecemos qualquer posição política. 

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Só a decadência da democracia pode explicar que um militar ainda no ativo e sem qualquer currículo político ou cívico seja o mais sério candidato à vitória.

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O líder do PS já se arrependeu, mas o homem das abstenções violentas [António José Seguro] quando os executores da troika nem precisavam delas foi rápido a sentir o chamamento.

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A alternativa a um militar que não sabemos o que pensa é um político que sabemos que nada pensa. Ao vazio responde-se com o vazio.

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As televisões ainda acreditam que fazem reis. 2025 não é 2016.

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Escolha [a direita] quem escolher, a farda, mesmo no corpo de um moderado, falará mais alto. 

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É à esquerda que a reflexão é indispensável.

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Alguma coisa grave está a acontecer à democracia para Santana Lopes ter mais currículo do que qualquer outro dos putativos candidatos. 

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O melhor que a política tem para oferecer contra uma farda sem um político lá dentro são políticos que se destacam como comentadores, tecnocratas ou sacos de vento.

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A crise de quadros nos partidos e governos chegou à Presidência. 

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Estamos a rapar o fundo de um tacho vazio, porque a política deixou de cozinhar gente capaz.

Daniel Oliveira, “Expresso” (sem link)

 

Não há eleição mais sumarenta e “trendy” que aquela que evoque um culto de personalidade. 

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A dificuldade dos partidos é evidente em encontrar alguém que os portugueses entendam ser recto e cuidador.

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Um candidato de Esquerda só poderá vencer perante uma Direita profundamente dividida, colhendo ao centro. 

Miguel Guedes, JN

 

A “questão” da Palestina e da solidariedade com o povo palestiniano é um significante vazio que as Nações Unidas têm vindo a eternizar desde 1977.

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Esta ocupação [de território palestiniano há cerca de 70 anos] teve como consequência a transformação violenta do território e a expulsão de mais de metade da população palestiniana.

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[Desde essa data], centenas de povoações, cidades inteiras ou pequenas aldeias, foram apagadas do mapa ou reduzidas a ruínas abandonadas à espera de que o tempo as engula.

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O que é importante reter é que a deslocação forçada da população palestiniana decorre de uma estratégia política de limpeza étnica praticada pelo Estado de Israel.

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Considero ser cada vez mais legítimo falarmos de um quadro de genocídio que vem sendo legitimado pela comunidade internacional a troco de interesses económicos na região.

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É esta fluidez cronológica de violações de direitos fundamentais que me leva a poder dizer que o que aqui chamo de significante vazio se torna fácil de perceber e difícil de aceitar.

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Dez anos após a total ocupação da Palestina, a Assembleia Geral das Nações Unidas instituiu, através da Resolução 32/40B, o dia 29 de novembro como o Dia Internacional de Solidariedade para com o Povo Palestiniano.

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Mas a outra face da encenação do discurso "onusiano" é o reconhecimento tácito da sua própria incapacidade para fazer cumprir as resoluções que aprovou.

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Urge alterar a correlação de forças entre Israel e a Palestina. Porventura, começar pelo reconhecimento do direito à existência de dois Estados pode ser o primeiro passo.

Carlos Morgado Braz, “Público” (sem link)

 

A mais de um ano das próximas eleições presidenciais, já há muitos meses que vários nomes de potenciais candidatos circulam.

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Desde a Primeira República que todos os presidentes se assemelham: são todos homens, média de idade de sessenta anos em início de mandato e de sessenta e sete no final.

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Parecem enquadrar-se na categoria amplamente dominante, em cargos de poder, da heterocisnormatividade branca, de classe média, alta ou burguesa, sem que qualquer um deles, salvo erro, tenha origem operária.

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Mérito? Quem se arrisca a dizer que mulheres, pessoas racializadas ou queer não têm mérito? As mulheres representam metade da população.

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Como é possível que, até hoje, nenhuma tenha tido o mérito de nos representar na Presidência da República?

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Bastaria que duas mulheres tivessem sido eleitas consecutivamente para surgirem vozes a defender que “desta vez era bom ser um homem”.
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Se os perfis que têm ocupado a Presidência são de facto hegemónicos, isso não significa que representam, nem podem representar, a universalidade de todas as experiências e identidades.

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Para repensarmos o modelo actual da Presidência da República, proponho que se reflita, no mínimo, sobre a possibilidade de uma rotatividade de género.

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Representar não implica dominar nem ocupar uma posição de superioridade, ou de inferioridade.

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Continuamos a perpetuar uma visão patriarcal e aristocrática do poder, em que o Presidente da República encarna uma figura paternalista.

Luísa Semedo, “Público” (sem link)


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