Caro Henrique Raposo, li o
seu artigo com a atenção que se dá a um bom romance de
ficção política: há drama, vilões e conspirações internacionais.
(…)
O Bloco
de Esquerda defende a paz, os direitos humanos e a autodeterminação de todos os
povos.
(…)
Pessoalmente,
nem acompanhava as posições de Kirk.
(…)
Atribuir-me
(ou a uma tal de “esquerda woke”) a organização de um baile de máscaras para
celebrar mortes é simplesmente ridículo.
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A Al
Jazeera é um órgão de comunicação social. Leio-a como qualquer outro: com
espírito crítico e sem cartão de sócia.
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Esqueceu-se
de mencionar que os repórteres da estação foram banidos por Israel.
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A minha
diferença com Ventura não está apenas no projeto político, mas também nos
“amigos internacionais” que cada um escolhe.
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Eu faço
alianças com quem defende direitos humanos, igualdade e liberdade.
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E se essa
extrema-direita, ou mesmo o Henrique, é indiferente à morte de 28 crianças por
dia, eu não sou.
(…)
As pontes
que quero construir neste momento são para alimentar um povo que morre de fome.
(…)
Henrique,
a política precisa de debate sério, não de intrigas de série B. Se quiser
discutir ideias, cá estarei.
Mariana Mortágua, “Expresso”
Uma morte
é uma morte, e a violência política é sempre um ataque à democracia, mesmo
quando a vítima é inimiga da democracia.
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[Kirk] defendia
a teoria da “grande substituição”, que os negros viviam melhor quando eram
escravos, que as execuções deveriam ser televisionadas, patrocinadas e vistas
por menores, que a pena de morte devia ser aplicada a alguns opositores de
Trump e que as mortes de crianças em tiroteios escolares eram um custo
aceitável de “direitos dados por Deus”.
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O
autoplay das redes disparou mais rápido do que a bala.
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Controlar a emoção é
controlar a reação.
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76% das
vítimas de atentados cometidos por extremistas, na última década, nos EUA,
foram mortas por grupos ou indivíduos ligados à extrema-direita.
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Anunciou
que vai classificar Antifa e outros grupos de esquerda como terroristas.
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Como já
tem acontecido em relação à imprensa, a instituições públicas, à justiça e às
universidades, isto quer dizer censura, repressão e limpeza cultural.
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Em poucos
dias, várias pessoas foram despedidas por terem feito publicações desagradáveis
sobre Kirk, tendo sido criado um site para expor quem critique o novo mártir.
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Em cinco
dias, o congressista do Wisconsin Derrick Van Orden escreveu 550 tweets sobre
uma “segunda Guerra Civil” e apelando à violência contra democratas e
jornalistas.
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Musk
passou uma semana a promover a manifestação da extrema-direita que espalhou o
caos pelas ruas de Londres.
(…)
[O
assassínio de Kirk] é, para a extrema-direita, Trump e Musk, uma oportunidade.
(…)
E é
porque a História rima que acabaremos por ter o incêndio do Reichstag,
provocado pelos próprios ou por crimes de outros.
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O guião
da extrema-direita, pelo menos desde a ascensão ao poder de Mussolini ou
Hitler, foi sempre o mesmo: semear a violência e a desordem para, quando as
sociedades se entregam a esta bebedeira, imporem a sua ordem autoritária.
Daniel Oliveira, “Expresso” (sem link)
Em muitos
países europeus e do Ocidente, a possibilidade de o voto ser a arma de
aniquilamento da própria democracia é dramática, mas é real.
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Cresce
aceleradamente o número dos deserdados pelas políticas neoliberais executadas
em nome da democracia, designadamente na Europa.
(…)
Há,
assim, muito voto de protesto que pode convergir com o dos inimigos da
democracia.
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As
governações europeias renderam-se aos encantos e benefícios imediatos do
ultraliberalismo económico, num quadro em que este impõe a espiral de sucção de
recursos mais forte da história.
(…)
O terreno
da política está cheio de vírus que matam a democracia. Como responder a esta
situação?
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Quando os
governos e outras instituições do poder não respondem aos justos anseios dos
povos, há que afirmar o poder da rua, gerando-lhes incómodos.
(…)
São
importantes as manifestações contra as alterações às leis laborais avançadas
pelo Governo.
(…)
É
necessário um combate na defesa de todos os fatores de coesão de que a
sociedade dispõe.
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Vamos ter
a "comemoração revanchista" do 25 de novembro. Como disse o
presidente da Associação 25 de Abril, "Eles não querem o 25 de Abril. Eles
odeiam o 25 de Abril".
(…)
A
pretensa entrega de competências ao poder local, sem correspondentes meios, é
uma das causas geradoras de expectativas que não podem concretizar-se.
Carvalho da Silva, JN
Ser
racista e anti-imigrantes parece ter virado moda — uma moda perigosa.
(…)
[Mais de 100
mil pessoas responderam em Londres a] um chamado de Tommy Robinson, fundador da English Defence League e conhecido
racista britânico com várias condenações criminais.
(…)
A maioria eram gente da classe média
baixa, gente pobre, gente cuja vida se enche apenas de problemas e que se
deixou seduzir por um discurso de ódio sem fundamento contra os imigrantes.
(…)
Pobres
contra pobres, atraídos pela convocatória de um criminoso racista, confundidos
pelos verdadeiros culpados dos seus problemas.
António Rodrigues, “Público” (sem link)
Se não os querem no seu país, as pessoas
que marcham contra os imigrantes deveriam ficar impedidas de se apropriarem da
sua comida e da sua cultura.
(…)
[A cultura e a comida dos americanos] nada tem da pureza que os racistas
brancos introduziram como solução simples para uma equação complexa.
(…)
Na marcha
anti-imigrante do Reino Unido, outro dos países cuja cozinha é uma apropriação
cultural (…) [também se vê] os participantes numa manifestação racista
passando pelas barracas de comida indiana, cingalesa, afegã, caribenha para
alimentar a barriga.
António Rodrigues, “Público”
(sem link)