(…)
One Health, uma só saúde, tal como um só mundo,
aquele em que vivemos, refletem integralmente uma mudança de paradigma na
maneira como pensamos o mundo e a nossa presença nele.
(…)
A equação é simples: sem uma boa saúde do
ambiente não haverá uma boa saúde humana.
(…)
O projeto One Health, do Instituto de Ciências
Biomédicas Abel Salazar da Universidade do Porto, aborda de uma forma integrada
problemas de saúde humana, animal e ambiental e apresenta alguns dos principais
riscos com que nos defrontamos hoje.
(…)
Capítulo a capítulo, vamos acompanhando as
doenças e as ameaças que no presente, e não no futuro distante, já são
preocupantes .
(…)
O uso crescente de pesticidas tem uma
correspondência já indiscutível com o aumento do número de casos de doenças
cancerígenas, como é o caso dos linfomas.
(…)
Por alguma razão vários países europeus têm
limitado o uso e até mesmo proibido vários fitofármacos e outros agroquímicos.
(…)
Acresce a isto que o problema não se coloca
apenas em termos de saúde humana, mas também em termos de saúde dos animais e
das próprias plantas.
(…)
Depois, o caso dos antibióticos, aos quais a
resistência humana constitui já hoje um dos mais importantes riscos de saúde
pública.
(…)
Estamos entre os cinco países da UE que mais
utilizam antibióticos na produção animal.
(…)
Refira-se também todos os desequilíbrios
nutricionais de alimentos que são cada vez menos nutritivos devido às condições
em que são produzidos.
(…)
Assinala o livro [resultante do projeto One
Health] que um quarto das mortes em todo o mundo se devem a causas ambientais e
à interferência irresponsável no ambiente e na natureza.
(…)
Torna-se por isso premente estimular uma
literacia pública em saúde e ambiente.
(…)
O que está em causa é a saúde, a saúde de todos,
a saúde de tudo.
Luísa Schmidt, “Expresso” (sem link)
O capitalismo age à rédea solta, como máquina afinadíssima de
concentração de riqueza, de exploração de quem trabalha (e as “classes médias”
cilindradas), de reprodução contínua de pobreza e miséria, mesmo em
países onde se produz, ou onde circula, imensa riqueza.
(…)
O capitalismo ultraliberal promove o ultraconservadorismo e o
fascismo, nos EUA, na Europa e noutras latitudes. Já não os dispensa. E precisa
da guerra.
(…)
Observando a governação de muitos países, constatamos que a
decência na política está abaixo de zero.
(…)
Endeusa-se o lucro e sacrificam-se as pessoas para haver
crescimento económico que não se reparte.
(…)
Essa satisfação [das necessidades básicas das pessoas] não
está a ser garantida e é fomentada a suspeição e o ódio entre a imensidão dos
que ou não chegam a ter plena cidadania, ou vão sendo deserdados.
(…)
Falta emprego digno e existe muita precariedade.
(…)
Há salários de miséria e é impossível aceder a habitação
condigna.
(…)
Falta é coragem para assumir as causas dos problemas sem
floreados.
(…)
De repente, dirigentes políticos europeus que urdiram as
dependências da União Europeia face aos EUA afirmam a necessidade de autonomia
do “projeto europeu”.
A diabolização de Trump, disfarça o consenso
fundamental da sociedade e sistema político dos EUA.
(…)
A vitória do “deus Dólar”, hoje, reina sem
limites, nem máscaras.
(…)
A sociedade que construiu a primeira
Constituição liberal moderna, baseada num saudável princípio de desconfiança
antropológica, criando para isso um sistema de pesos e contrapesos, mergulhou,
em 40 anos, na total promiscuidade entre as esferas pública e privada.
(…)
Os EUA são hoje uma democracia transmutada em
plutocracia: o niilismo ético de uma “sociedade de mercado”, onde tudo se
compra e vende, incluindo os presidentes.
(…)
O abraço de ferro de Biden à Europa, impondo
uma guerra que poderia ter sido evitada, vai ser ainda mais apertado com Trump.
(…)
O colapso do Governo alemão é uma coincidência
profética da tribulação que parece aguardar a EU.
Tudo é mau nos resultados eleitorais dos EUA.
(…)
Já não
é a primeira vez na história que demagogos, populistas, protoditadores ganham
eleições e, sem excepção, os efeitos são sempre maus.
(…)
São
maus, em primeiro lugar, para a democracia, depois, dependendo do país, são
maus para outros países ou para o mundo.
(…)
Como
quem me lê sabe, não foram uma surpresa estes resultados e a preocupação com a
possibilidade e depois com a sua concretização.
(…)
A esquerda que anda há mais de uma década
convencida das suas “causas fracturantes” (…) acantonou-se nas elites e
perdeu as suas bases sociais, a começar pelos sindicatos.
(…)
Se lessem Marx, perceberiam que trocar “bases
sociais” por “bases intelectuais” é derrota certa.
(…)
Não
tenham ilusões: há muita gente em Portugal, no processo de radicalização à
direita dos últimos anos, que está feliz com a vitória de Trump, e não é só o
Chega.
(…)
Para quem sabe o que é a fragilidade da
democracia, há um combate político imediato a travar.
(…)
Por
tudo isto, deve denunciar-se a minimização em curso do que se passou, e as suas
várias formas – uma delas é só falar dos malefícios e asneiras
dos democratas em tom de fúria, muito trumpista, aliás, para evitar falar
dos desmandos de Trump.
(…)
Esquecem-se
de que Trump é um criminoso que se vai perdoar a si próprio e aos assaltantes
condenados do 6 de Janeiro.
(…)
Não há hoje
para um homem como Trump quaisquer “checks and balances”, com uma
interpretação absoluta do poder presidencial, tendo na mão o Supremo Tribunal,
o Senado
e talvez a Câmara dos Representantes.
José Pacheco Pereira, “Público” (sem link)
Sem comentários:
Enviar um comentário