(…)
Esta foi, antes de tudo, uma derrota dos
democratas.
(…)
Trump até perdeu 1,6 milhões de votos. Só que
Kamala perdeu mais de 13 milhões.
(…)
Dois terços [dos norte-americanos} dizem que a
economia está mal e, destes, 70% votaram em Trump.
(…)
[Kamala] perdeu voto negro e, acima de tudo,
perdeu voto hispânico.
(…)
Quase todos os governos democráticos foram
castigados pela crise inflacionista.
(…)
Não sendo os números da economia maus,
procuramos a razão do voto em erros de perceção dos eleitores.
(…)
Como se viu pelo comportamento eleitoral,
quando a condição social supera a identitária, trabalhadores hispânicos e
negros votam como os trabalhadores brancos.
(…)
Esta é a derrota histórica que deu à
extrema-direita a hegemonia na classe trabalhadora num dos países mais
desiguais do mundo desenvolvido.
(…)
Nestas circunstâncias, Kamala até fez milagres.
(…)
O pecado original foi a recandidatura de Biden.
Kamala só foi apanhar os cacos.
(…)
Ainda assim, como é que Trump, depois do [golpe
do] 6 de janeiro, consegue ser um dos dois republicanos que, desde 1988, vence
no voto popular?
(…)
Porque o sistema normalizou uma tentativa de
golpe contra a democracia.
(…)
O Supremo tornou-o inimputável, mudando a
natureza do regime.
(…)
[Trump] rodeou-se de gente ainda mais fanática
e perigosa do que ele.
(…)
Começa, em janeiro, uma nova ordem de bilionários
tecnológicos que se sentarão na cadeira do poder político para moldar o mundo
aos seus sonhos distópicos.
(…)
Talvez as [respostas] certas sejam as que
esquecemos.
Daniel Oliveira, “Expresso”
(sem link)
Ontem
foi um dia difícil. Enquanto lutava para erguer a cabeça e respirar fundo, o
resultado das eleições norte-americanas pesava profundamente sobre aqueles de
nós comprometidos com a sustentabilidade e a ação
climática.
(…)
[Estamos
perante] a vitória de um líder a quem pouco ou nada importa se um modelo de
crescimento económico é sustentável, ambiental e socialmente.
(…)
É um retrocesso. Um passo atrás em direção a um
modelo que já sabemos que não funciona a longo prazo.
(…)
Um
modelo que ignora a interconexão entre todas as coisas e espécies, que nos
coloca num patamar superior ao resto do planeta, apesar dos inúmeros avisos que
a natureza nos deixa.
(…)
Certamente existe um limite para o retrocesso
que alguém pode provocar, mesmo sentando-se no mais alto dos cargos políticos.
(…)
A
economia das energias limpas está firmemente do nosso lado. O argumento para
proteger a natureza fortalece-se a cada dia.
(…)
Trata-se de cuidar do planeta de forma que ele
nos possa continuar a sustentar.
(…)
Mas o
que realmente devolve a esperança, apenas um dia depois, é a dedicação
incondicional de todas as pessoas que trabalham para construir um mundo mais
seguro, mais limpo e mais inclusivo.
(…)
Quando o sistema falha, os cidadãos lideram.
(…)
O nosso trabalho é agora mais crucial do que nunca.
Nuno Brito Jorge, “Público” (sem link)
Perguntar-se-á se Donald Trump e o que resta de um Partido Republicano em frangalhos representam o que quer que seja das classes trabalhadoras.
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Kamala Harris foi uma boa candidata quando surgiu como um ser humano vs. ciborgue, depois da saída de cena de Joe Biden.
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A marcação cerrada que Trump deveria ter merecido em tempo certo foi desperdiçada por um não candidato e por uma substituição forçada.
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O primeiro criminoso condenado a tornar-se presidente dos Estados Unidos conseguiu vencer a eleição, por duas vezes, a duas mulheres.
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Poderá dizer-se que a América rural e o homem branco não estão preparados para aceitar uma mulher (muito menos negra) no topo da pirâmide.
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É penoso ver como a maioria das mulheres brancas votou em Trump.
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Como Bernie Sanders referiu, o abandono da classe trabalhadora patente no voto democrata não deve constituir grande surpresa para um Partido Democrata que os abandonou.
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Os Estados Unidos são hoje um país com um partido único e já não é vermelho ou azul, personificou-se numa figura hegemónica e ditatorial.
O professor de Yale [ Jason Stanley] explica que desde o tempo de Platão que os filósofos sabem como os demagogos e os candidatos a tiranos ganham processos eleitorais apelando às emoções e, em alturas de “grandes disparidades económicas e sociais”, mostram que sabem como aproveitar “os ressentimentos das pessoas” para seu ganho.
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A América de hoje tornou-se terreno fértil das desigualdades mais abjectas: o mais rico e o mais avançado do planeta convivem com indicadores indignos de um país desenvolvido.
António Rodrigues, “Público” (sem link)
A próxima Administração Trump será, ao que tudo indica, “isolacionista” e hostil em relação à China. Como aliás já aconteceu na primeira vez que Trump passou pela Casa Branca
(…)
A grande diferença é que a economia chinesa está hoje bem pior do que estava há seis anos
(…)
O que Pequim menos quer neste momento é uma luta comercial com Washington.
António Rodrigues, “Público” (sem link)
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